segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Mais um ano que se vai

Dentro de poucas horas, 2012 terá acabado. O ano transcorreu "voando", conforme a impressão de quase todos. Aliás, trata-se de uma sensação que aumenta a cada novo ano, ou seja, a de que o tempo está passando rápido demais. Dizer se um ano foi bom ou ruim é algo que implica em grande subjetividade. Tudo depende de quem responde ao questionamento, pois analisamos a vida pelo nosso viés particular. No plano geral, 2012 foi um ano de acontecimentos marcantes, como o julgamento do mensalão e a reeleição de Barack Obama. O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, apesar de toda a campanha difamatória de que foi e é alvo, elegeu mais um "poste", ao fazer de Fernando Haddad o novo prefeito de São Paulo. A esquerda prosseguiu dando as cartas na América do Sul, mesmo enfrentando o bombardeio incessante da imprensa de direita, e obteve a reeleição do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. No esporte, o ano foi ruim para Grêmio e Inter. O Grêmio nada ganhou. O Inter conquistou, apenas, o pouco expressivo Campeonato Gaúcho. O futebol brasileiro, contudo, manteve a hegemonia na Libertadores e recuperou o título mundial, graças às conquistas do Corinthians. Na Fórmula-1, Sebastian Vettel obteve o tricampeonato mundial consecutivo, feito raro que ocorreu, somente, pela terceira vez na história da categoria. Na área do entretenimento, o ano destacou-se pela vinda de grandes shows internacionais ao Brasil, como os de Madonna e Stevie Wonder. A economia brasileira apresentou baixo crescimento, mas a empregabilidade continua estável e a inflação se mantém sob controle. Agora, é esperar 2013, ano da Copa das Confederações e da contagem regressiva para a Copa do Mundo de 2014. Feliz 2013 para todos nós!

domingo, 30 de dezembro de 2012

Discurso pobre

Roberto Carlos é um dos maiores astros da música brasileira em todos os tempos. Em 51 anos de carreira, são muitas músicas de sucesso e milhões de cópias vendidas. Seu mais recente lançamento, um EP com quatro músicas, sendo apenas duas inéditas, já vendeu 1,5 milhão de cópias. Seu talento como cantor e compositor é inegável, ainda que, é claro, haja quem dele não goste. Também é sabido que Roberto Carlos não tem o lastro cultural de outras grandes figuras da música brasileira, como Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso e Gilberto Gil, por exemplo. Mesmo assim, é constrangedora a forma limitada como Roberto Carlos se expressa fora de suas composições. Ele praticamente não concede entrevistas e, quando o faz, nada diz de substancial, limitando-se a falar de sua obra sem maior profundidade, usando um vocabulário escasso e repetitivo. Hoje, ao receber o Troféu Mário Lago, concedido pela Rede Globo, Roberto Carlos extrapolou nesse aspecto. Numa entrega de prêmio ou troféu, é esperado que o agraciado realize um pronunciamento, declarando a sua satisfação em tê-lo recebido e fazendo agradecimentos. Roberto Carlos se limitou a repetir a expressão que usa há anos em seus shows: "Muito obrigado por todo esse carinho, por todo esse amor". Nem mesmo quando depoimentos gravados exaltando-o foram mostrados ele foi capaz de falar qualquer coisa. O que explicaria esse tipo de comportamento? Medo de dizer algo fora de lugar? Falta de confiança na própria capacidade de expressão? Ora, até para isso haveria solução, pois bastaria contratar alguém para treinar sua fala. Em outras ocasiões o mutismo de Roberto Carlos é, até, aceitável, mas, hoje, foi imperdoável. Ao receber um troféu e praticamente nada falar a respeito, Roberto Carlos deixou a impressão, um tanto contraditória, de ser um compositor inspirado, mas um homem que não sabe o que dizer.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Conselhos e lições de vida

As pessoas que frequentam as redes sociais se deparam com uma enorme quantidade de postagens com conselhos de toda a ordem, lições de vida dos mais diferentes tipos, e mensagens de auto-ajuda de conteúdo raso. Isso ocorre todos os dias, durante o ano inteiro. Nos finais de ano essa tendência se acentua ainda mais, e o pior é que não fica restrita às redes sociais, se espalhando pela imprensa. O término de um ano e a proximidade do começo de outro levam a uma profusão de matérias e colunas dando dicas sobre os erros a não serem repetidos e aos objetivos que devemos perseguir no novo período que está por se iniciar. Chama a atenção a convicção com que tais fórmulas do sucesso e da felicidade são distribuídas aos leitores. Há um ditado que expressa, com certa dose de cinismo, que "se conselho fosse bom, não era dado, seria vendido". Em princípio, todos nós sabemos os caminhos mais adequados para atingirmos nossos propósitos. Se não os seguimos, ou deles nos desviamos, não há de ser por falta de caráter. O homem, já dizia Ortega y Gasset, é ele e suas circunstâncias. Entre os planos que fazemos, os caminhos que traçamos para torná-los realidade, e a sua concretização, há, muitas vezes, um abismo. A vida seria muito fácil se pudesse ser resumida às recomendações de uma cartilha. Viver é algo imprevisível, sempre, perigoso, por vezes, injusto, em muitas ocasiões. Não fracassamos porque queremos ou porque nos sabotamos. Essa última hipótese até acontece, mas generaliza-la é ceder à psicologia de almanaque. Ao contrário do que diz uma frase que foi muito repetida em determinada época, querer não é poder. Portanto, não afunde no desânimo ao se sentir distante das situações descritas nos conselhos de bem viver. Isso apenas prova que você é um ser humano, com todas os seus limites e imperfeições. As tais dicas para uma vida feliz, por sua vez, são tão descartáveis quanto um lenço de papel.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Muita bilheteria e pouca profundidade

Fazer cinema no Brasil nunca foi fácil. A falta de recursos, financeiros e técnicos, e a concorrência desleal dos filmes hollywoodianos, entre vários outros fatores, fizeram do cinema brasileiro, ao longo do tempo, um produto da obstinação e idealismo dos seus realizadores. Ainda assim, os filmes brasileiros alcançaram, em vários momentos, êxito comercial. As chanchadas dos anos 50, com seu humor ingênuo, atraíam multidões aos cinemas e tornaram famosos atores como Oscarito e Grande Otelo, entre outros. Nos anos 70, as chamadas "pornochanchadas", com um erotismo que, hoje, soaria pueril, alcançaram grande sucesso. Porém, nem só de humor e erotismo viveu o cinema brasileiro. O filme "Dona Flor e Seus Dois Maridos", de 1976, adaptado da grande obra de Jorge Amado, levou 12 milhões de espectadores aos cinemas, sendo recordista brasileiro de bilheteria por muitos anos. Porém, o governo de Fernando Collor de Mello (1990-1992) ao extinguir a Embrafilme, praticamente acabou com o o cinema no país. Até então, havia uma produção numérica de filmes bastante expressiva no Brasil, que, com o fim da Embrafilme, quase cessou por completo. Transcorreram muitos anos até que o cinema brasileiro se reerguesse. Hoje, a produção cinematográfica brasileira já é, novamente, expressiva em termos quantitativos. O mesmo, contudo, não se pode dizer da qualidade dos filmes. Nas últimas edições do Oscar, o maior prêmio do cinema mundial, as produções brasileiras não tem conseguido ultrapassar a seleção prévia para concorrer na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Isso tornou a acontecer, agora, com "O Palhaço". Mesmo com todos os elogios da crítica brasileira, o filme, dirigido por Selton Mello, ficou fora do Oscar. Nos últimos anos, o cinema brasileiro tem gerado grandes sucessos de bilheteria, mas com uma mesma fórmula, a da comédia do tipo "besteirol", de um humor fácil e raso e com  a presença, no elenco, de nomes conhecidos da televisão. Filmes como "Se Eu Fosse Você" (1 e 2), "E Aí, Comeu?" "Os Penetras", "De Pernas Pro Ar" (1 e 2), levam grande público aos cinemas seguindo esse receituário, mas constituem um modelo calcado na superficialidade, no apelo imediato, com pouca profundidade. Dessa forma, o cinema brasileiro tem estado longe do prestígio de outros tempos. Tais filmes repercutem no mercado interno, mas seu conteúdo não os torna atraentes fora do território brasileiro. Para obter o reconhecimento do mercado externo, é preciso produzir filmes como "O Pagador de Promessas", "Central do Brasil", "Cidade de Deus", "Tropa de Elite" (1 e 2). Criar uma indústria cinematográfica rentável no país é algo altamente positivo, mas é preciso, também, investir em produções de maior conteúdo.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

A demora nas contratações

Os torcedores de Grêmio e Inter não estão tendo motivos para sorrir nesse período de férias do futebol. Nessa época do ano, sem a realização de competições, os clubes dedicam-se a reforçar seus grupos de jogadores. Os torcedores ficam ávidos por novidades, grandes nomes que possam qualificar seus times. Grêmio e Inter, por motivos diferentes, necessitam de um acréscimo significativo de qualidade. O Grêmio por ter uma Libertadores para disputar, caso passe pela fase preliminar da competição. O Inter, por ter ficado num modestíssimo 10° lugar no Campeonato Brasileiro. No entanto, a movimentação dos dois clubes, até agora, em termos de contratações, é decepcionante. O Grêmio trouxe apenas três jogadores. São eles o veteraníssimo goleiro Dida, da Portuguesa, uma contratação absolutamente equivocada e desnecessária, o lateral-esquerdo Alex Telles, do Juventude, que não passa de uma promessa, e o centroavante William José, do São Paulo, outro jogador em busca de uma afirmação definitiva e cujo futebol, particularmente, não me agrada. Para piorar, sem que se possa entender o porquê, dispensou o melhor lateral-esquerdo de que dispunha no grupo, Júlio César. O zagueiro Naldo, de muito boas atuações nos últimos jogos de 2012, foi para a Udinese , pois o Grêmio não exerceu a cláusula de preferência que detinha para a aquisição do jogador. O clube negocia, há cerca de um mês, a vinda do atacante chileno Vargas, do Nápoli, mas outros interessados apareceram, o que complicou a transação. Os reforços, antes prometidos para o final de ano, só deverão ser anunciados em 2013, o que é muito ruim para quem, no dia 23 de janeiro, já terá um jogo altamente decisivo contra a LDU , em Quito, pela Pré-Libertadores. O Inter, escudado no fato de que, ao contrário do Grêmio, só enfrentará competições de maior exigência a partir do mês de maio, não fez, ainda, nenhuma contratação. Nem mesmo para a lateral direita, posição para a qual não há hoje, no grupo, nenhum jogador, foi feita qualquer contratação. Em se tratando de um clube que fez campanhas muito pálidas em 2012, conquistando, assim mesmo sem nenhum brilho, apenas o Campeonato Gáucho, tal inação torna-se incompreensível. Por enquanto, para os torcedores de Grêmio e Inter, as perspectivas para 2013 não parecem nem um pouco promissoras..

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Ineficiência

No último sábado, nesse espaço, manifestei minha posição contrária ao chamado "endurecimento" da Lei Seca, por entender que ele visa muito mais aumentar a arrecadação de multas do que salvar vidas no trânsito. Bastaram poucos dias para que isso se comprovasse. No feriadão de Natal, já com as mudanças da referida lei em vigor, as mortes no trânsito aumentaram em todo o país. Isso confirma o que tenho sustentado, isto é, de que as leis não são capazes de modificar o comportamento humano. Ninguém deixa de agir dessa ou daquela forma por causa da edição de leis mais rigorosas. Comportamentos só se alteram através da educação, e isso leva muito tempo. Como não temos paciência para esperar os frutos de ações de longo prazo, apelamos para o imediatismo de leis mais duras. Sem resultados práticos, como já se viu no feriadão de Natal. A ideia de que multas mais altas diminuiriam os casos de embriaguez ao volante é um equívoco. Seria como acreditar que as pessoas deixariam de fumar caso os cigarros tivessem seu preço sensivelmente aumentado. A queda do consumo de cigarros, verificada nos últimos anos, é efeito das campanhas de conscientização, que conseguiram demonstrar para as pessoas, os inúmeros e graves malefícios causados pelo fumo. Com o trânsito, não há de ser diferente. Enquanto as pessoas não se aperceberem dos riscos a que submetem a si próprias e aos outros quando dirigem sob o efeito de álcool, não haverá lei, por mais drástica que seja, que reduza os alarmantes números de mortes no trânsito. A Lei Seca desperta a simpatia de grande parte da opinião pública, mas seu efeito prático é quase nulo.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Presentão

