sábado, 30 de junho de 2012

Legislação trabalhista

A direita brasileira e os seus porta-vozes na imprensa não se cansam de pregar a necessidade de uma reforma na legislação trabalhista para torná-la mais "moderna" e adequada aos tempos atuais. Por trás desse discurso está, na verdade, a intenção de suprimir conquistas históricas da classe trabalhadora. Antes presente apenas em artigos e matérias de jornais e revistas, a cantilena reformista, agora, chegou à publicidade. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) publica um anúncio em veículos impressos que expressa a urgência de se modificar a legislação trabalhista brasileira. Conforme o texto do anúncio, o Brasil tem uma legislação trabalhista que já deveria ter se aposentado. Mais adiante, surge a colocação de que só há duas alternativas: "ou fazemos alguma coisa agora, ou fazemos alguma coisa já". Os argumentos utilizados  para a "modernização" das leis trabalhistas são os mesmos velhos e surrados de sempre, ou seja, de que isso favorece o trabalhador e as empresas, que os empregadores que tem menos dificuldades para contratar podem fazê-lo bem mais, e o de que obrigações legais menos onerosas estimulam o pagamento de maiores salários. Conto da carochinha! Não é nada disso. O que desejam os industriais e demais membros do empresariado brasileiro é uma legislação que facilite o processo demissional, o que favorece o rodízio de mão-de-obra, que, por sua vez, leva ao aviltamento dos salários. Assim, fica aberto o caminho para que as empresas obtenham lucros cada vez maiores, enquanto os trabalhadores são depauperados. A legislação trabalhista brasileira não pode ser desfigurada. Pelo contrário, é preciso que se ampliem as garantias e conquistas dos trabalhadores. O falso viés modernizante das propostas reformistas encobre a intenção dos empresários e de seus apoiadores de fazer o mundo do trabalho retroceder a um estágio medieval. Não vão conseguir o que pretendem. Os tempos são outros. A história não anda para trás.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Estatuto desrespeitado

A pedido de procuradores do Ministério Público, o Inter teve o seu estádio, o Beira-Rio, que se encontra em obras, interditado para a realização de jogos e espetáculos. Essa medida, responsável e indispensável para a defesa da integridade dos espectadores, foi tomada até com atraso, mas, por incrível que pareça, deflagrou reações absurdas. A imprensa esportiva do Rio Grande do Sul, em vez de saudar a profilática providência, carregou-lhe de críticas, insinuando que os procuradores seriam gremistas, e, portanto, estariam tentando desfavorecer o Inter! Ora, o Beira-Rio é o único estádio que foi relacionado para a Copa do Mundo de 2014 que não paralisou a realização de partidas. Em todos os outros estádios da Copa, o início das obras levou á suspensão dos jogos. Por que só o Beira-Rio seria exceção, pondo em risco as pessoas que o frequentam? O Inter alega prejuízos financeiros e esportivos caso não possa jogar em seu estádio, mas, como muito bem argumentou o procurador Fábio Sbardelotto, tais razões não tem de ser levadas em conta pelo Ministério Público. O festival de sandices prosseguiu com o técnico do Inter, Dorival Júnior, pronunciando-se a respeito do fato, dizendo que tinha convicção de que a medida seria revertida, e apelando para que não tirassem do seu clube o direito de ser campeão brasileiro. Uma declaração em tudo disparatada e inadequada, quanto mais não seja, por que não cabe a um técnico imiscuir-se em assuntos que só dizem respeito aos dirigentes. Afora isso, suas colocações mais parecem uma desculpa prévia para o caso de um fracasso de seu time em campo. O ponto culminante dessa ópera bufa foi dado pela CBF, a instituição que comanda o futebol brasileiro. Desrespeitando o que estabelece o Estatuto do Torcedor, a CBF dilatou, por duas vezes, o prazo de confirmação do local da partida do Inter contra o Cruzeiro, marcada para o dia 7 de julho, permitindo, assim, um tempo maior para que o clube gaúcho busque revogar a decisão judicial que impede jogos no Beira-Rio. Um favorecimento inexplicável. Historicamente, o Inter sempre foi muito bom em ações nos bastidores. Isso se comprovou mais uma vez. Se, contudo, sua força chegar ao ponto de obter a revogação da pertinente medida que suspende os jogos no Beira-Rio, estaremos diante de um absurdo jurídico e da prevalência de interesses particulares sobre os da cidadania.

