segunda-feira, 14 de setembro de 2015

No caminho do Oscar

O Brasil tem uma produção cinematográfica quantitativamente expressiva, mas poucos são os filmes que conseguem alcançar relevância internacional. O filme "Que horas ela volta"?, atualmente em cartaz, atingiu essa condição, e já foi escolhido para ser o concorrente brasileiro a uma possível indicação para a categoria de melhor filme estrangeiro na próxima edição do Oscar. A acolhida da crítica, em vários veículos de comunicação do exterior, tem sido muito positiva para "Que horas ela volta", que foi muito bem recebido nos festivais de cinema dos quais participou. A atuação de Regina Casé como Val, a protagonista do filme tem sido muito elogiada. A boa repercussão do filme é merecida, pois é uma obra de roteiro simples e objetivo, que enfoca situações típicas das relações entre patrões e empregados no Brasil, em nível doméstico. O apartheid social brasileiro, a separação entre "casa grande" e "senzala", persiste em pleno século 21 e o filme demonstra isso muito bem ao mostrar a história de Val, uma empregada doméstica de origem nordestina que mora no emprego, numa mansão no refinado bairro do Morumbi, em São Paulo. Val dedica-se intensamente à família dos patrões, mas ocupa, na residência, um quartinho minúsculo e abafado, com a janela voltada para uma parede. A chegada de sua filha, que não via há dez anos, com o propósito de fazer vestibular, leva Val a repensar a sua vida. Uma história comum a muitos nordestinos que migraram para São Paulo em busca de uma vida melhor, e que permanece atual, num país no qual a segregação social resiste ao tempo. Um filme que merece ser visto, e que já está no caminho do Oscar. Tomara que consiga ficar entre os cinco filmes estrangeiros que concorrerão ao prêmio da categoria.