Depois de realizarem, ontem, um show, em local fechado, com entradas ao preço de R$800, cuja renda reverteu para a Sociedade Viva Cazuza, Stevie Wonder e Gilberto Gil estão se apresentando, hoje, no dia de Natal, nas areais da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. O show, é claro, não tem cobrança de ingressos. Cerca de 500 mil pessoas, não só do Rio, mas dos mais diversos lugares, deverão assistir a apresentação. Um "presentão" de Natal para todos quantos tenham o privilégio de estar na Cidade Maravilhosa. Estive entre o 1,5 milhão de pessoas que, em fevereiro de 2006, estavam, na mesma praia de Copacabana, assistindo ao show dos Rolling Stones. Lamento não poder estar, hoje, nas areias da célebre praia para assistir o magnífico Stevie Wonder e o brilhante Gilberto Gil. Momentos como esse deveriam ser mais frequentes, não só no Rio, mas em várias outras cidades. Grandes artistas se apresentando, de graça, para enormes públicos. Afinal, nem só de pão vive o homem. Shows assim não devem ser privilégio dos que podem pagar por ingressos caros. Como diz a letra de uma famosa música, "todo artista tem de ir aonde o povo está". O Rio de Janeiro é um lugar único, por suas incomparáveis belezas. Afora isso, é uma cidade voltada para a alegria e a celebração. O show da noite de hoje é mais uma demonstração dessa característica. Um fecho de ouro para o Natal da Cidade Maravilhosa, que deixa uma ponta de inveja em quem não pode estar lá.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Mais uma tentativa fracassada

As coisas não andam fáceis, mesmo, para a oposição e a imprensa de direita, no Brasil. Desesperada com a popularidade dos governos petistas, que já comandam o país pelo terceiro mandato consecutivo, a imprensa conservadora brasileira vive tentando encontrar candidatos a presidente capazes de retirar do poder os atuais ocupantes. Nos últimos tempos, dois nomes surgiram como possibilidade, o do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, e o do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Barbosa foi alçado a condição de herói nacional por ter, como relator do processo, imputado severas penas aos réus do mensalão. Campos, por ter rompido alianças com o PT em alguns municípios e obtido vitórias que o teriam qualificado para "voar com as próprias asas", se candidatando a presidente em 2014. A realidade, contudo, teima em desafiar tais conjecturas. Pesquisas de intenção de voto recentemente realizadas mostraram que tanto a presidente Dilma Rousseff como o seu antecessor no cargo, Luís Inácio Lula da Silva, ganhariam  a eleição, caso ela se realizasse hoje. O "herói", Barbosa, por sua vez, tem apenas 9% da preferência do eleitorado. Em relação a Eduardo Campos, o tombo é ainda pior. Em entrevista à revista "Época", Campos revelou que não será candidato a presidente em 2014, e que seguirá na base de sustentação a Dilma, apoiando a sua reeleição. Campos acrescentou que esteve junto com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), outro potencial candidato da oposição, no mesmo palanque, pela última vez, em apoio a Tancredo Neves, e que não irá se juntar a ele nas eleições de 2014. Em pouquíssimo tempo, as duas candidaturas suscitadas pelos antipetistas já fizeram água. Barbosa ainda teria tempo para tentar inflar seus índices nas pesquisas, mas é pouco provável que conseguisse, depois de apresentar números tão modestos justamente quando está tremendamente exposto pela mídia. Campos simplesmente mostrou de que lado está e desestimulou os que pretendiam postular sua candidatura a presidente. A cada dia que passa, para a inconformidade de muitos e satisfação da maioria, confirma-se a constatação de que, mesmo com denúncias e escândalos surgindo a cada dia, e sofrendo uma campanha contrária incessante de veículos de comunicação, os atuais mandatários seguem desfrutando de altíssimos índices de popularidade e com a perspectiva de uma longa permanência no poder. Afinal, numa democracia, quem decide isso é o eleitor, e ele continua deixando clara qual é a sua opção.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Redes sociais

As chamadas "redes sociais" são o fenômeno mundial dos tempos atuais. Milhões de pessoas, no mundo inteiro, estão conectadas a elas. A de maior sucesso, no momento, é o Facebook. Numa sociedade cada vez mais informatizada, fomos tomados por uma "internetmania". O problema é que isso já está trazendo reflexos nocivos à vida das pessoas. Uma pesquisa indica que a ânsia em estar conectado e interagindo nas redes sociais está levando muitas pessoas a perderem preciosas horas de sono e a praticarem menos sexo. A constatação, embora preocupante, não é surpreendente. Os espantosos avanços da tecnologia nos trouxeram possibilidades de comunicação inimagináveis para nossos bisavós. O preço a se pagar por isso, contudo, foi caro, pois, quanto mais nos conectamos, mais solitários ficamos. Estamos tornando os relacionamentos cada vez mais virtuais e menos físicos. As redes sociais nos proporcionam a possibilidade de entrar em contato com parentes e amigos que andavam afastados, o que é ótimo, mas, em geral, a relação não passa do plano cibernético. Até mesmo o gesto de ligar para alguém que está de aniversário, tendo a oportunidade de conversar com ele, vai caindo em desuso, já que é mais cômodo postar uma mensagem de felicitações pelas redes sociais. Estamos, cada vez mais, interligados. Há quem possua até mil amigos cadastrados em uma ou mais redes sociais. No entanto, na vida concreta, fora dos computadores, smartphones e outros recursos semelhantes, estamos, também, mais embotados, solitários em meio à multidão.

sábado, 22 de dezembro de 2012

O endurecimento da Lei Seca

Andar na contramão de posições que ganham a simpatia de grande parte da opinião pública não é uma atitude das mais atraentes para quem se propõe a escrever textos como os postados nesse espaço. Muito mais cômodo seria remar a favor da maré. Porém, esse nunca foi o meu comportamento. Gostem as pessoas, ou não, exponho o meu pensamento, ainda que o mesmo não reflita o posicionamento aparentemente preponderante sobre o assunto em foco. Assim sendo, discordo dos que saúdam o "endurecimento" da Lei Seca. Por mais que tentem, não me deixo convencer de que a tal lei foi feita para salvar vidas, acabando com a carnificina dos acidentes de trânsito. O que, espertamente, ocorre é a utilização de um tema que causa comoção junto ao público, para fornecer mais uma fonte de arrecadação para os governos. Tanto é verdade, que a multa por dirigir alcoolizado, que já era alta, aumentou substancialmente, indo, em números redondos, de R$ 900 para R$ 1.900. Uma autêntica demonstração do que é a indústria da multa. Em outras oportunidades, já expus minha convicção de que não se muda o comportamento humano editando leis. Mesmo quando do surgimento da Lei Seca, as mortes no trânsito não diminuíram. Os radares e pardais também não fizeram decrescer as tragédias no trânsito. O "endurecimento" não terá, também, nenhum efeito prático nesse sentido. Vai, apenas, engordar os cofres do governo que, nesse caso, como em tantos outros do gênero, age como lobo em pele de cordeiro.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O mundo não acabou

Finalmente, o dia 21 de dezembro de 2012 chegou. Uma interpretação do calendário maia apontou essa data como sendo "o dia do fim do mundo". Não é a primeira vez que isso acontece, nem, por certo, será a última. As Profecias de Nostradamus também já foram usadas para marcar a data do fim dos tempos. Portanto, o que varia é a fonte da previsão, mas a ideia de anunciar uma data precisa para o mundo acabar persiste entre as pessoas. Como se pode perceber, do mesmo modo que nas vezes anteriores, o mundo não acabou hoje. Mesmo diante de tantas previsões fracassadas, sempre há quem acredite na próxima predição sobre o fim do mundo. Excetuados os excessivamente crédulos, ou os absolutamente idiotas, a maioria das pessoas, é claro, não leva o tema a sério. Trata o assunto como mais um motivo para "jogar uma conversa fora". Os meios de comunicação, contudo, não perderam a oportunidade, e, enquanto a data "fatídica" não chegava, tratavam exaustivamente do "fim do mundo". Até um seriado de televisão foi criado tendo o tema como foco. Numa época marcada pela superficialidade e frivolidade, o "fim do mundo" foi mais um dos tantos assuntos ocos com que a sociedade se ocupa, enquanto outros, bem mais relevantes, são deixados de lado. Antes que outra data seja apontada como a da destruição da Terra, outras vacuidades e futilidades ganharão espaço nas rodas de conversa. O ser humano é assim, adora um "papo furado". Entre encarar os temas mais sérios e dispersar-se da realidade debatendo sobre asneiras, prefere a segunda opção.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O futebol contra a pobreza

Pela primeira vez, o "Jogo Contra a Pobreza" foi realizado na América do Sul, mais especificamente no novo estádio do Grêmio, a Arena. Reuniu, como de costume os times "Amigos de Ronaldo" e "Amigos de Zidane". Foi a 10ª edição do jogo, cuja renda beneficia instituições e programas assistenciais de vários países. A partida em si, é claro, não prima pela competitividade. Afinal, trata-se, essencialmente, de uma festa, e os jogadores participantes, em grande parte, já encerraram suas carreiras. Porém, se faltam ritmo e intensidade, sobra qualidade técnica, proporcionada por grandes craques do presente e do passado. No jogo de hoje à noite, a vitória ficou com os amigos de Ronaldo, por 3 x 2. Nomes como Zico, Zidane, Neymar, Lucas, e Falcão, do futebol de salão, realizaram belas jogadas. O estádio recebeu um grande público que mostrou-se satisfeito com o que viu. Um espetáculo de alto nível, com várias estrelas, e com um propósito dos mais meritórios. Recebê-lo, sem dúvida, foi motivo de orgulho para o Rio Grande do Sul e o Brasil.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O fim do livro impresso

Vivemos numa época de aceleradas inovações tecnológicas. Somos surpreendidos, constantemente, pelo aparecimento de aparelhos cada vez mais sofisticados e com uma gama enorme de recursos. Tão veloz é esse processo que aquilo que é moderno hoje, poderá ser totalmente obsoleto meses depois. Mesmo para quem disponha de recursos financeiros, é difícil se manter atualizado tecnologicamente, tamanha a variedade de novos produtos que são colocados no mercado. Alguns deles são potencialmente revolucionários, como é o caso do e-book, o "livro eletrônico". Com sua disseminação, o livro impresso pode estar com os dias contados. Em vez de folhear as páginas de um livro impresso, passaríamos a ler o que estivesse gravado em uma tela. Não resta dúvida de que as pessoas, em sua maioria, adoram uma novidade. Sendo assim, o sucesso do e-book deverá ser crescente. Até porque, afora o charme da inovação, o livro eletrônico é ecologicamente mais correto, por dispensar o uso de papel, cuja fabricação implica na derrubada de árvores. Porém, mesmo sabendo de tudo isso, não acredito na extinção do livro impresso. A portabilidade e manuseabilidade de um livro de papel ainda não pode ser superada. Ele não depende de uma bateria que o faça funcionar. Não corre o risco de quebrar-se. Adapta-se às mais diversas situações de uso. O contato tátil com um livro impresso é uma sensação muito mais gratificante do que a de segurar uma tela entre as mãos. Não sou refratário às mudanças, pois sei que elas são inevitáveis. O e-book veio para ficar, e seu uso se tornará cada vez mais crescente. No entanto, irá conviver com o livro impresso. A história tem nos mostrado que os novos inventos não tiram de cena os mais antigos. Representam um acréscimo, não uma substituição. Com o e-book não será diferente.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Os efeitos de uma entrevista

A entrevista concedida por Fábio Koff, que tomará posse amanhã como presidente do Grêmio para os próximos dois anos, ao jornal Zero Hora, ontem, foi uma das mais infelizes e desastradas de que se tem notícia. Koff, em vez de estimular a torcida, jogou sobre ela um balde de água fria. Praticamente ninguém, sejam os profissionais de imprensa ou os cidadãos comuns, deixou de condenar a entrevista de Koff, pelo conteúdo lastimável e pela total inoportunidade. Em sua declaração mais impactante, Koff disse que o novo estádio do clube, a Arena, não é do Grêmio, pois terá de ser pago por 20 anos. O futuro presidente acrescentou que o Grêmio só obterá retorno financeiro com o estádio num prazo de seis a oito anos. Revelou, também, que o Grêmio tem um déficit mensal significativo. Para qualquer pessoa medianamente inteligente, tudo isso soa como desculpa antecipada para uma futura frustração dos torcedores. Koff foi um grande presidente do Grêmio, nas duas vezes em que passou pelo cargo. Foi duas vezes campeão da Libertadores. Foi campeão do mundo. Conquistou, também, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro, afora títulos gaúchos. Tudo isso fez dele um ídolo do torcedor. Por isso mesmo, ao concorrer pela terceira vez ao cargo de presidente, foi vitorioso novamente, dessa vez contando, além dos votos dos conselheiros, com os dos associados, o que não ocorrera nas outras duas eleições. A condição de dirigente vencedor, somada às promessas de que tinha uma grande contratação cujo nome estava guardado num cofre e de que o clube contaria com o aporte de recursos de um fundo de investidores, lhe garantiram a vitória. O tal nome guardado no cofre, conforme admitido pelo próprio Fábio Koff, foi apenas uma estratégia eleitoral. O fundo de investidores também não apareceu até agora. O torcedor que apostou suas fichas em Koff para que o Grêmio retomasse a sua rotina de grandes conquistas deve estar extremamente frustrado. Koff nem tomou posse e já adotou o discurso da situação difícil, da herança desfavorável. O que era para ser um novo período de otimismo e confiança na vida do clube, começará tomado pela insegurança e decepção do torcedor. Koff, com sua entrevista, só conseguiu satisfazer aos torcedores do maior rival do Grêmio, o Inter, que "deitaram e rolaram" com o seu conteúdo. Antes mesmo da posse do futuro presidente, o torcedor do Grêmio se vê diante de indícios de que pode ter sido vítima de um estelionato eleitoral.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Corinthians campeão

