sexta-feira, 15 de março de 2019

Justiça

Ao fazer sua explanação final pedindo a condenação dos réus pelo assassinato do menino Bernardo Boldrini, o promotor bradou diante dos jurados: "Justiça, justiça, justiça". A justiça foi feita. O pai de Bernardo, Leandro Boldrini, e a madrasta do menino, Graciele Ugolini, receberam penas superiores a 30 anos de prisão. A cúmplice de Graciele, Edelvânia Gurganovicz, pegou uma pena superior a 20 anos de prisão, e o irmão dela, Evandro, foi condenado a 9 anos de reclusão. Um crime tão hediondo e revoltante não poderia resultar em absolvições, nem mesmo em penas brandas. A morte de Bernardo, de apenas 11 anos, foi o resultado de uma ação fria e premeditada por parte daqueles que deveriam lhe amar e proteger. A reparação de um crime de morte é sempre insuficiente. Afinal, não há como restituir a vida de quem foi assassinado. Porém, é indispensável que se apliquem penas severas para os praticantes do crime. O melhor que se pode fazer para honrar a memória das vítimas de assassinatos tão covardes é aplicar sentenças duríssimas para seus autores. Os jurados do Caso Bernardo souberam entender isso.

Monstruosidades

O julgamento dos acusados pelo assassinato do menino Bernardo Boldrini, ocorrido em 2014, em Três Passos (RS), e a chacina acontecida anteontem numa escola em Suzano (SP), estão entre os assuntos mais comentados da semana, em todo o país. Embora de motivações e circunstâncias diferentes, ambos os crimes trazem a marca de monstruosidades, de desprezo pela vida humana. Bernardo foi assassinado covardemente por quem deveria lhe amar e proteger, já que o seu pai foi o mentor do crime, e sua madrasta uma das executantes, junto com uma amiga. A chacina de Suzano se assemelha com vários episódios que ocorrem frequentemente nos Estados Unidos. Fatos como esse, até então raros no país, tendem a se multiplicar, já que o presidente Jair Bolsonaro estimula o uso de armas pela população. A insegurança, que já é grande entre os brasileiros, tende a se ampliar, pois com a liberação do uso de armas, a violência, em vez de ser contida, vai se banalizar. Resta esperar que no Caso Bernardo a justiça seja feita, com a condenação dos réus a pena mais longa que for possível.  Em relação à chacina, cabe desejar que a apologia ao uso de armas não se dissemine por toda a sociedade, evitando que episódios como esse se tornem corriqueiros. A lembrança do hediondo assassinato de um menino indefeso, e a brutal execução de pessoas inocentes por dois desequilibrados, fizeram dessa semana, uma das mais tristes na vida dos brasileiros. Num país tomado pelo ódio, como acontece atualmente, com o incentivo dos governantes, esses fatos aterrorizantes tendem a se tornar mais frequentes, e a vida humana, a cada dia, mais desvalorizada.