sábado, 26 de janeiro de 2013

O encontro com o inescapável

Vários dos concorrentes na categoria de melhor filme da próxima edição do Oscar, que acontecerá no dia 24 de fevereiro, estão em cartaz nos cinemas brasileiros. Entre eles está "Amor", que concorre, também, aos prêmios de filme estrangeiro, diretor, com o austríaco Michael Haneke, atriz, com a francesa Emmanuelle Riva, e roteiro original. Sucesso de crítica, "Amor" nem sempre é bem recebido pelo público. Percebi, ao assisti-lo, que muitas pessoas deixavam o cinema antes do seu final. Porém, não acho que o fizessem por considerarem o filme ruim e, sim, por se sentirem perturbadas pelo que ele aborda. "Amor" trata, basicamente, da doença e da morte, temas que são sempre espinhosos, e dos quais tentamos nos evadir. Muitos se queixam que o filme é arrastado, mas isto se deve mais ao vício do público em considerar que o ritmo correto de um filme é o frenético, típico das produções americanas. "Amor" é uma co-produção franco -germânico-austríaca, com elenco francês. Sua temática intimista não poderia ser enfocada de maneira acelerada. O filme é denso e impactante, mexe com as emoções do espectador, convidando-o a encarar situações dolorosas, mas inescapáveis. A atuação dos protagonistas e notável, e fica difícil entender porque o grande Jean-Louis Trintignant também não foi indicado para o prêmio de melhor ator. Sua interpretação, como o marido que se vê diante da doença e da decadência física da mulher com quem viveu toda uma existência, é soberba. Ele procura manter o controle e o sangue frio diante da situação, até desabar num gesto extremado. A doença é algo que atinge a quase todos, e a morte não poupa ninguém. Talvez por isto, "Amor" se mostre tão perturbador para algumas pessoas. Não é um filme fácil ou agradável, mas é uma grande obra, merecedora do destaque que alcançou.