O Corinthians ganhou do Chelsea por 1x0, hoje, em Yokohama, e é o novo campeão mundial de clubes. Foi um título com a cara do Corinthians. Uma vitória apertada, num jogo em que o adversário era o favorito. As estrelas estavam no Chelsea: David Luiz, Ramires, Lampard, Mata. No Corinthians, mais uma vez sobressaía a força de conjunto. Jogadores como Alessandro, Chicão, Paulinho, Émerson, se destacavam pela bravura. Cássio e Guerrero tornaram-se heróis da conquista. Cássio fechou o gol e foi escolhido o melhor jogador da competição. Guerrero marcou os dois gols, ambos de cabeça, um pelas semifinais e o outro na decisão, que levaram o Corinthians a obter o título. Portanto, foi um título conquistado com duas vitórias por 1 x 0, com um futebol até pobre em certos momentos, mas com foco, aplicação, entrega, senso de conjunto. Um autêntico trabalho em equipe, sem espaço para vedetismos. Um título que coroa a carreira do técnico Tite, que já foi campeão estadual, da Copa do Brasil, do Campeonato Brasileiro, da Copa Sul-Americana, da Libertadores da América e, agora, do Mundial de Clubes. Assim, ao contrário de quando ganhou um torneio de verão, em 2000, que a Fifa denominou de campeonato, o Corinthians é um autêntico campeão mundial. Um título com muitos méritos para quem foi campeão invicto da Libertadores, e que resgata o futebol brasileiro dos vexames dos dois últimos anos no Mundial de Clubes, quando o Inter foi eliminado da decisão pelo Mazembe, do Congo, e o Santos levou uma goleada de  4 x 0 do Barcelona. Duro deve ser para o torcedor gremista entender o fato de seu clube se desfazer de Cássio, vendendo-o, ainda muito jovem, para o PSV Eindhoven, e por quê Alessandro, capitão do Corinthians, onde é titular há cinco anos, era reserva de Patrício no Grêmio.. Parabéns ao Corinthians!

sábado, 15 de dezembro de 2012

A nova realidade dos estádios

A inauguração da Arena do Grêmio, ocorrida há exatamente uma semana, foi o pontapé inicial numa nova realidade em temos de estádios no Brasil. Trata-se do primeiro estádio a ser construído, no país, dentro do chamado "padrão Fifa". Porém, outros estádios em construção também seguem esse modelo, e os que estão sendo reformados para a Copa do Mundo de 2014 serão adaptados a ele. Ainda em dezembro, o Castelão, em Fortaleza, e o Mineirão, em Belo Horizonte, serão reinaugurados, já com suas dependências adaptadas ao referido padrão. O item mais notório do padrão Fifa é que os estádios tem cadeiras em todos os seus setores. Não há torcedores em pé ou sentados diretamente sobre o cimento. A pista atlética também é eliminada, o que aumenta a proximidade do torcedor do anel inferior em relação ao campo de jogo, gerando uma maior interação do público com o espetáculo. Afora isso, há uma série de comodidades e confortos que não estão presentes nos estádios convencionais. Tudo isso é muito bom. Fiquei impressionado com o que vi na Arena do Grêmio, e com as imagens mostradas pela televisão de como ficaram o Castelão e o Mineirão, e de como será o novo Maracanã. A Arena Palmeiras e o Itaquerão, futuro estádio do Corinthians, também serão, a exemplo da Arena do Grêmio, construídos inteiramente dentro dos parâmetros da Fifa. Portanto, o Brasil terá, em breve, estádios de qualidade de "Primeiro Mundo". Esse é o bônus. Agora, vamos ao ônus. O preço dos ingressos em estádios com tanto conforto, é elevado. Mesmo as localidades mais baratas custam pouco menos de R$ 100. Nos estádios privados, a tendência é que a frequência aos jogos acabe limitada aos associados, o que, para o clube, é uma boa fonte de receita ordinária. No entanto, para o torcedor comum e menos aquinhoado financeiramente, significa, praticamente, a impossibilidade do comparecimento às partidas. Se por um lado, com o padrão instaurado, os novos estádios se civilizam, por outro se tornam mais elitizados, fato pouco aceitável num esporte tão popular como é o futebol. Há quem diga que os estádios serão, agora, como teatros. O futebol, contudo, não combina com a elegância formal dos teatros. Vibrante por natureza, não pode prescindir do calor e da emoção das multidões.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Popularidade

Uma pesquisa do Ibope confirma aquilo que venho afirmando constantemente, isto é, de que os escândalos, supostos ou reais, divulgados de maneira quase permanente pela imprensa, não afetam a imagem do governo federal, nem a popularidade da presidente Dilma Rousseff. Conforme demonstra a pesquisa, a aprovação do governo permanece no índice recorde de 62%, e a popularidade de Dilma cresceu um ponto em relação ao último levantamento, estando agora em 78%. O "mensalão" esteve nas manchetes durante o ano inteiro. A cada semana, novas acusações surgiam contra o governo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. Some-se a isso, o fato de que, no início de seu governo, Dilma teve de afastar vários ministros que praticaram malfeitos. Nas últimas semanas, novos escândalos e acusações dominaram o noticiário. Primeiro, o caso envolvendo Rosemary Noronha, poderosa assessora de Lula. Depois, os ataques de Marcos Valério Fernandes de Souza, protagonista do mensalão, ao ex-presidente, que, segundo ele, sabia de tudo o que se passava em relação ao assunto. Pois, mesmo com tal carga sobre o governo anterior e o atual, nada parece atingir os atuais detentores do poder. Isso já havia sido demonstrado em outubro, quando Fernando Haddad, candidato apadrinhado por Lula, saiu de índices baixíssimos nas pesquisas de intenção de voto e elegeu-se prefeito de São Paulo. A nova pesquisa do Ibope vem reafirmar que o prestígio do governo, e de Dilma Rousseff em particular, não é afetado pela onda de denúncias. O eleitor é prático, leva em conta os resultados apresentados pela administração, e os reflexos deles na sua vida. Sabedor de que nunca antes tantos ascenderam à faixa de consumo, de que as desigualdades sociais estão sendo reduzidas, de que os níveis de emprego permanecem satisfatórios, e de que o país tem conseguido se manter a salvo de maiores efeitos da crise econômica no Primeiro Mundo, o eleitor permanece fiel aos que governam o país desde 2003. Para que esse quadro mude, qualquer denúncia, por mais escabroso que pareça ser seu conteúdo, não será suficiente.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O centenário de Luiz Gonzaga

O dia de hoje marca o centenário de nascimento de Luiz Gonzaga, o "Rei do Baião". Foi um artista extraordinário, e eminentemente popular. Nordestino, trazia todas as características do homem do povo brasileiro, com sua origem pobre, exposto a uma série de dificuldades e tendo de enfrentar preconceitos. Migrou para o Rio de Janeiro e, com muita persistência, conseguiu seu lugar no cenário musical do país, tornando-se uma de suas figuras mais populares. Luiz Gonzaga alcançou o sucesso falando diretamente aos sentimentos das pessoas, sem arroubos estilísticos, pois era um homem de pouca instrução formal. Por isso mesmo, obteve grande aceitação do público, pois muitos se identificavam com sua história e trajetória de vida. Mesmo depois de 23 anos da sua morte, Gonzagão, como também era chamado, não é esquecido. Suas músicas seguem perenes na lembrança dos brasileiros, e atravessam gerações. O Brasil é um país de grandes talentos musicais. Muitas vezes, não os reverencia tanto quanto deveria. O centenário de nascimento de Luiz Gonzaga merece ser festejado com intensidade, como justa homenagem a um dos maiores nomes da arte popular brasileira.

Favoritismo

Depois da vitória do Chelsea sobre o Monterrey, do México, por 3 x 1, hoje, aqueles que achavam que o Corinthians é o favorito para conquistar o Campeonato Mundial de Clubes, devem estar revisando sua posição. Ao contrário do Corinthians, cuja vitória sobre o Al Ahly, do Egito, ontem, foi opaca, o Chelsea ganhou do Monterrey com sobras. Chegou a estar goleando por 3 x 0, e foi muito superior ao longo do jogo. Depois de fazer 1 x 0 no primeiro tempo, liquidou o jogo no começo do segundo, ao fazer dois gols em sequência. Levou um gol, mas não teve o resultado ameaçado. Mostrou um futebol envolvente, técnico, com alguns grandes destaques individuais. Cada jogo é um caso diferente, mas, a se julgar pela atuação de cada um nas semifinais, na decisão de domingo, o Chelsea aparece como o campeão mundial mais provável.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Ravi Shankar

A morte de Ravi Shankar, hoje, aos 92 anos, representa o desaparecimento de um ícone da música. Shankar tornou a música indiana conhecida no mundo ocidental. Tocava cítara, um instrumento tão estranho quanto fascinante na sua sonoridade. Sua introdução no mundo do show business se deveu, em grande parte, a George Harrison, quando ainda era um Beatle. George encantou-se com a cítara, que logo tratou de inserir em músicas dos Beatles. A música do grupo em que a cítara aparece de forma mais marcante talvez seja "Norwegian Wood", belíssima composição assinada por Lennon e McCartney. Harrison e Shankar estabeleceram uma amizade que durou até a morte do primeiro. Foi a partir de um pedido de Shankar que Harrison promoveu o "Concerto para Bangladesh", em 1º de agosto de 1971, no Madison Square Garden, em Nova York, o primeiro grande show de rock beneficente. Shankar, inclusive, foi um dos músicos que se apresentou na ocasião. Os dois também gravaram juntos. No "Concert for George", show realizado no Royal Albert Hall, em Londres, no dia em que se completava 1 ano da morte de George Harrison, Shankar também se apresentou. O músico indiano ganhou três "Grammy" e iria receber o prêmio pela quarta vez na sua próxima edição. Shankar teve uma carreira longa e exitosa, e deixa duas filhas também dedicadas a música. A mais famosa delas é Norah Jones, grande cantora que cancelou a turnê que faria pelo Brasil, e que iniciaria, hoje, por Porto Alegre, ao saber da morte do pai.

Atitude injustificável

O Tigre protagonizou mais um dos tantos papelões do futebol argentino. No segundo jogo pela decisão da Copa Sul-Americana, contra o São Paulo, no Morumbi, terminou o primeiro tempo perdendo por 2 x 0, sendo amplamente dominado e merecendo levar mais gols. Como já havia acontecido no primeiro jogo, na Bombonera, o Tigre excedeu-se na violência e nas provocações. Com o término do primeiro tempo, o time argentino partiu para cima dos jogadores do São Paulo. O conflito foi contido, mas o Tigre não voltou para o segundo tempo, o que levou a arbitragem a encerrar o jogo e declarar o São Paulo campeão. As versões vindas da Argentina dão conta de que os jogadores do Tigre teriam sofrido agressões de policiais, e isso levou o time a  não voltar para o segundo tempo. A alegação terá de ser apurada, mas tudo indica não passar de um argumento falso. Tanto no primeiro jogo, como hoje, o Tigre não mostrou futebol e abusou da violência. A menos que consiga apresentar alguma razão para sua atitude de não voltar para o segundo tempo, o Tigre deveria não apenas ser suspenso pela Confederação Sul-Americana de Futebol, como defendem alguns, mas ser desfiliado da instituição. A atitude do clube argentino foi de uma antiesportividade inaceitável, uma total desconsideração para com as mais de 60 mil pessoas presentes no Morumbi e com todos os que assistiam o jogo pela televisão. Há um ditado que expressa que quem não tem competência não se estabelece. Parece ser o caso do Tigre. Seu horizonte é o de um clube condenado a ser pequeno, sem condições de se fazer presente em competições internacionais.

