quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Escolha errada

Há alguns dias, escrevi nesse espaço sobre a estranha escolha do Beira-Rio como estádio de Porto Alegre para a Copa do Mundo de 2014. A definição do Beira-Rio, logo após a indicação do Brasil como país que sediaria a Copa, pareceu-me extremamente açodada, visto que o Grêmio já notificara a CBF de que iria construir um estádio novo, inteiramente dentro dos padrões da FIFA, e havia tempo mais do que suficiente para a conclusão das obras dentro do cronograma estabelecido para a competição. Pois, passados alguns dias, eis que o equívoco da escolha se escancarou. O Beira-Rio, um estádio velho que, para se ajustar ao padrão da FIFA necessita de muitas reformas, está com suas obras paralisadas há meses, e entraves burocráticos junto à construtora não permitem saber quando elas serão retomadas. Com isso, Porto Alegre perdeu a chance de sediar jogos da Copa das Confederações, em 2013, o que causará imensos prejuízos para a cidade. Com o impasse em relação à retomada das obras, até os jogos da Copa do Mundo já estão ameaçados. Porém, num assomo de lucidez, a CBF, que antes garantia não haver um "plano B", já admite que, caso o Beira-Rio não esteja em condições de receber os jogos da Copa, os mesmos sejam passados para o novo estádio do Grêmio, pois Porto Alegre não poderia ficar de fora da competição. Aliás, até que chegássemos ao dia de hoje com seu desfecho desfavorável aos interesses do Rio Grande do Sul, chamava a atenção o esforço dos setores colorados da imprensa esportiva gaúcha em afirmar que a hipótese de trocar um estádio por outro era uma fantasia que só existia por aqui. Alguns garantiam, enfaticamente que, ou os jogos da Copa seriam no Beira-Rio, ou Porto Alegre ficaria de fora da competição. Poucos dias depois, eis que toda essa argumentação é atropelada pelos fatos. Manifestações do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, do assessor de imprensa da instituição, Rodrigo Paiva, e do secretário municipal extraordinário para assuntos da Copa, João Bosco Vaz, deixaram claro que existe, sim, o "plano B", e que, se os jogos não saírem no Beira-Rio, irão para o novo estádio do Grêmio, mas Porto Alegre não perderá a condição de uma das sedes da competição. Por sinal, um dos argumentos mais frágeis utilizados pelos que defendem os interesses do Inter na imprensa foi o de que as obras de mobilidade urbana que foram planejadas são todas no entorno do Beira-Rio, o que tornaria inviável a troca de estádio. Conversa fiada. O estádio do Grêmio não necessita de nenhuma obra de mobilidade urbana no seu entorno,  pois está estrategicamente próximo ao aeroporto e da BR-116. Assim, a tendência é que, por linhas tortas, se corrija uma escolha mal feita, e os jogos da Copa de 2014 em Porto Alegre sejam realizados num estádio moderno, inteiramente concebido dentro do rigoroso padrão da FIFA.