A inesperada venda de Victor

O meio esportivo foi surpreendido, hoje, com o anúncio da venda do goleiro Victor, do Grêmio, para o Atlético Mineiro. No negócio, o zagueiro Werley, que estava emprestado ao Grêmio, foi cedido em definitivo pelo Atlético Mineiro. A notícia pegou os torcedores do Grêmio de surpresa, já que Victor era titular absoluto do time, mas os detalhes revelados pelo presidente do clube, Paulo Odone, ajudam a entender as razões da venda do jogador. Victor forçou sua saída junto ao Grêmio, argumentando que já está com 30 anos, que o salário oferecido é bem maior do que aquele que recebe atualmente, e que o prazo de contrato com o Atlético Mineiro será de cinco anos, fatores que lhe darão tranquilidade na carreira. Superado o impacto inicial, a verdade é que, tecnicamente, o Grêmio não tem muito a lamentar. Depois de um primeiro ano brilhante, em 2008, Victor alternou bons e maus momentos, principalmente após não ter sido convocado para a Seleção Brasileira que disputou a Copa do Mundo de 2010, o que lhe deixou deprimido. Seu substituto, Marcelo Grohe, já deu mostras de competência, e muitos torcedores já desejavam vê-lo como titular do Grêmio. Grohe, inclusive, foi injustiçado pelo ex-técnico do Grêmio, Renato, que, após o primeiro Gre-Nal pela decisão do Campeonato Gaúcho de 2011, no Beira-Rio, vencido pelo time gremista por 3 x 2, retirou-o do time para promover a volta de Victor, que ficara três semanas afastado por lesão. Marcelo Grohe vivia grande fase, e a troca se mostrou desastrosa, pois Victor falhou no segundo Gre-Nal, no Olímpico, e foi um dos responsáveis pela perda de um título que já estava encaminhado para o Grêmio. Com Marcelo Grohe, portanto, o Grêmio estará bem servido de goleiro. Para Victor, resta desejar que tenha boa sorte em seu novo clube.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Tabu surpreendente

A Itália classificou-se, hoje, para a decisão da Eurocopa de 2012. Assim, no domingo, jogará contra a Espanha na busca do título da competição. Mantendo a tradição desde que a competição foi criada, em 1960, será mais uma decisão inédita, ou seja, até agora jamais houve repetição dos finalistas de uma Eurocopa. O interessante na classificação da Itália é que ela confirmou tendências e tabus que cercam suas participações em torneios internacionais. A Itália costuma ter desempenhos medíocres nas fases iniciais, melhorando seu rendimento no decorrer das competições. Foi assim, por exemplo, na Copa do Mundo de 1982, quando, após empatar seus três jogos na primeira fase, eliminou a favorita Seleção Brasileira e acabou conquistando o título. Pois, agora, isso se repetiu. A Itália ainda não havia ganho nenhum jogo na Eurocopa. A Alemanha tinha ganho todas as suas partidas. No enfrentamento entre as duas equipes, a Itália venceu por 2 x 1, solidificando um intrigante tabu. Por incrível que possa parecer em se tratando de seleções tão poderosas, a Itália jamais perdeu para a Alemanha em jogos oficiais. Isso mesmo, a Alemanha é "freguesa" da Itália. O resultado de hoje vem se somar aos de outros importantes jogos entre as duas equipes, sempre com vitórias da Itália. Nas semifinais da Copa do Mundo de 1970, a Itália venceu por 4 x 3, na prorrogação, num jogo emocionante. Na Copa de 1982, decidiram a competição, e a Itália foi a campeã, ganhando por 3 x 1. Na Copa de 2006, realizada na Alemanha, enfrentaram-se nas semifinais, e a Itália venceu por 2 x 0, sendo, posteriormente, campeã. Como se vê, e a trajetória das duas seleções na atual edição da Eurocopa reafirma, a Itália parece crescer diante da Alemanha que, ao contrário, dá mostras de sentir-se intimidada nas partidas entre as duas. Dessa forma, o tabu prossegue, e uma das duas favoritas para o título da Eurocopa foi eliminada. A outra favorita, a Espanha, está na decisão, mas, com o futebol pouco empolgante que vem jogando, e diante de uma Itália que obtém suas conquistas correndo por fora, o título está em aberto. Tudo pode acontecer. Resta esperar para ver, e desejar que Espanha e Itália proporcionem um espetáculo de bom futebol e muita emoção.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Título encaminhado