Sem brilho

A vitória do Corinthians sobre o Al Ahly, do Egito, pelas semifinais do Campeonato Mundial de Clubes, não teve brilho. Foi um jogo de escassas oportunidades de gol. O único gol do jogo teve uma bela construção. Douglas, mostrando sua conhecida capacidade técnica, alçou uma bola de trivela para a conclusão de cabeça de Guerrero. O Corinthians não fez muito mais do que isso e, no segundo tempo, foi dominado pelo modesto Al Ahly, mas conseguiu conservar sua vitória. O que se viu do Corinthians dá margem a duas interpretações. A primeira é a de que o importante foi ter alcançado a vitória, mesmo sem jogar bem. A outra é a de que, se repetir uma atuação tão fraca na decisão do título, principalmente se seu adversário for o Chelsea, suas chances de ser campeão ficarão bastante reduzidas. De qualquer forma, o Corinthians superou a síndrome Mazembe e já está na decisão do Mundial de Clubes. O Chelsea ainda precisa chegar lá. Para isso, terá de vencer o Monterrey, do México, amanhã. Portanto, o sonho corintiano de ser campeão mundial, mesmo sem um bom futebol, está mais vivo do que nunca.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A praga do politicamente correto

Há poucos dias, a presidente Dilma Rousseff foi vaiada ao usar a expressão "portadores de deficiência". Percebendo as razões da vaia, Dilma pediu desculpas e corrigiu a expressão para "pessoas com deficiência", sendo, então, aplaudida. O fato foi, apenas, mais uma demonstração de uma praga que assola os nossos dias, a do uso do "politicamente correto". Assim como ocorreu com os deficientes físicos que vaiaram Dilma, homossexuais rejeitam o termo "homossexualismo", que consideram pejorativo. Preferem a palavra "homossexualidade" para designar a sua condição. Dentro dessa onda de substituição de termos, "negro" é tido como ofensivo. Recomenda-se o uso de "afrodescendente". Essa censura verbal é patética. As palavras passam a ser consideradas agressivas ou discriminatórias, o que é uma bobagem. Se fosse verdade que quem usa as expressões cujo banimento é proposto demonstra desprezo pelos supostos atingidos, ao utilizar outras tidas como aceitáveis estaria, apenas, sendo hipócrita. Na verdade, a retomada da democracia, num país sufocado por séculos de autoritarismo e censura, teve um efeito libertador sobre toda a sociedade, e, particularmente, em segmentos historicamente discriminados, que passaram a ter vez e voz. Isso é ótimo. Porém, em nome de defender os direitos desses grupos não se pode partir para uma censura verbal. Considerar que chamar alguém de "negro" constitui racismo é praticar um exagero. Os homossexuais são alvo de grande preconceito, é sabido, mas mudar a palavra que define essa condição em nada altera a situação. No fundo, a postura de quem protesta contra o uso de determinadas palavras revela um sentimento de vitimização. Numa sociedade plural e democrática, o politicamente correto é uma forma de censura, o que é condenável. Com exceção dos palavrões, nenhum termo é, em princípio, ofensivo. Respeito se conquista de formas bem mais objetivas e práticas, não censurando o modo de falar das pessoas. Toda censura, feita em nome seja lá do que for, constitui uma violência. Numa sociedade plural e democrática é preciso saber conviver, sem fazer imposições ou coerções sobre o que dizem os outros.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Remando contra a maré

Certas situações são exemplares para que se perceba o lado mais vil e mesquinho das pessoas. A inauguração da espetacular Arena do Grêmio, referida por mim em meu texto anterior, foi devidamente festejada pela imprensa, que não economizou adjetivos diante da maravilha a que todos assistimos. Porém, sempre há aqueles que, movidos pela inveja, despeito e ressentimentos de toda a ordem, destoam do sentimento geral. Houve quem, hoje, usasse seus espaços nos meios de comunicação para tentar diminuir a esplendorosa inauguração da Arena, ressaltando o que não deu certo, em vez de exaltar o que esteve correto. Ocorreram alguns imprevistos, normais em se tratando de um acontecimento de tal porte, mas que em nada deslustram a inauguração, e que serão devidamente corrigidos. O que não se pode tolerar é que, em nome de uma pretensa objetividade jornalística, alguém proceda como o notório chefe de esportes de uma rádio de Porto Alegre que, movido pela sua identificação com o maior rival do Grêmio e seu ódio visceral à empresa de comunicação que é líder de audiência no Rio Grande do Sul, procurou diminuir a grandiosidade da festa de sábado. Seu coloradismo e sua inconformidade com a preferência esmagadora do público por uma empresa que não é a sua, fez com que chegasse ao ponto de dizer que sua concorrente deveria ter resolvido os contratempos verificados em termos de estrutura na inauguração da Arena, numa declaração totalmente destituída de senso. Não parou por aí, e sugeriu que o Grêmio torne a fechar a Arena, para não "pagar mico" no Jogo Contra a Pobreza, no próximo dia 19/12. Seria mais proveitoso para todos se o radialista em questão explicasse porque a sua empresa, depois de ter adquirido os direitos de transmissão por televisão dos jogos do Campeonato Gáucho de Futsal - Série Ouro, parou de transmiti-los durante a competição, o que fez com que a federação gaúcha da modalidade voltasse a firmar contrato com a antiga detentora dos mesmos, isto é, a concorrente tão odiada por ele. A liberdade de expressão não pode servir de anteparo para que alguns se valham do privilégio de possuírem espaços nos meios de comunicação e se sintam no direito de falar o que bem entendem ferindo o bom senso e remando contra a maré em relação ao restante da imprensa e à opinião pública. No fundo, o tal chefe de esportes não passa de um pobre coitado. Porém, mesmo os que ostentam essa condição tem de ter ponderação e responsabilidade ao emitirem suas opiniões. Felizmente, a única consequência prática que tal tipo de comportamento pode acarretar é a queda ainda maior da audiência da rádio onde trabalha o tal boquirroto.

domingo, 9 de dezembro de 2012

O começo de uma nova era

Embora resida em Porto Alegre, não acompanhei passo a passo a obra do novo estádio do Grêmio, a Arena. Algumas pessoas viram a obra desde que saiu do chão, e a sua evolução até ser concluída. Cheguei a planejar uma visita ao estádio antes de sua abertura ao público, mas isso acabou não se concretizando. Sendo assim, ao estar presente ontem na inauguração da Arena, o impacto que senti foi ainda maior do que já seria esperado. Trata-se de uma obra portentosa, um estádio sem similar no Brasil. São mais de 60 mil lugares, sendo a quase totalidade com cadeiras e um pequeno setor sem elas, reservado para a "avalanche" da torcida "Geral do Grêmio". São quatro andares de acomodações, todos de excelente visibilidade para o campo. Para os que sentam nas cadeiras do anel inferior, a distância para o gramado é de, apenas, 10 metros, o que gera uma incrível sensação de interação com o jogo.  Depois da bela festa de inauguração, o jogo contra o Hamburgo, com o apelo da evocação da decisão do Campeonato Mundial de Clubes de 1983, e a repetição do placar daquela ocasião, inclusive, com o empate parcial,  foi um  digno complemento. Para a satisfação da torcida, coube a um jogador do Grêmio, André Lima, marcar o primeiro gol do novo estádio. O Grêmio sai na frente no que deve ser uma tendência dos clubes brasileiros daqui por diante, isto é, a adoção do padrão Fifa de construção de estádios. O Palmeiras já está erguendo a sua arena, no mesmo terreno onde ficava o velho Parque Antárctica. O Vasco já planeja deixar de lado o seu antigo estádio de São Januário e também construir uma arena. As modernas arenas primam pelo conforto, visibilidade e interação do público com o espetáculo. Sua acústica é muito melhor que a dos estádios convencionais, o que amplifica o grito do torcedor. Também é verdade que elas tiram um pouco da vibração do torcedor na medida em que todos os lugares são marcados, o que dificulta a aglomeração na hora de comemorar um gol. Afora isso, tanto conforto também custa caro, diminuindo a possibilidade das pessoas com menores recursos financeiros de se fazerem presentes nos estádios. Porém, os prós são muito maiores do que os contras. Mesmo para quem, como eu, já não é jovem, e vai aos estádios há 41 anos, a sensação diante do que se viu na Arena do Grêmio foi de êxtase e encantamento. Como estádio, é único, até o momento, no Brasil. Só vemos algo semelhante quando assistimos, pela televisão, aos jogos da Europa. Com a Arena, começa uma nova era para o Grêmio e para o futebol brasileiro. Até por isso, um jornal francês considerou estranho a Arena não ter sido incluída entre os estádios da Copa do Mundo de 2014. O jornal foi ameno em suas considerações. Depois do que se viu ontem, a não inclusão da Arena entre os estádios da Copa não é, apenas, estranha, mas totalmente absurda.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A véspera do grande dia

Hoje, estamos na véspera da inauguração do novo estádio do Grêmio, a Arena. Uma obra portentosa, com capacidade para 60.500 pessoas, inteiramente construída dentro do padrão Fifa. O Grêmio terá, a partir de agora, o mais moderno estádio das Américas. Para a inauguração, shows, fogos de artifício, solenidades e um amistoso com o Hamburgo, adversário do Grêmio na decisão do Campeonato Mundial de Clubes de 1983. O sonho está se tornando realidade. Ainda que deixar o Olímpico tenha doído no torcedor, o novo estádio tem tudo para ser o começo de uma era de vitórias e glórias para o clube, encaminhando-o para uma fase de hegemonia. Nem tudo está perfeito. O estádio ainda necessita de alguns retoques, e seu entorno apresenta condições precárias. Nesse aspecto, a inauguração talvez pudesse ficar para um pouco mais tarde. Porém, a vontade do atual presidente do Grêmio, Paulo Odone, de estrear o estádio ainda na sua administração, pesou na balança. Não importa. A partir de amanhã, o Grêmio e a cidade não serão mais os mesmos. Não se trata apenas da inauguração de mais um estádio, mas de uma obra cujos padrões de sofisticação e conforto ainda não foram vistos no país. Um motivo para o torcedor do Grêmio se encher de orgulho. Os que estiverem amanhã na Arena, como torcedores ou profissionalmente, viverão um momento histórico.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Conselhos neoliberais

Como se já não bastassem as postulações semanais de capitalismo selvagem da revista "Veja", agora é a inglesa "The Economist" que se arvora em dar conselhos de condução da política econômica para o governo  brasileiro. Para a revista inglesa, a presidente Dilma Rousseff deveria demitir o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que teria "perdido a confiança dos investidores". Alegando a condição pragmática de Dilma, a publicação diz que ela deveria "deixar o espírito selvagem do mercado rugir". Os argumentos para a defesa da queda de Mantega passam pela diminuição do ritmo de crescimento da economia brasileira e da interferência do governo nos negócios privados. Felizmente, Dilma já deu mostras de não ser permeável a pressões e a "conselhos desse tipo". Com a atual crise econômica que varre a Europa, as publicações daquele continente não estão em condições de apontar caminhos para outros países. O Brasil, inclusive, ultrapassou a Grã-Bretanha e se tornou a sexta maior economia do mundo. As previsões são de que, em 2013, deverá subir para o 5º lugar. Assim, não parece lógico que sua política econômica tenha de sofrer revisões adotando conceitos que levaram ao descalabro econômico europeu. O que "Veja", "The Economist", ou qualquer outra publicação, precisam entender é que, por mais "pragmática" que seja, Dilma não se orienta pela cartilha neoliberal. Note-se que, como já foi referido acima, o Brasil ostenta uma condição econômica bastante satisfatória no momento, mesmo com suas posturas "anacrônicas". Os arautos da "modernidade econômica" e do "espírito animal do mercado", por outro lado, se deparam com uma crise econômica gravíssima na Europa e nos Estados Unidos, que lhes servem de modelos. A política econômica brasileira vai muito bem, obrigado. Poderá receber pequenas correções, na medida da necessidade, jamais uma mudança de rumos.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Oscar Niemeyer

O Brasil perdeu, hoje, um dos seus maiores vultos de todos os tempos. Oscar Niemeyer foi um homem extraordinário, em todos os aspectos, embora se definisse como alguém comum. Foi um grande arquiteto, cujo trabalho teve repercussão não só no Brasil, mas internacionalmente. Junto com Lúcio Costa, projetou Brasília, cidade cuja arquitetura pode sofrer contestações, mas que tem um impacto visual, ainda hoje, 52 depois da sua inauguração, inegável. Obras de Niemeyer marcam a paisagem de cidades brasileiras como o Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo e Niterói, e estão presentes, também, em outros países, como na Argélia, e na sede da ONU, nos Estados Unidos. Sua morte repercutiu imediatamente, em várias partes do mundo. Sites de veículos de comunicação dos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Espanha e Israel, entre outros, noticiaram seu falecimento e exaltaram a qualidade de sua obra. Niemeyer não ficou restrito ao âmbito da sua profissão. Foi um grande homem e cidadão. Comunista ferrenho, sempre condenou as injustiças sociais e o descaso para com os pobres. Criticava, também, os profissionais alienados, competentes no exercício da sua atividade, mas que não liam e se mantinham alheios sobre a realidade que os cerca. Sua vida foi extraordinária, até mesmo, na longevidade. Niemeyer faleceu 10 dias antes de completar 105 anos. Um homem brilhante, digno, engajado, comprometido com a busca de uma sociedade melhor. Um brasileiro que, na verdade, não morreu. Figuras da dimensão de Oscar Niemeyer são imortais.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Na rota dos grandes shows

