sábado, 14 de outubro de 2023

Narrativa

A direita é pródiga em argumentos que visam demonizar a esquerda. No Brasil, em particular, qualquer fato é motivo para que a direita articule a narrativa de que a esquerda, e principalmente o presidente Luís Inácio Lula da Silva, são favoráveis ao "terrorismo". O atual confronto entre o grupo radical Hamas e Israel tem sido um prato cheio para isso. Ainda inconformada com a vitória de Lula na eleição de 2022, a imprensa conservadora critica cada fala ou manifestação por escrito do presidente em relação ao conflito. Mestres na retórica demagógica e manipuladora das emoções dos incautos, os direitistas classificam de tímidas ou não sinceras as declarações de Lula sobre o assunto. Tudo porque, na sua singular apreciação, exigem que Lula utilize o termo "terrorismo" ao se referir às ações do Hamas. Ao não o fazer, Lula, e o governo brasileiro, por extensão, estariam se mostrando favoráveis a um grupo que mata criancinhas. A cínica distorção da realidade é por demais evidente, mas há quem compre o delírio narrativo cuja única intenção é usar um conflito que todos condenam como sórdida manobra para tentar desgastar a imagem de um presidente a quem sempre odiaram. Lula tem todo o direito de se expressar do modo que bem entender. Não é a direita, brasileira ou do exterior, que vai escolher o conteúdo de suas manifestações. O presidente já deixou clara a sua condenação ao que está ocorrendo no Oriente Médio e tem exortado a necessidade de se buscar a paz e a cessação dos ataques. Não cabe a ninguém colocar em dúvida a sinceridade de suas afirmações, nem escolher que palavras deve utilizar.