Nada está decidido, é verdade, mas já é possível dizer que o título da Libertadores está encaminhado para o Corinthians. O time brasileiro não se intimidou com a Bombonera, sofreu um gol mas soube reagir, e colocou em campo, no segundo tempo, um jogador com a marca de uma estrela ascendente. Romarinho, vindo do Bragantino, foi o autor dos dois golaços que, no domingo, deram ao Corinthians a sua primeira vitória no Campeonato Brasileiro e, como se não bastasse, de virada sobre o seu maior rival, o Palmeiras. Pois, hoje, Romarinho entrou em campo e, no seu primeiro toque na bola fez o gol de empate para o Corinthians e arrefeceu o ânimo do Boca Juniors. Tendo passado sem derrota pela temível Bombonera, o Corinthians tem tudo para, no Pacaembu, impor-se ao adversário e conquistar o título da Libertadores. Uma conquista que, caso se confirme, será meritória, pois terá sido obtida de forma invicta. A campanha do Corinthians até aqui, é ótima. Marcou 20 gols e sofreu apenas quatro. Ainda que se saiba que o Boca joga fora de casa com a mesma naturalidade de quando está em seu estádio, o resultado da partida de hoje, somado ao fato de que o time do Corinthians é superior em qualidade, estão a indicar que a taça deverá ficar no Brasil.

Uma classificação sem brilho

A Espanha é a primeira finalista da Eurocopa de 2012. Prossegue, assim, com seu magnífico desempenho nos últimos anos, pois é a atual detentora do título da competição e também da Copa do Mundo. Um avanço notável para uma equipe que era conhecida por sempre "morrer na praia". Se os resultados são bons, o futebol mostrado pela Espanha, contudo, está longe de empolgar, e seu estilo de jogo, de trocas de passes que parecem intermináveis, começa a se tornar chato para o espectador. A Espanha chuta pouco ao gol, e assim, seus escores costumam ser minguados. Hoje, jogando contra Portugal, não passou de um 0 x 0, no tempo normal e na prorrogação, obtendo a classificação, apenas, na cobrança de tiros livres da marca do pênalti. Como vem alcançando êxito com essa forma de jogar, a Espanha, por certo, não irá abandoná-la tão cedo. A partida de hoje, todavia, mostrou que os adversários já sabem como enfrentar a equipe espanhola. Faltou a Portugal, somente, uma maior ambição ofensiva para que conseguisse derrotar a Espanha. Na decisão de domingo, seja contra a Alemanha ou contra a Itália, a Espanha terá de jogar muito mais do que contra Portugal se quiser manter sua hegemonia continental. Seu futebol ainda é eficiente, mas carece de brilho.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Gilberto Gil chega aos 70

Mais um grande nome da música alcança a marca dos 70 anos. Hoje, Gilberto Gil ingressa no grupo dos setentões. Cantor e compositor dos mais inspirados e criativos, Gil é um dos muitos talentos da música brasileira surgidos nos prodigiosos anos 60, década que revelou, entre outros, Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Chico Buarque de Hollanda, Caetano Veloso, Mílton Nascimento, Os Mutantes. Na sua longa carreira, Gilberto Gil compôs, só ou em parceria, vários clássicos. Sua versatilidade lhe permite passear por diversos gêneros, desde a música mais intimista até os ritmos mais dançantes. Algumas de suas composições tornaram-se atemporais, ainda que certa vez ele tenha declarado que não se preocupava com a perenidade de suas criações. A música "Aquele Abraço", por exemplo, é uma espécie de hino não oficial da cidade do Rio de Janeiro. Não há quem nunca tenha ouvido a famosa letra que principia por "O Rio de Janeiro continua lindo, o Rio de Janeiro continua sendo..." Gil não limitou-se a brilhar na música, e, por alguns anos, foi ministro da Cultura, no governo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, com bom desempenho. Afora tudo isso, Gilberto Gil é, também, um artista afável e acessível, de grande carisma e simpatia, qualidades nem sempre presentes no meio onde atua. Ele merece, portanto, os mais efusivos cumprimentos pela data de hoje. Nada melhor, então, para saudá-lo, do que utilizar o título da sua célebre música. Aquele abraço, Gilberto Gil!