Houve um tempo em que os grandes astros da música internacional não cogitavam de colocar o Brasil no roteiro de suas turnês, talvez por considerarem o país demasiado exótico e distante. Tempos mais tarde, o Brasil passou a receber essas celebridades, mas suas apresentações se restringiam ao eixo Rio-São Paulo. Os habitantes de outras cidades que quisessem e pudessem assistir a tais shows tinham de se deslocar até lá. Era o caso de moradores de Porto Alegre. Não é mais assim. Nos últimos anos, a programação de shows na cidade nada fica a dever aos dois maiores centros do país. Porto Alegre, que já havia recebido nomes como Paul McCartney, Ringo Starr, Bob Dylan, Roger Waters, terá, só na primeira quinzena do corrente mês, shows de Tony Bennet, Madonna e Norah Jones. Há até quem ache que Porto Alegre não tenha condições de sustentar, em longo prazo, uma programação tão intensa. A explicação para essa mudança talvez esteja no fato de que a cidade, antes com reduzidas opções de locais para a realização de shows, hoje conta com amplos e modernos teatros e casas de espetáculos. Prova disso é que os citados shows de Bennet, Madonna e Norah Jones serão em três locais diferentes. Porto Alegre é uma cidade que carece de encantos naturais. Não possui apelo turístico. No plano cultural, contudo, deu um enorme e admirável salto, deixando uma posição periférica para se tornar escala quase obrigatória para artistas de renome internacional. Hoje, o difícil é dispor de recursos para assistir a tantos shows num curto espaço de tempo, já que o preço dos ingressos, como não poderia deixar de ser, é significativamente alto. Porém, o importante é que a programação de shows é contínua, qualificada e variada, abrangendo todos os estilos e gostos, e artistas de diferentes gerações, atendendo, assim, a todas as faixas de público. Uma situação quase utópica há alguns anos, que se transformou numa agradável realidade.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O escândalo da vez

Incansável na sua busca de desgastar a imagem do governo federal, e propiciar uma troca de ocupantes do poder nas próximas eleições presidenciais, em 2014, a revista "Veja", terminado o julgamento do "mensalão", descobriu um novo escândalo para explorar. O leitor pode até entender que eu esteja sendo repetitivo ao abordar tal tema, mas isso é a consequência de um comportamento editorial da revista que também não muda. Agora, é uma vilã que centraliza a fúria antigovernista de "Veja": Rosemary Nóvoa de Noronha, chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo. Rosemary estaria envolvida em diversas traficâncias dentro do governo, participando de indicações para cargos e distribuindo favores em trocas de dinheiro. Há insinuações, inclusive, de que Rosemary poderia ter um caso amoroso com o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. "Veja", como sempre, carrega nas tintas, tentando maximizar os fatos, adotando uma postura de indignação moral. Paralelamente, em outras matérias, são destacados fatos como o baixo crescimento do PIB entre as razões para que a presidente Dilma Roussef tenha sua imagem desgastada, ameaçando sua reeleição. Nada indica que isso vá acontecer. Todas as pesquisas até hoje realizadas mostram que Dilma goza de grande popularidade. As previsões de desgaste da imagem da presidente e de seu governo, invariavelmente, estão ligadas a setores conservadores e não repercutem fora desses círculos restritos. Não sei se tudo o que se diz de Rosemary é verdade ou não. Não estou aqui a julgar se estamos ou não diante de atos de corrupção nas entranhas do poder. Acontecimentos do gênero estão longe de ser estranhos ao meio político. Também não procuro minimizar nem, muito menos, justificar a prática de malfeitos por qualquer pessoa. O que reafirmo é que, assim como nos demais escândalos, o de Rosemary também não irá fragilizar o governo. Eleições se ganham com bons candidatos. Os atuais ocupantes do poder tem conseguido apresentá-los ao eleitor. Seus opositores, não. Enquanto esse quadro não mudar, "Veja" poderá denunciar um novo escândalo a cada semana, sem que isso arranhe a imagem do governo. Como o pleito para prefeito de São Paulo já mostrou, o eleitor não mudou suas opções, e não há nenhum indicativo de que, tão cedo, venha a fazê-lo.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Anticlímax

A semana inteira foi de movimentação da torcida do Grêmio no sentido de homenagear e se despedir de seu estádio, o Olímpico. Os treinos do time durante a semana tiveram grandes públicos. A imprensa cobriu amplamente o fato de que, hoje, aconteceria o último jogo da história do Olímpico. Não se tratava de um jogo qualquer, mas de um Gre-Nal, e com o Grêmio buscando obter classificação direta para a fase de grupos da Libertadores. O dia estava quente e ensolarado, compondo um cenário ideal para a festa. O estádio ficou praticamente lotado, e pintado de azul na sua quase totalidade. A despedida do Olímpico tinha tudo para ser perfeita, mas não foi. Incompreensivelmente, e mais uma vez num jogo decisivo, o técnico do Grêmio, Vanderlei Luxemburgo, apelou para um esquema com três volantes e apenas um atacante. Como das vezes anteriores, não deu certo. Luxemburgo, em seus dez meses de Grêmio, até aqui, montou um bom time, mas errou em todas as decisões e, com isso, tudo que o Grêmio buscava nelas lhe escapou. O Grêmio terá de se contentar com a Pré-Libertadores, o que traz sempre o risco de uma eliminação precoce da competição, afora o fato de diminuir a pré-temporada, o que compromete o trabalho do ano inteiro. O Inter também jogou com três volantes e apenas um atacante, mas, no seu caso, isso era compreensível, pois tudo o que queria era não perder o Gre-Nal, uma vez que não buscava mais nada no Campeonato Brasileiro. O Grêmio, ao contrário, tinha todos os motivos para apresentar uma postura agressiva, pois lutava pelo vice-campeonato e tinha o estádio quase inteiro a seu favor. O medo de ser derrotado no último jogo da história do Olímpico fez com que Luxemburgo escalasse um time defensivo. Nem mesmo o péssimo primeiro tempo do Grêmio fez o técnico mudar de ideia. O Grêmio voltou do intervalo com a mesma escalação. Luxemburgo só alterou o time, colocando mais um atacante, Leandro, depois que o goleiro do Inter, Muriel, foi expulso. Depois de mais uma alteração, com a entrada de Marquinhos, e o Inter com mais um homem expulso, Leandro Damião, o Grêmio tomou conta da partida, mas, absurdamente, não jogava pelos flancos, tentando abrir a defesa do Inter pelo meio.  Isso é duplamente incompreensível. Em primeiro lugar, porque um time com dois jogadores a menos posta-se inteiramente atrás, o que torna quase impossível penetrar em sua defesa com a bola dominada. Isso só é viável quando se possui grandes dribladores, o que não é o caso do Grêmio. Em segundo lugar, porque o centroavante do Grêmio era André Lima, de pouca técnica, mas bastante alto, o que o torna ideal para a jogada aérea. Os erros de escalação e postura do Grêmio facilitaram a vida do Inter, que comemorou o empate em 0 x 0 como se fosse uma vitória, e impediram que a festa de despedida do Olímpico fosse completa. No final, ficou um sentimento de frustração, num verdadeiro anticlímax, que a torcida do Grêmio não merecia enfrentar.

sábado, 1 de dezembro de 2012

A véspera da despedida

O dia de hoje marca a véspera do último jogo do Estádio Olímpico. Durante toda a semana, a imprensa do Rio Grande do Sul destacou o fato. Hoje, até mesmo o "Jornal Nacional" fez menção ao assunto, dizendo tratar-se de um dos estádios mais tradicionais do Brasil. Ao longo da semana, torcedores do Grêmio compareceram em peso ao Olímpico para registrar imagens do estádio e assistir aos treinos do time. Na manhã desse sábado, mesmo com chuva, 15 mil pessoas compareceram ao último treino do Grêmio antes do Gre-Nal de amanhã. Isso mesmo. A última partida do Olímpico será um Gre-Nal, o maior jogo do Rio Grande do Sul. Um jogo sob medida para fechar com chave de ouro os 58 anos de história do Olímpico. Foram 58 anos gloriosos. Para se ter uma ideia, o Grêmio ganhou 29 dos seus 36 títulos de campeão gaúcho no Olímpico. Antes dele, em 51 anos de existência, o Grêmio só tinha conquistado sete títulos estaduais. No Olímpico, entre 1956 e 1968, o Grêmio só não ganhou o Campeonato Gaúcho em 1961. Depois de um período de supremacia do Inter, a partir da inauguração do Beira-Rio, o Grêmio ampliou seu estádio. A partir de 1980, o estádio, com sua capacidade aumentada, tornou-se Olímpico Monumental. Em 1981, o Grêmio começaria uma nova hegemonia, sendo campeão brasileiro, abrindo uma série de títulos como o da Libertadores e do Mundial de Clubes em 1983, o hexacampeonato gaúcho de 1985 a 1990, as Copas do Brasil de 1989, 1994, 1997 e 2001, a Recopa Sul Americana de 1996. Em 1995, conquistou a Libertadores pela segunda vez. Agora, o Grêmio irá para o terceiro estádio da sua história, a Arena. Foram títulos escassos na Baixada e muitas conquistas no Olímpico. Caberá ao Grêmio, na Arena, dar continuidade aos muitos êxitos alcançados no Olímpico, iniciando uma nova era de supremacia do clube. Por enquanto, na torcida, ficará um enorme sentimento de saudade pelos grandes momentos vividos nos 58 anos de seu querido e glorioso estádio, cuja trajetória está por se encerrar.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Primeiro deslize

Por motivos técnicos, por dois dias não pude postar novos textos nesse espaço. Nesse período, sem dúvida, o assunto de maior evidência foi a escolha do novo técnico da Seleção Brasileira, Luís Felipe Scolari, o Felipão. Trata-se de uma aposta em um técnico que foi o último a conquistar uma Copa do Mundo pela Seleção. Junto com ele, como coordenador técnico, foi contratado Carlos Alberto Parreira, outro que foi campeão mundial pela Seleção. Como falta pouco mais de um ano e meio para a Copa do Mundo de 2014, a CBF preferiu apostar na experiência, por entender que não há tempo a perder. O anúncio da contratação de Felipão, dessa vez, não gerou o mesmo entusiasmo. Afinal estava desempregado, depois de ser demitido pelo Palmeiras em meio ao Campeonato Brasileiro. Embora tenha sido campeão da Copa do Brasil pelo Palmeiras em 2012, seu trabalho no clube, nessa última passagem, não chegou a ser bom. Em sua primeira entrevista como novo técnico da Seleção Brasileira, Felipão já cometeu o seu primeiro deslize. "Se não tiver pressão, vai trabalhar no Banco do Brasil, senta no escritório e não faz nada", disse Felipão. A frase, como não poderia deixar de ser, foi mal recebida, gerou protestos e obrigou Felipão a fazer um pedido de desculpas. Felipão demonstra, assim que continua com o mesmo estilo truculento de sempre. Excessos verbais à parte, a questão que importa é saber o que se pode esperar de Felipão nessa sua segunda passagem pela Seleção. Felipão é um grande técnico, ninguém discute. Seus últimos trabalhos não tem sido tão bons, mas quem sabe não esquece. Sua experiência e a de Parreira poderão ser importantes nesse momento. Os dois, pelo currículo que ostentam, tem uma imposição junto aos jogadores que poucos técnicos possuem. Jogadores rodados e multicampeões sabem que Felipão e Parreira gozam do mesmo prestígio profissional. São vitoriosos, milionários, não se deixam comandar por jogadores acometidos de estrelismo, Tomara que, no trabalho específico de campo, Felipão e Parreira ainda consigam se mostrar eficientes. Nesse caso, a Seleção terá tudo para dar certo. Desde já, torço para que isso se confirme.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Conduta estranha

Alegando riscos à integridade física dos torcedores, a Brigada Militar e o Corpo de Bombeiros decidiram proibir a chamada "avalanche" da torcida Geral do Grêmio no futuro estádio do clube, a Arena. O fato chama a atenção pois o estádio está sendo construído há mais de dois anos, e era de conhecimento público que uma área dele havia sido reservada para a avalanche. Agora, Brigada e Bombeiros exigem que o estádio tenha cadeiras na totalidade de suas acomodações, impedindo a avalanche. Os motivos alegados parecem sempre, aos desavisados, muito ponderáveis e responsáveis, mas não me convencem. Porque as duas instituições só se manifestaram sobre o assunto agora, quando falta pouco mais de uma semana para a inauguração do estádio? Porque as mesmas instituições deram seu aval permitindo que o Beira-Rio, que há muito deveria estar interditado, continue a sediar jogos, mesmo sendo um estádio totalmente inseguro e praticamente reduzido a escombros em função das obras de sua reforma? Entendo que o Grêmio não deva se curvar a tal proibição e faça o possível para manter a avalanche. Não cabe à Brigada e aos Bombeiros tomar esse tipo de decisão, ainda que alegadamente para a defesa do público. No contexto do futebol, Brigada e Bombeiros são auxiliares, não podem assumir uma condição de protagonismo. Seu papel é colaborar com o espetáculo, não o de proibir ou decidir seja lá o que for. São coadjuvantes, jamais, em hipótese alguma, podem se tornar protagonistas. Devem trabalhar a partir do que lhes for solicitado, nunca comandar as decisões. O Grêmio não pode se submeter á ingerência indevida e descabida. Cabe ao clube, e a mais ninguém, estabelecer as regras a serem observadas em seu estádio.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Um novo mito na Fórmula-1

