sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Irrelevância

Vivemos em uma época de notáveis avanços científicos e tecnológicos. Em consequência disso, nossa existência é cercada de confortos e recursos inimagináveis para nossos antepassados, e a longevidade humana, beneficiada pelo progresso da medicina, se expande cada vez mais. Tudo isso deveria fazer com que estivéssemos num período luminoso da história, mas não é o que acontece. A vida não se faz só de aspectos objetivos, possui uma grande carga de subjetividade, que envolve valores, expectativas, anseios, necessidades. O aspecto cultural também é importantíssimo. Em tais terrenos, parece que estamos involuindo. A produção cultural, decaiu de qualidade em relação ao passado. O conteúdo de jornais, revistas e internet, e as programações de rádio e televisão são marcadas pelo culto ao descartável, ao insignificante. São inúmeras matérias sobre celebridades, o que elas fazem, o que dizem, que lugares frequentam, que gafes cometem, onde passam suas férias. O padrão "revista Caras" espalhou-se por todos os veículos de comunicação. Enormes espaços são reservados para notícias que nada informam, sobre fatos que, na sua essência, não tem nenhuma importância. Numa sociedade marcada pelo consumo desenfreado e pela descartabilidade, até mesmo o jornalismo e a cultura foram tomados pelo supérfluo. Temos acesso a um volume de informações cada vez maior, mas apenas na quantidade. Tudo o que exige aprofundamento e reflexão foi deixado de lado, a superficialidade se impôs. Devíamos estar experimentando uma etapa grandiosa da história humana, mas, ao contrário, a aridez toma conta de nossas vidas. Em vez de movidos por ideais grandiosos, estamos cercados pela irrelevância.