segunda-feira, 25 de junho de 2012

A definição das chapas

No último final de semana, ocorreram, por todo o Brasil, convenções partidárias que definiram as chapas para as eleições majoritárias e nominatas para as proporcionais, no pleito de outubro próximo. Mais uma vez, acontecem as composições mais esdrúxulas, sem nenhuma coerência ideológica, e com cargos e espaços na futura administração sendo previamente loteados. A união do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva com o deputado federal Paulo Maluf, em prol do candidato do PT a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, gerou estupefação em todo o país, mas não é a única aliança estapafúrdia para as eleições de 2012. Em Porto Alegre, a composição das chapas dos candidatos a prefeito também apresenta combinações espantosas. O mais curioso é o critério de escolha do candidato a vice-prefeito. O cargo faz parte dos postos que são oferecidos para atrair o apoio de um partido para um determinado candidato. Isso é uma temeridade, pois, se no dia-a-dia da administração são figuras quase decorativas, os vice-prefeitos, em caso de renúncia ou falecimento do titular do cargo, assumem como prefeitos de forma definitiva. Nesse caso, se o vice for uma figura politicamente inexpressiva ou pertencer a um partido pouco relevante, a cidade é que sairá perdendo. Pois esse é o quadro que se apresenta em Porto Alegre. Na chapa do candidato a prefeito Adão Villaverde (PT), o vice é o coronel Arlindo Bonete (PR). Bonete é um nome sem expressão eleitoral, e seu partido, no plano federal, está envolto em várias acusações de corrupção e malfeitos. Caso Villaverde venha a ser eleito e, por essa ou aquela razão, não complete o seu mandato, como ficaria a cidade, vendo assumir um prefeito com uma trajetória política pouco relevante e pertencente a um partido com parca expressão no Estado? A situação da candidatura de Manoela D'Ávila (PC do B) não é diferente. Seu candidato a vice é o vereador Nelcir Tessaro (PSD). Trata-se de uma estranha composição entre uma sigla comunista e um partido, criado recentemente, que não assume uma definição ideológica. No caso de Tessaro e seu partido virem a assumir o comando da prefeitura, como se sentiria o eleitor? Pois é, aí está a questão. Ao fazerem suas coligações bizarras, os partidos levam em conta, apenas, os seus interesses. Troca-se apoio por cargos, realizam-se barganhas. Aquele que deveria ser a preocupação maior dos futuros mandatários, o cidadão, é deixado de lado. Depois de obtido o seu voto, o eleitor é esquecido. Mais tarde, contudo, se as exóticas alianças partidárias resultarem em administrações fracassadas, ele é que pagará a conta.

domingo, 24 de junho de 2012

Duas vitórias

A rodada do Campeonato Brasileiro, para a dupla Gre-Nal, nesse fim de semana, foi totalmente oposta à anterior. Há uma semana, no Beira-Rio, o Inter saiu ganhando, mas permitiu a virada do Botafogo, sendo inteiramente envolvido pelo adversário. O Grêmio, nos Aflitos, num jogo de péssima qualidade, perdeu sofrendo um gol aos 46 minutos do segundo tempo. Duas derrotas, portanto. Hoje, ambos ganharam seus jogos, e de maneira convincente. O Grêmio, no Olímpico, venceu o Flamengo por 2 x 0, com um gol em cada tempo de jogo. Ainda que Victor tenha feito algumas boas defesas, a vitória do Grêmio jamais esteve ameaçada. Os defeitos costumeiros do time, mesmo assim, apareceram. O Grêmio sente a falta de um articulador, o que dificulta a criação de jogadas. Seus atacantes chutam pouco ao gol. Pará, improvisado na lateral esquerda, é uma nulidade. Léo Gago não está à altura das necessidades do time. O importante, contudo, após a desclassificação na Copa do Brasil, era vencer, e isso foi alcançado. A vitória, combinada com resultados paralelos, permitiu ao Grêmio voltar para o 4° lugar, ou seja, retornar à zona de classificação para a Libertadores. O próximo jogo será, novamente, no Olímpico, contra o Atlético Mineiro. Se ganhar, o Grêmio ultrapassará o Atlético Mineiro, atualmente em 2º lugar, e, em caso de uma derrota do Cruzeiro, líder da competição, para o São Paulo, e se o Vasco, 3º colocado, não vencer a Ponte Preta, poderá assumir a primeira posição. O Inter também se saiu muito bem hoje. Jogando contra um adversário tecnicamente fraco, o Sport, na Ilha do Retiro, aproveitou a oportunidade e resolveu a partida no primeiro tempo, ganhando por 2 x 0. A vitória era necessária para abafar um princípio de crise após a derrota para o Botafogo, e para que o Inter demonstrasse que é capaz de ganhar jogos fora de casa, o que tem sido raro desde que Dorival Júnior assumiu como técnico do time. A próxima partida do Inter vai ser, mais uma vez, fora de casa, mas contra outro adversário fraco, o Bahia. Ótima chance para o Inter vencer, de novo, e avançar ainda mais na tabela. O Inter subiu quatro posições com a vitória sobre o Sport e está em 6º lugar, com um ponto a menos que o Grêmio e o Fluminense, que é o 5º colocado. Com as vitórias de hoje, Grêmio e Inter começam a consolidar boas campanhas, e a dar esperanças para suas torcidas de que podem lutar pelo título do Brasileirão.