O alemão Sebastian Vettel conquistou ontem, no Grande Prêmio do Brasil de Fórmula-1, no autódromo de Interlagos, em São Paulo, o seu terceiro título de campeão mundial. Vettel passa a integrar um seleto grupo, onde estão pilotos como Jackie Stewart, Ayrton Senna, Nikki Lauda e Nélson Piquet, que também ganharam três títulos mundiais. Porém, Vettel pertence a um grupo ainda mais distinto, o dos pilotos que ganharam três títulos de forma consecutiva. Nesse item, afora Vettel, só há outros dois pilotos em toda a história da Fórmula-1: Juan Manuel Fangio e Michael Schumacher. Fangio e Schumacher são também, os dois maiores vencedores da categoria. Fangio ganhou cinco títulos, e Schumacher, o recordista absoluto, foi sete vezes campeão. Vettel ao igualar um feito dos dois, demonstra que já pode ser incluído não mais, apenas, na categoria dos grandes pilotos, mas, sim, na dos fora de série da Fórmula-1. Com 25 anos, Vettel é o piloto mais jovem a conquistar três títulos da modalidade. Pela idade que tem, e pelo desempenho que vem alcançando, Vettel tem tudo para se tornar o recordista absoluto da Fórmula-1, superando seu compatriota Schumacher. Para se ter uma ideia de sua performance, se ganhar mais um título, Vettel igualará Alain Prost, o terceiro maior vencedor da Fórmula-1. Se ganhar mais dois, empatará com Fangio. Com mais três títulos, se tornará o segundo maior vencedor da categoria. Para obter tudo isso, sobram tempo e talento para Vettel. Há um novo mito na Fórmula-1.

domingo, 25 de novembro de 2012

Outra derrota

O Inter sofreu, hoje á tarde, sua quarta derrota consecutiva no Campeonato Brasileiro. Nesses quatro jogos, não marcou nenhum gol. Nem mesmo a saída de Fernandão, substituído pelo técnico interino Osmar Loss, surtiu efeito. Dessa vez, a derrota foi para a Portuguesa, por 2 x 0, em pleno Beira-Rio. A ideia de que o time pudesse mostrar mais futebol e disposição após a saída de Fernandão, com quem o grupo de jogadores estaria incompatibilizado, logo caiu por terra. O Inter exibiu a mesma falta de futebol de outras partidas, e foi apático, novamente. Sua única motivação, nos últimos dias, tem sido a hipótese de ganhar o Gre-Nal que será o derradeiro jogo da história do Olímpico, acrescido do fato de que isso poderá fazer com que o Grêmio não se classifique diretamente para a fase de grupos da Libertadores. Convenhamos, é muito pouco para um clube do porte do Inter. Mesmo com o título do Campeonato Gaúcho, conquistado no primeiro semestre, 2012 foi um ano muito ruim para o Inter. Essa é uma realidade que nenhum resultado no Gre-Nal irá mudar. Está na hora do Inter projetar, com muita atenção, o ano de 2013, se não quiser acumular novas frustrações.

Uma tarde quase perfeita

Para o Grêmio, a tarde de hoje, por pouco, não foi perfeita. Por apenas alguns minutos, o clube deixou de conquistar a classificação para a Libertadores diretamente para a fase de grupos. O Grêmio fez a sua parte, ao ganhar do Figueirense, no Orlando Scarpelli, por 4 x 2, mas o Atlético Mineiro, que perdia para o Botafogo, no Engenhão, fez dois gols no final, vencendo por 3 x 2 e, assim, a definição sobre quem será o vice-campeão brasileiro ficou para a última rodada. O Grêmio, com um ponto e uma vitória a mais, está em vantagem, mas tudo pode acontecer, já que os dois clubes jogarão contra os seus maiores rivais. O Grêmio irá jogar contra o Inter, naquela que será a última partida da história do Olímpico. O Atlético Mineiro enfrentará o Cruzeiro, no Independência, num jogo em que só a sua torcida estará presente. Até pelas campanhas que realizam, bem melhores que as dos seus adversários na última rodada do Campeonato Brasileiro, Grêmio e Atlético Mineiro são os favoritos. Se ambos ganharem, o Grêmio será o vice-campeão brasileiro. Por enfrentarem, justamente, os seus rivais históricos, os dois terão enormes dificuldades. Se conseguirem dominar os nervos, contudo, deverão impor sua qualidade superior. Serão dois jogos de estádio lotado, a comprovar, mais uma vez, que o campeonato não acaba quando o campeão é definido antecipadamente, Há outros objetivos a buscar, e a classificação direta para a Libertadores, que permite a realização de uma pré-temporada maior, é um deles.

sábado, 24 de novembro de 2012

Emoção até o fim

O Campeonato Brasileiro da 2ª Divisão teve, no seu final, a emoção que faltou na Série A. Na 1ª Divisão, faltando ainda duas rodadas para o término da competição, nesse e no próximo final de semana, os quatro primeiros colocados, que se classificam para a Libertadores, já estão definidos. Resta saber, apenas, quem será o vice-campeão, que entrará direto na fase de grupos da Libertadores, Grêmio ou Atlético Mineiro, com vantagem para o primeiro, que, momentaneamente, ocupa o 2º lugar. Na Série B, por sua vez, a emoção persistiu até a última rodada, encerrada hoje. Goiás e Criciúma disputavam o título, e três clubes lutavam por duas vagas para a 1ª Divisão, Atlético Paranaense, Vitória (BA) e São Caetano. A situação mais difícil era a do São Caetano, pois precisava vencer o Guarani, em Campinas, e torcer para que um dos outros dois perdesse. Para agravar a situação do São Caetano, o Guarani jogava em casa tentando evitar o rebaixamento para a 3ª Divisão. Pois quase que o São Caetano consegue a sua façanha. O São Caetano saiu na frente no placar, sofreu o gol de empate, mas ganhou o jogo por 2 x 1. Enquanto isso, Atlético Paranaense e Vitória, que jogavam em casa contra Paraná e Ceará, respectivamente, clubes que nada aspiravam, fizeram 1 x 0, mas cederam o empate, levando suas torcidas a viverem um filme de terror, pois a derrota de um dos dois, combinada com a vitória do São Caetano, faria com que perdessem a classificação para a 1ª Divisão para o clube paulista. Os empates, contudo, foram mantidos, o que fez com que houvesse um empate em pontos entre os três clubes. Porém, por terem obtido uma vitória a mais que o São Caetano, Atlético Paranaense e Vitória subiram para a 1ª Divisão, enquanto o São Caetano permanecerá na Série B. O Goiás, que ganhou, de virada, do Joinville, no Serra Dourada, ficou com o título, e o Criciúma, que empatou em 1 x 1 com o Avaí, na Ressacada, foi o vice-campeão. Uma rodada final cheia de emoção, pondo por terra os argumentos de quem diz que a fórmula de pontos corridos não é empolgante. Havendo equilíbrio entre os disputantes, a emoção se fará presente. Se o Campeonato Brasileiro da 1ª Divisão foi definido com antecedência, isso não é culpa da fórmula, mas do desequilíbrio técnico entre os participantes. O resultado final da 2ª Divisão contemplou, também, os interesses maiores do futebol. Atlético Paranaense e Vitória são clubes de grandes torcidas, ao contrário do São Caetano, que tem pouco apelo popular. Sejam bem-vindos de volta à elite do futebol brasileiro.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Saída em hora inesperada

A demissão do técnico da Seleção Brasileira, Mano Menezes, anunciada hoje à tarde, pegou a todos de surpresa. O fato não vinha sendo cogitado pela imprensa. Mano saiu justamente no momento em que parecia ter achado uma escalação titular para a Seleção, com dúvidas apenas em relação ao goleiro e ao centroavante. O trabalho de Mano, em dois anos e três meses no cargo, nunca chegou a entusiasmar, mas, quando começava a mostrar alguma consistência, foi interrompido. Agora, a dúvida é saber quem será o próximo técnico. Conforme a imprensa, os nomes preferenciais são os de Tite, Muricy Ramalho e Felipão. O nome, contudo, só deverá ser divulgado em janeiro. Até lá, teremos muitas especulações. Seja como for, o tempo passa rápido e faltam, apenas, um ano e sete meses para o início da Copa do Mundo de 2014. O novo técnico não terá tempo a perder.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Ocaso

O sucesso é algo que, em princípio, todo artista busca. Há aqueles que o alcançam e o mantém ao longo de toda uma carreira. Outros, depois de um êxito fulgurante, caem no ostracismo. O cantor e compositor Belchior parece estar no segundo caso. Em apenas cinco anos, entre 1974 e 1979, Belchior saltou do anonimato para a fama, compondo músicas que se tornaram hinos de uma geração. O grande impulso em sua carreira ocorreu quando Elis Regina gravou, num mesmo disco, duas composições de sua autoria, "Como Nossos Pais" e "Velha Roupa Colorida". A primeira delas tornou-se um dos maiores clássicos do repertório da cantora. A partir daí, Belchior emplacou vários sucessos em gravações próprias. "Todo Sujo de Batom", "A Palo Seco", "Galos, Noites e Quintais", "Paralelas", "Divina Comédia Humana", "Apenas um Rapaz Latino-Americano", "Medo de Avião", foram alguns de seus muitos sucessos. "Mucuripe", composição de Belchior em parceria com Fágner foi gravada por Roberto Carlos. Passados esses cinco anos, no entanto, a fonte da inspiração de Belchior pareceu secar. Depois de tantas músicas de sucesso num período tão curto, seus discos já não tinham o mesmo êxito comercial. Os próprios lançamentos começaram a escassear. Porém, com tantas músicas na memória das pessoas, concentrou-se na realização de shows, que o fizeram permanecer em evidência. Nos últimos anos, contudo, Belchior, literalmente, saiu de cena. Em 2009, o programa "Fantástico", da Rede Globo, deu conta de que Belchior estava sumido. O cantor e compositor foi localizado no Uruguai e disse não entender o porquê da preocupação com o seu paradeiro. Agora, três anos depois, o noticiário revela que Belchior abandonou um hotel no Uruguai devendo seis meses de diárias não pagas, e deixando para trás, no quarto que ocupava com sua mulher, alguns pertences pessoais. Dias depois dessa revelação pela imprensa, Belchior e sua mulher foram vistos em Porto Alegre, no bairro Moinhos de Vento. Algumas das pessoas que avistaram o casal disseram ter a impressão de que eles caminhavam sem rumo certo. O que está acontecendo com Belchior é um tanto intrigante. Parece claro que ele enfrenta dificuldades financeiras, mas isso não chega a ser de todo compreensível, já que pessoas ligadas ao meio musical garantem que há grande interesse por shows de Belchior, o que lhe garantiria uma boa fonte de renda. Particularmente, sou um grande admirador da obra de Belchior e, por isso, lamento que, sendo ele tão talentoso, viva tamanho ocaso em sua trajetória.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Bicampeã

A Seleção Brasileira perdeu por 2 x 1 para a Argentina, hoje, na Bombonera, pelo Superclássico das Américas. Como havia ganho o primeiro jogo, no Brasil, pelo mesmo placar, a decisão foi para os tiros livres da marca do pênalti. Aí, de forma emocionante, a Seleção venceu por 4 x 3, conquistando o bicampeonato da competição. O Superclássico das Américas é uma reedição da antiga Copa Roca, cuja última disputa aconteceu em 1976. O jogo transcorria morno, num 0 x 0 que garantia o título para a Seleção. Foi aí que, já próximo do final da partida, o árbitro marcou um pênalti, inexistente, para a Argentina, que saiu na frente no placar. A Seleção reagiu, e empatou logo depois. O resultado já parecia definitivo, e o título conquistado, quando a Argentina, num contra-ataque, fez o gol da vitória. A Seleção parecia mais cansada e psicologicamente abatida, mas a perda das duas primeiras cobranças pela Argentina acabou sendo decisiva. Mesmo com Carlinhos errando a sua cobrança, a Seleção venceu por 4 x 3 e obteve o bicampeonato. A competição não chega a ser das mais importantes, e as duas equipes só contaram com jogadores que atuam nos dois países, mas a Seleção mostrou empenho e motivação, e a torcida brasileira presente ao estádio voltou a vibrar e a se identificar com ela. Isso é o que fica de mais importante.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

A saída de Fernandão

O que era especulado acabou se confirmando, hoje, e Fernandão não é mais o técnico do Inter. Ainda ontem, o presidente do clube, Giovanni Luigi, garantia a continuidade de Fernandão, mas as pressões em contrário eram muito fortes, e o técnico foi demitido. Fernandão concedeu uma longa entrevista de despedida do cargo, na qual, em determinado momento, chorou, quase não conseguindo prosseguir. O choro de Fernandão foi motivado pela lembrança de que, num momento em que não tinha zagueiros para escalar, o volante Ygor se prontificou a jogar improvisado na função, o que foi recusado por outro jogador. Esse jogador, cujo nome não foi revelado por Fernandão, seria o argentino Bolatti. Some-se a isso a informação de que a demissão de Fernandão teve como um dos motivos o temor de que os jogadores boicotassem o técnico no Gre-Nal da última rodada do Campeonato Brasileiro e se pode ter uma ideia do quadro aterrador que vive o vestiário do Inter. Na verdade, a contratação de Fernandão havia sido um evidente equívoco. Fernandão não tinha experiência anterior na função e pegou o "bonde andando", após a demissão de Dorival Júnior, o que exigiria alguém mais experiente. Mais uma vez, Osmar Loss foi convocado para ser o técnico interino, que treinará o Inter nos dois jogos que lhe restam no Brasileirão. Resta a curiosidade de saber como o time irá se comportar em campo. Se o rendimento aumentar consideravelmente, a ideia de que os jogadores não vinham se empenhando ganhará ainda mais força. Seja como for, o vestiário do Inter, há muito tempo, clama por uma varredura. O que, no entanto, não deverá acontecer. Giovanni Luigi, com seu estilo leniente, por certo não irá realizá-la. Por sinal, é Luigi o maior responsável por tudo que vem acontecendo ao Inter. Não fora ter ganho dois campeonatos gaúchos, sua administração nada teria a mostrar. Ainda assim, é muito pouco em comparação com seus antecessores Fernando Carvalho e Vitório Píffero. Isso não impediu que Luigi fosse reeleito pelo Conselho Deliberativo do Inter para mais dois anos de mandato, sem que os associados pudessem votar. Uma decisão difícil de entender fora dos conchavos políticos do clube.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Limites

A sociedade se solidifica com o compartilhamento de valores em comum entre os indivíduos. Porém, dada a diversidade e heterogeneidade humanas, esses valores são preponderantes, jamais consensuais. Isso é muito bom, pois, em caso contrário, teríamos uma construção social claustrofóbica, incapaz de abrigar a necessária pluralidade de ideias e comportamentos. Com o avançar do tempo, e a mudança cada vez mais acelerada dos costumes, esses pilares conceituais vão se tornando cada vez mais frágeis. Tudo parece caminhar na direção de que nada é definitivo ou inquestionável. Num mundo onde o dinheiro parece ser o único parâmetro, tudo pode ser vendido, sem restrições ou pudores de qualquer espécie. No entanto, será que é assim mesmo? Teríamos atingido um estágio civilizatório onde todas as restrições foram removidas e tudo pode ser transacionado? Uma matéria da edição dessa semana da revista "Veja" coloca esse assunto em discussão. Tendo como mote o caso da catarinense Ingrid Migliorini, de 20 anos, que pôs em leilão a sua virgindade, a revista propõe a reflexão sobre a ideia de que tudo pode ser vendável. A posição de "Veja" é de que valores familiares, ideais e senso cívico são inegociáveis, mas, cada vez mais, há quem defenda o contrário. Tenho uma visão libertária em termos de moral e costumes, mas entendo que a comercialização indiscriminada de qualquer coisa, incluindo venda de órgãos, bebês, cobaias humanas e de sangue para transfusões, degrada a condição humana. O ser humano, numa condição assim, se despe da sua dignidade, e se torna apenas mais um objeto. Por incrível que pareça, contudo, há quem defenda o contrário. O economista Gary Becker, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1992, é a favor do comércio de órgãos! Para Becker, a venda de órgãos acabaria com o mercado negro, reduziria a espera por transplantes, evitaria a morte de muitas pessoas e não teria impacto considerável nos custos médicos globais desse tipo de procedimento clínico. O jurista americano Richard Posner, por sua vez, acha que a venda de bebês eliminaria a burocracia envolvida no processo de adoção e reduziria filas de espera em orfanatos. Posner argumenta, também, que as crianças sairiam ganhando, por serem criadas em lares com melhores condições econômicas. Felizmente, outras figuras intelectualmente tão respeitáveis quanto Becker e Posner, tem uma visão oposta. Uma delas é o filósofo Michael Sandel, da Universidade de Harvard. Sandel reconhece que o mercado produz riquezas materiais, mas afirma que sua lógica não pode dominar todas as relações entre as pessoas. Não se pode, declara Sandel, explicar todo e qualquer comportamento humano em termos puramente econômicos, pois essa visão desconsidera os valores morais, as atitudes e as complexidades das relações entre as pessoas. Não é à toa que Sandel é um filósofo. Tivesse a filosofia um maior peso no mundo atual, e, certamente, essa mercantilização da vida não estaria no patamar em que se encontra. Trata-se de mais uma demonstração de quão aviltante pode ser uma sociedade que valoriza apenas o lucro e as vantagens materiais, e da capacidade quase inesgotável do capitalismo de promover a degradação do ser humano.

domingo, 18 de novembro de 2012

Rotina

Nada de novo aconteceu nos resultados da dupla Gre-Nal nos jogos de hoje, pelo Campeonato Brasileiro. O Grêmio, depois de estar perdendo por 2 x 0, reagiu e empatou em 2 x 2 com a Portuguesa, no Canindé, dando prosseguimento a sua boa campanha na competição e mantendo o 2º lugar, que dá classificação direta para a Libertadores. O Inter perdeu por 2 x 0 para o Corinthians, no Beira-Rio, mostrando-se, mais uma vez, pouco animado, mesmo com as constantes reuniões para mobilizar o grupo. Na verdade, os resultados espelham o momento dos dois clubes. O Grêmio segue motivado no Brasileirão, pois tem o objetivo de ser vice-campeão para obter a classificação direta para a Libertadores. O Inter, por sua vez, nada mais aspira na disputa e, por isso, se arrasta num cumprimento de tabela melancólico. Ainda que tenha sofrido, na quinta-feira, uma eliminação traumática na Copa Sul-Americana, o Grêmio vive um presente bem melhor, e tem um futuro mais promissor do que o Inter.

A cidade onde tudo acontece

O Rio de Janeiro é, na minha opinião, a mais linda cidade do mundo. Depois que alguém a conhece, é quase impossível não chegar a essa conclusão. Não há outra cidade que possa reunir tantas belezas naturais ao mesmo tempo, belas praias em plena área urbana, floresta, morros, paisagens luxuriantes. Junte-se a isso um povo com a vocação para o prazer e o contentamento, e se está diante, também, de um lugar que é uma festa permanente. A cidade onde tudo acontece. Com seu enorme apelo turístico, o Rio recebe visitantes o ano inteiro, não só no verão. Em qualquer época do ano, ao circular por suas ruas, nos depararemos com pessoas falando os mais diferentes idiomas. Estive no Rio durante quatro dias e, mais uma vez, pude comprovar o seu encanto irresistível, sua beleza ímpar, a população local e os visitantes partilhando o compromisso de desfrutar o que de bom a vida pode oferecer. Afora sua atrações de sempre, hoje, a cidade foi movimentada pela Parada Gay, com toda a sua descontração e irreverência. Um dia lindo, ensolarado, de praias lotadas. Porém, o Rio não é só um belo cenário. Também é um pólo cultural, onde está centrada grande parte da produção musical, cinematográfica, teatral e literária do país. Numa comprovação desse fato, o tradicional Festival de Cinema de Tribeca terá uma edição no Rio já em 2013. O Rio é um manancial permanente de atividades. Uma cidade que é um antídoto contra a depressão.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Eliminação cruel

A eliminação do Grêmio na Copa Sul-Americana se deu de forma cruel. O Grêmio saiu na frente no placar, e só seria eliminado se sofresse três gols. Pois foi exatamente o que aconteceu. O último gol, de pênalti, ocorreu já nos acréscimos. Duro demais! O pênalti, embora a revolta dos jogadores do Grêmio, existiu. A culpa pela derrota de 3 x 1 do Grêmio para o Millonarios (COL), no El Campin, em Bogotá, ontem, não é da arbitragem. Um time que obtém um resultado  parcial, embora estivesse perdendo, que ainda lhe era favorável, não pode permitir uma reversão nos acréscimos. Ao apelarem para os chutões, os jogadores do Grêmio facilitaram a tarefa do adversário. Deviam era ter mantido a posse de bola, enervando o Millonarios. O técnico do Grêmio, Vanderlei Luxemburgo, mais uma vez, cometeu erros num jogo decisivo. Novamente, começou o jogo com três volantes e apenas um atacante, o quer nunca deu certo. Pior, ao ter a sorte de sair na frente no placar, manteve o esquema até o final. A saída de Kléber, lesionado, poucos minutos depois de entrar em campo, também resultou de um erro de Luxemburgo. Não havia nenhuma razão para tirar Marcelo Moreno e colocar Kléber, que vinha de lesão e não tem correspondido tecnicamente. O resultado foi uma ducha de água fria na, até então, eufórica torcida gremista. A partir dele, a renovação de contrato de Luxemburgo pode já não ser tão certa quanto parecia.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Empate

A Seleção Brasileira empatou em 1 x 1 com a Colômbia, hoje, em New Jersey (EUA), mostrando um bom futebol e deixando escapar a vitória, que seria de virada, numa desastrada cobrança de pênalti de Neymar. A Seleção terminou o primeiro tempo perdendo por 1 x 0, mas soube reagir no segundo, com um belo gol de Neymar. O jogo foi de boa qualidade, e a Colômbia é uma equipe que realiza boa campanha nas Eliminatórias da América do Sul para a Copa do Mundo de 2014, o que faz com que o resultado não seja um tropeço como muitos possam imaginar. A Seleção Brasileira, como vem acontecendo nos últimos jogos, tem mostrado evolução. Os jogadores, agora, estão aplicados, o que não acontecia antes. Um reparo que pode ser feito, no entanto, é a insistência do técnico da Seleção, Mano Menezes, em não escalar um centroavante de ofício na equipe titular. Um atacante com "faro de gol" é um recurso de que não se deve abrir mão. Mesmo sem vencer, contudo, a Seleção demonstrou que seu futebol está em crescimento e, ao menos por hora, Mano Menezes não deve estar com o cargo ameaçado. O que deve ser lamentado é que, tendo sido o milésimo jogo da história da Seleção, a equipe não tenha obtido uma vitória para ressaltar tão expressiva marca.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Forjando candidatos

A imprensa conservadora, principalmente a revista "Veja", segue em seu afã de descobrir um candidato viável para desalojar o PT do governo federal. Depois da morte política de José Serra, duas vezes derrotado em eleições presidenciais e que acaba de perder a disputa para prefeito de São Paulo, e diante da incerteza sobre a potencialidade de Aécio Neves, a aposta da vez é o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Por haver rompido alianças com o PT e candidatos de seu partido terem ganho eleições para prefeito em Recife, Fortaleza e Belo Horizonte, Campos está sendo apontado como nome certo para concorrer a presidente em 2014. Conforme "Veja", o governador até já montou uma agenda de conversas com empresários e escalou sua equipe de assessores visando a eleição presidencial de 2014. A aposta em Campos mostra o quão desesperada é a tentativa da imprensa de direita de tirar o PT do poder. Ao contrário de Serra e Aécio, integrantes de um partido conservador, Campos pertence a uma sigla socialista, e é neto de Miguel Arraes, um esquerdista histórico. Mesmo que tenha crescido de cotação no cenário político, Campos teria enorme dificuldade de ganhar do PT concorrendo por um partido de estrutura ainda modesta no plano nacional. O PSB é um tradicional aliado do PT, e não é certo que até 2014 não possa haver uma reaproximação entre os dois partidos em localidades onde houve um afastamento. Não bastasse isso, Campos é jovem e não precisa ter pressa. Pode muito bem esperar mais tempo para sedimentar sua imagem, postergando uma candidatura a presidente para 2018. Por enquanto, com Eduardo Campos concorrendo ou não, inexistem perspectivas concretas de o PT perder o poder no governo federal, para desconsolo da imprensa de direita.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Título inquestionável

O título de campeão brasileiro de 2012 conquistado ontem pelo Fluminense não deixa margem para contestações. Afinal, foi ganho três rodadas antes do final da competição. O Fluminense foi superior em todos os itens. Teve o ataque, mais positivo, a defesa menos vazada e, até o momento, o goleador do campeonato. Metade de suas vitórias ocorreram fora de casa. Seu rendimento percentual até agora, de 72,38%, é o mais alto da era dos pontos corridos. Por sinal, o técnico do Grêmio, Vanderlei Luxemburgo, destacou o fato de que, com o rendimento que seu time possui até aqui, de 62,86%, teria conquistado o título nas três últimas edições do Campeonato Brasileiro, ou seja, o desempenho do Fluminense é que superou todas as expectativas. Mesmo que, em alguns jogos, tenha sido beneficiado pelas arbitragens, o Fluminense, pela expressividade dos números de sua campanha, é um campeão mais do que legítimo. A trajetória do Fluminense, nos últimos anos, tem sido amplamente exitosa. Nos três últimos campeonatos brasileiros, foi campeão em 2010 e 2012 e 3º colocado em 2011. Foi vice-campeão da Libertadores em 2008, mesma posição que alcançou na Copa Sul-Americana de 2009, ainda que, naquele ano, tenha evitado de forma heróica o rebaixamento no Brasileirão. A lamentar, somente, que, pelo fato do título ter sido decidido de forma antecipada, alguns cronistas esportivos estejam, novamente, criticando a disputa de pontos corridos e propondo a volta do formulismo. Seria um retrocesso inaceitável. O campeonato de pontos corridos premia o melhor e, por isso, é o mais justo. O resto é choro de mau perdedor.

domingo, 11 de novembro de 2012

Ladeira abaixo

A derrota por 1 x 0 para a Ponte Preta, hoje, no Moisés Lucarelli, expôs ainda mais o contraste da situação do Inter comparada com a do seu maior rival, o Grêmio. Enquanto o Grêmio sobe na tabela do Campeonato Brasileiro, ocupando, agora, o 2º lugar, o Inter segue descendo a ladeira. Com a derrota de hoje, caiu para o 8º lugar. O Inter está 15 pontos atrás do Grêmio e tem seis vitórias a menos do que o seu tradicional adversário. Sua única motivação até o encerramento da competição é ganhar o Gre-Nal da rodada final, que será o último jogo da história do Olímpico. Muito pouco para um clube da expressão do Inter. Independentemente do resultado do Gre-Nal, 2012 não deixará saudades nos torcedores do Inter.