sábado, 23 de junho de 2012

Um filme já visto

O impeachment do presidente do Paraguai, Fernando Lugo, representa um enorme retrocesso não só para o país, mas para a América do Sul. A região sofreu em tempos ainda não tão distantes, com ditaduras e golpes de Estado. A recomposição democrática nos países sul-americanos foi um longo e doloroso processo, que custou muitas vidas. A deposição de um presidente legitimamente eleito é um fato extremamente lamentável. As razões apontadas para a queda de Lugo são frágeis, e refletem uma visão própria dos militares e dos setores de direita. Entre as alegações contra Lugo está a de que ele tinha vínculos com movimentos sociais do país e mostrava falta de ação contra a invasão de terras. Ora, esses são argumentos tipicamente direitistas. Outra acusação é de que os militares teriam sido "submetidos às ordens" dos "carperos", como são conhecidos os sem-terra no Paraguai. Seguem-se várias outros motivos no mesmo tom, sempre refletindo a ótica da direita. O Paraguai, historicamente, tem dificuldade de conviver com os preceitos democráticos. Um exemplo disso é a longa ditadura que viveu de 1954 a 1989, quando foi governado por Alfredo Stroessner. Mesmo depois da redemocratização, ocorrida após a queda de Stroessner, o Paraguai teve várias tentativas de golpe e até o assassinato de um vice-presidente, Luiz Maria Argaña. O fato levou à renúncia do presidente Raul Cubas, cujo processo de impeachment já havia sido iniciado. Portanto, a destituição de Lugo dá prosseguimento a uma velha prática paraguaia de deflagrar golpes de estado. Ainda assim, não deve ser vista com naturalidade. O correto seria a comunidade internacional negar o reconhecimento do novo governo. Isso, infelizmente, não vai acontecer. Fica, então, o alerta para que outros países da região não se deixem contaminar pelos ares golpistas. Nossas ainda frágeis democracias precisam ser preservadas. O golpismo é um filme que os sul-americanos já viram, e não desejam rever.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Muita teoria e pouca prática

A Conferência da Nações Unidas para a Sustentabilidade, a chamada Rio + 20, é um evento de proporções  gigantescas. Participaram da conferência, sediada no Rio de Janeiro, um total de 188 países. A reunião marcou a passagem dos 20 anos da realização da Eco-92, que também teve por sede o Rio de de Janeiro. Muito se esperava da Rio + 20 no sentido de que pudesse estabelecer resoluções firmes sobre ações de preservação do meio ambiente, tais como a diminuição das emissões de gás carbônico na atmosfera, adoção de novas matrizes energéticas, preservação dos oceanos e das florestas, entre outros itens. Porém, as divergências de enfoque dos vários países participantes em relação a essas questões, faz com que não se chegue a um consenso. Assim, mais uma vez, como em outras reuniões do gênero, a Rio + 20 apresentou, em seu documento final, apenas uma série de intenções vagas, sem fixar metas precisas e prazos rigorosos. O documento coloca como preocupação principal a erradicação da pobreza, mas, numa situação emblemática, durante um dos fóruns que tratava justamente da segurança alimentar, enquanto as discussões se desdobravam, do lado de fora do prédio um homem catava comida no lixo. O homem, de 28 anos e sem trabalho, revelou que procura restos de carne crua no lixo para alimentar a sua família. Até mesmo participantes da Rio + 20 mostraram-se frustrados com o texto final da conferência. Trata-se de um documento fraco e omisso, que reflete a postura de vários países que se recusam a comprometer-se com a preservação ambiental, quer por queiram manter o seu padrão de consumo, no caso das nações ricas, ou por que pretendam também se utilizar dos mesmos métodos depredatórios da natureza para alcançar o desenvolvimento, em se tratando dos emergentes. Com isso, a degradação ambiental, com  todas as suas deletérias consequências, prossegue, o que compromete o futuro das próximas gerações. As conferências sobre o meio ambiente continuam tendo muita pompa e circunstância para pouco resultado. Não passam de um desfiar de boas intenções, com quase nenhum efeito prático.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

A façanha não aconteceu

O torcedor do Grêmio está sempre esperando que o clube seja capaz de repetir façanhas e epopeias, mas fatos como a Batalha dos Aflitos não ocorrem com frequência, pelo contrário, entram para a história pelo que tem de inusitado. Nada apontava para que o Grêmio revertesse, diante do Palmeiras, a enorme desvantagem que foi criada no primeiro jogo pelas semifinais da Copa do Brasil. Afora a tão badalada imortalidade do Grêmio, nenhum indicativo o favorecia. Em jogos oficiais, até hoje, o Grêmio só venceu o Palmeiras, fora de casa, duas vezes, ambas por 1 x 0, nos Campeonatos Brasileiros de 2006 e 2008. Portanto, foram vitórias tanto raras quanto escassas em gols. Ora, o Grêmio precisava, hoje à noite, em Barueri, ganhar do Palmeiras fora de casa, o que sempre lhe foi muito difícil, e fazer um placar largo, o que nunca havia alcançado contra esse adversário na condição de visitante. O Grêmio se esforçou, foi melhor que o Palmeiras durante todo o jogo, a exemplo do que ocorreu na primeira partida, mas não obteve êxito na sua busca por uma reversão espetacular. Conseguiu, após muito esforço, abrir o placar, mas cedeu o empate logo depois, selando a definição da classificação. Foi a terceira eliminação importante do Grêmio desde que o técnico Vanderlei Luxemburgo chegou no clube. As outras duas foram para o Caxias, no primeiro turno do Campeonato Gaúcho, e para o Inter, no segundo turno da mesma competição. Mesmo assim, Luxemburgo insiste em dizer que o Grêmio está no caminho certo e que vai conseguir se classificar para a Libertadores do ano que vem. Isso é muito pouco. O Grêmio precisa é de títulos, não de classificações. Até porque, de nada adianta se classificar para a Libertadores e depois não se mostrar em condições de vencê-la. Poucas vezes uma Copa do Brasil se mostrou tão fácil de ser ganha quanto a de 2012. O Grêmio desperdiçou essa chance e o sofrimento do seu torcedor permanece. Ele continuará esperando por façanhas que insistem em não se concretizar.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Novo fracasso

Ainda não foi dessa vez que o São Paulo retomou o caminho das grandes conquistas. Depois de um período de quase 20 anos em que acumulou taças, tornando-se, junto com o Flamengo, o clube que mais vezes ganhou o Campeonato Brasileiro, e o que mais títulos de Libertadores e do Mundial de Clubes possui, entre os clubes brasileiros, o São Paulo entrou numa rota descendente da qual não está conseguindo sair. A derrota para o Coritiba por 2 x 0, hoje á noite, no Couto Pereira, tirou o São Paulo da decisão da Copa do Brasil. O clube perde, assim, a chance de buscar a classificação para a Libertadores, o que aconteceria se ganhasse a Copa do Brasil. Os sinais de que isso poderia acontecer eram bastante evidentes. O São Paulo não soube tirar proveito do mando de campo no primeiro jogo, e venceu o Coritiba por apenas 1 x 0, no Morumbi, com um gol aos 44 minutos do segundo tempo, com uma atuação inferior a do adversário. Jogando em seu estádio, era muito grande a chance do Coritiba reverter a desvantagem, e ele não a desperdiçou. O São Paulo, que, teoricamente, era o maior favorito para conquistar o título, fracassou. O Coritiba chegou pela segunda vez consecutiva à decisão da Copa do Brasil. Tem um time sem estrelas, mas com uma base que joga junto há muito tempo e está bem entrosada. O menos cotado dos semifinalistas da Copa do Brasil já é, na pior das hipóteses, o vice-campeão da competição. O outro finalista, seja ele Grêmio ou Palmeiras, que trate de não menosprezá-lo, para não se arrepender depois.