Vitória com a marca da imortalidade

A vitória do Grêmio por 2 x 1, de virada, sobre o São Paulo, hoje à tarde, no Olímpico, pelo Campeonato Brasileiro, foi digna da exitosa história do clube. O Grêmio jogou melhor a partida inteira, mas saiu perdendo, com um gol sofrido no final do primeiro tempo, e foi obrigado a empenhar-se muito para obter a virada. O descanso de oito dias sem jogos fez bem ao time, que mostrou fôlego durante toda a partida. Vários jogadores se destacaram individualmente, principalmente Marcelo Grohe, Naldo, Souza e Zé Roberto. Por sinal, Zé Roberto parecia um garoto, não um jogador de 38 anos, dada a exuberante condição física que demonstrou. Deve-se destacar, também, que, enquanto o São Paulo jogou completo, o Grêmio esteve desfalcado de Werley, Gilberto Silva, Elano e Kléber, todos eles titulares absolutos. Mesmo assim, em momento algum o Grêmio foi inferior ao seu adversário. A vitória de hoje teve significados bem mais amplos do que os do jogo em si. O Grêmio alcançou o segundo lugar na tabela, ultrapassando o Atlético Mineiro, posição que, se mantida, lhe dará a classificação direta para a fase de grupos da Libertadores. Foi uma tarde gloriosa no penúltimo jogo da história do Olímpico. Não faltou nada. Tempo bom, estádio lotado, torcida vibrante e em sintonia com o time. Uma tarde com a marca da imortalidade gremista, exaltada na letra do hino do clube, composto pelo genial Lupicínio Rodrigues.

sábado, 10 de novembro de 2012

O curioso universo das redes socias

Um dos grandes fenômenos dos tempos atuais são as redes sociais, cujo maior expoente é o Facebook. Representam um interessante recurso, permitem a reaproximação de pessoas que há muito estavam sem contato, entre outras possibilidades. Porém, há um aspecto especialmente interessante. As postagens nas redes sociais revelam a existência de posições ideológicas carregadas de um furor xiita. Se o autor do comentário tiver posições de direita, veremos postagens contra a "corrupção que tomou conta do Brasil" e aplausos às punições do Supremo Tribunal Federal contra os "mensaleiros". Se o autor da mensagem tiver posições de esquerda, nos depararemos com campanhas contra a Rede Globo, a disseminação dos shopping centers, o consumismo desenfreado, a repressão policial. Nota-se um tom de fanatismo em ambos os lados. A defesa dessas posições se faz com um claro sentimento de ódio em relação ao pensamento contrário. Lamentavelmente, tais pessoas são incapazes de prezar a pluralidade. Sonham com um mundo em que prevaleçam apenas as suas vontades, numa visão totalitária de sociedade. Não consigo pensar assim. Claramente, minhas posições ideológicas são de esquerda, mas não desejo cassar a concessão da Rede Globo, nem proibir a construção de shopping centers. Cultivo uma visão humanista de sociedade e, sendo assim quero um mundo que permita a convivência respeitosa entre os diferentes, e não uma sufocante homogeneidade, onde não haja espaço para o contraditório.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Reeleição

O presidente do Inter, Giovanni Luigi, foi reeleito para mais dois anos de mandato. A recondução de Luigi se deu no Conselho Deliberativo, sem a necessidade de um segundo turno com o voto dos associados. Isso aconteceu porque as outras duas chapas concorrentes não conseguiram superar a cláusula de barreira de 25% dos votos no Conselho para levar a eleição a um segundo turno. O fato, certamente, desagradou os associados, que tinham a expectativa de poder votar. Há quem diga que, caso a eleição fosse para o segundo turno, Luigi tinha grande possibilidade de ser derrotado, devido aos maus resultados de campo do Inter em 2012. Porém, Luigi possui ampla maioria no Conselho Deliberativo, e foi isso que decidiu a eleição em seu favor já no primeiro turno. Agora, na data que estava reservada para um possível segundo turno, 15 de dezembro, haverá eleição para renovação de parte do Conselho. Será o momento de os associados descontentes com o resultado de hoje votarem para modificar a composição do Conselho, mudando sua relação de forças. No entanto, pelos próximos dois anos, Luigi continuará a presidir o Inter. Nota-se, pelas manifestações nas redes sociais e canais de interatividade, que a permanência de Luigi no cargo desagrada a um grande número de torcedores do Inter, e é vista com agrado pelos do Grêmio. O primeiro desafio de Luigi no seu novo mandato será desmanchar o conceito negativo da opinião pública em relação à sua competência administrativa.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Os 25 anos de um disco notável

Em 2012 completam-se 25 anos do lançamento de "Cloud Nine", o último disco solo de George Harrison. Nos cinco anos anteriores, desde 1982 com "Gonne Troppo", George ficara sem gravar. Nos 14 anos que se seguiram, de "Cloud Nine" até sua morte, em 2001, George colocou no mercado uma coletânea, um álbum duplo gravado ao vivo no Japão, seu primeiro show desde 1974, e dois discos com o "Travelling Wilburys", grupo de astros da música que contava, também, com Bob Dylan, Roy Orbison, Jeff Lyne e Tom Petty. Orbison, por sinal, faleceu antes da gravação do segundo disco do grupo. Afora isso, Harrison, nesse longo período, fez participações em gravações de amigos e dedicou-se à sua produtora de filmes, a Handmade. O jubileu de prata de "Cloud Nine", no entanto, não vale ser destacado apenas por esses aspectos históricos. Sua qualidade é excelente, pouco abaixo, se é que está, do álbum triplo "All Things Must Pass", de 1970, a obra-prima da carreira solo de George. Ainda me recordo da sensação de quando adquiri "Cloud Nine", em vinil. A cada música que ouvia, mais encantado eu ficava. George, depois de um período de baixa na carreira, com trabalhos de qualidade irregular, voltava ao melhor da sua forma. A imprensa cobria o lançamento de elogios. Era o ressurgimento exuberante de um astro que permanecera sem gravar por cinco anos. "Cloud Nine" é para se ouvir sem pular faixas. Somado à excelência das composições, contou com a participação de músicos de primeiro nível. Nas guitarras, junto com George, Eric Clapton e Jeff Lyne. Na bateria, Ringo Starr e Jim Keltner. No piano, Elton John e Gary Wright. Na percussão, Ray Cooper. Um disco primoroso. Curiosamente, o grande sucesso do disco foi um cover, "Got My Mind Send On You", música composta por Rudy Clark. Com o disco, George voltou aos primeiros lugares das paradas de singles e de álbuns, depois de muitos anos. Tinha tudo para ser um retorno triunfal para uma série de lançamentos de grande êxito comercial, mas George não parecia pensar assim e praticamente encerrou sua carreira discográfica com "Cloud Nine". Talvez, por que tivesse provado, para quem duvidasse, de que podia fazer, novamente, um disco tão bom quanto os primeiros de sua carreira solo. Seja como for, quem não conhece "Cloud Nine" deveria ouvi-lo. Por certo, não irá se arrepender.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

A reeleição de Obama

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi reeleito. O mundo pode respirar aliviado. Não poderia haver nada pior do que uma vitória do candidato do Partido Republicano, Mitt Romney, na eleição presidencial americana. Seria um retorno aos oito anos desastrosos em que George Walker Bush presidiu o país. Romney é um republicano típico. Riquíssimo, moralmente conservador, e um Robin Hood às avessas, que propõe impostos maiores para os mais pobres e diminuição da taxação dos mais bem situados economicamente. As proposições republicanas são extremamente retrógradas e, sob esse aspecto, seria melhor que em todas as eleições presidenciais americanas o vencedor fosse o candidato do Partido Democrata, mas, infelizmente, não é assim que as coisas ocorrem. A cada vez que os republicanos assumem o poder crescem os gastos militares, surgem novas guerras, aumenta o intervencionismo americano em outros países. Na eleição atual, particularmente, uma derrota dos democratas seria um retrocesso absurdo. A eleição de Obama, em 2008, deu aos Estados Unidos o seu primeiro presidente negro, um fato de enorme simbolismo. Negar a Obama a possibilidade de governar por mais um mandato, trocando-o por Romney, seria um desatino eleitoral americano que, ainda bem, não aconteceu. Obama foi reeleito presidente do mais poderoso dos países. Pelo menos pelos próximos quatro anos, o mundo permanecerá menos tenso.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A gafe do senador

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) é uma das figuras mais íntegras e simpáticas da política brasileira, cujos integrantes, em geral, não costumam se destacar por tais qualidades. Porém, com alguma frequência, dá margem a brincadeiras e comentários depreciativos sobre sua pessoa. Isso porque Suplicy, como costuma se dizer nos dias de hoje, tem algumas atitudes "sem noção". O senador, por exemplo, já arriscou-se, algumas vezes, a cantar enquanto ocupava a tribuna. O problema é que Suplicy canta muito mal. A lentidão com que muitas vezes se expressa, principalmente em entrevistas, também já se tornou notória. Hoje, no Senado, Suplicy cometeu mais uma de suas gafes. Suplicy levou até o plenário o músico Chambinho do Acordeon, que fez o papel de Luiz Gonzaga, dos 27 até os 50 anos, no filme "Gonzaga de Pai para Filho". Suplicy solicitou que Chambinho tocasse em homenagem à Luiz Gonzaga. O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), que presidia a sessão, negou o pedido de Suplicy, argumentando que isso feria o regimento da casa, que só prevê apresentações desse tipo em ocasiões especiais, não em sessões ordinárias. Suplicy continuou insistindo e Mozarildo negando, até que o senador paulista desistiu de sua intenção. A atitude de Suplicy expôs Chambinho do Acordeon desnecessariamente e ajudou a engrossar o rol de gafes das casas legislativas brasileiras, contribuindo ainda mais para o descrédito da classe política. Suplicy é um político coerente e humanista. O eleitor paulista reconhece nele esses valores, tanto que Suplicy já está no terceiro mandato consecutivo de senador. No entanto, com suas frequentes "escorregadas", ameaça obscurecer o grande político que sempre foi, deixando em primeiro plano um lado folclórico a ser fartamente explorado pela imprensa. Sua respeitável biografia política não merece esse fecho.

domingo, 4 de novembro de 2012

O fim das ilusões

A goleada sofrida pelo Inter para o Náutico, por 3 x 0, hoje, nos Aflitos, terminou de vez com as ilusões que alguns torcedores ainda pudessem ter em relação à classificação para a Libertadores. Se é verdade que, matematicamente, essa chance ainda existe, ela é tão remota que ninguém, em sã consciência, cogitaria de sua concretização. O resultado é vexatório. Ainda que o Náutico tenha uma excelente campanha nos jogos em casa, levar uma goleada, como aconteceu com o Inter, é algo demasiado. O Inter está tendo um final de ano melancólico, e isso poderá ter reflexos na eleição para presidente do clube, caso Giovanni Luigi, candidato á reeleição, não obtenha a vitória apenas com os votos do Conselho Deliberativo, onde tem ampla maioria. Caso a eleição vá para o segundo turno, no "pátio", isto é, com o voto dos associados, os maus resultados de campo, somados à presença do ex-presidente Vitorio Piffero na chapa de um dos candidatos de oposição, poderá mudar o rumo do pleito. O Inter tem um grupo de jogadores considerado muito qualificado e gasta uma quantia altíssima com a folha de pagamentos para a sua manutenção. Os resultados de campo tem ficado muito abaixo da expectativa. A última esperança em que se agarra o torcedor do Inter, em 2012, é a de vencer o Grêmio no Gre-Nal pela última rodada do  Campeonato Brasileiro. Assim, o Inter que goleou o Grêmio por 6 x 2 no primeiro Gre-Nal realizado no Olímpico, ganharia, também, o último clássico no estádio que está para ser fechado. Um consolo, convenhamos, insuficiente para quem sonhava com a conquista de grandes títulos.