Um sonho a caminho de se tornar real

O Corinthians, depois de várias tentativas, classificou-se para uma decisão de Libertadores. Sua torcida não suporta mais o fato de que o clube é o único dos quatro grandes paulistas que ainda não ganhou a competição. Para tornar o fato ainda mais gratificante, a classificação foi obtida justamente contra um dos rivais do Corinthians, o Santos, que, assim, não poderá, ao menos nesse ano, tornar-se o maior vencedor brasileiro da Libertadores, o que aconteceria se ganhasse o título pela quarta vez. Um empate em 1 x 1, hoje à noite, no Pacaembu, foi o que bastou para o Corinthians se tornar o primeiro finalista da Libertadores de 2012, já que havia ganho o primeiro jogo, na Vila Belmiro, por 1 x 0. O time mostrou, ao longo de toda a partida, grande solidez defensiva e muita aplicação tática, jogando pelo regulamento. Mesmo após sofrer um gol, o Corinthians não se desestruturou. Marcou o gol de empate logo no início do segundo tempo, e soube conservar o resultado até o final. O Santos, por sua vez, apresenta sinais de fadiga do seu modelo vitorioso. Algo terá de ser feito para reverter a queda de rendimento que o time vem apresentando. Neymar está precisando de um descanso, e algumas posições carecem de ser melhor supridas. Jogadores como Durval, por exemplo, não estão à altura das necessidades do Santos. O Corinthians, contudo, não tem nada a ver com isso, e está muito perto de alcançar seu objetivo. O mando de campo do segundo jogo da decisão é do Corinthians, o que aumenta ainda mais as suas chances de êxito. O velho sonho do Corinthians de ser campeão da Libertadores nunca esteve tão próximo de se tornar real.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Aliança espúria

A política, no Brasil, não deveria surpreender mais ninguém. Afinal, sua capacidade de produzir indecências parece ilimitada. Ainda assim, a aliança firmada pelo PT com Paulo Maluf para favorecer o candidato do partido a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, é algo estarrecedor. Como primeira consequência do acordo, a ex-prefeita de São Paulo Luíza Erundina (PSB) desistiu de concorrer a vice-prefeita na chapa de Haddad. Nos últimos anos, em nome da "governabilidade" ou apenas para aumentar a densidade eleitoral de candidatos, os partidos tem se unido em alianças extravagantes. Não há mais nenhuma coerência ideológica. Partidos de esquerda se coligam com siglas de direita como se fosse a coisa mais natural do mundo. O partido de Maluf, o PP, atual nome da Arena, que dava sustentação ao regime militar, agora apóia candidatos do PT, como Haddad, e do PDT, como o prefeito de Porto Alegre, e candidato à reeleição, José Fortunatti. Ora, o PT é o partido do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, inimigo histórico da ditadura militar. O PDT foi fundado por Leonel Brizola, outro a quem a direita brasileira sempre perseguiu e que chegou a ficar exilado por 15 anos durante o regime militar. Como explicar, então, que ambos os lados  esqueçam suas diferenças e se unam na busca de vitórias eleitorais? Isso se dá, infelizmente, porque a política, no Brasil de hoje, é feita sem nenhum idealismo, é apenas um negócio. Os atores da cena política estão interessados, somente, em manter-se no poder e obter as vantagens dele decorrentes. Na busca desses objetivos, não há lugar para escrúpulos ou constrangimentos. O que seria impensável em outros tempos, acaba se mostrando diante de nossos olhos incrédulos, como a foto de Lula e Maluf trocando sorrisos, em companhia de Haddad. A atividade política no país, se é que possuía algum resquício de decoro, o perdeu, inapelavelmente.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Os 70 anos de um Sir

Hoje, Paul McCartney completa 70 anos. As datas redondas sempre mexem com as pessoas, mas essa é, mesmo, muito especial. Afinal, trata-se do mais bem sucedido compositor de todos os tempos. Por ter pertencido ao mais importante grupo musical que já existiu, os Beatles, Paul McCartney  teria o seu lugar assegurado na história. Porém, Paul foi mais adiante. Em sua carreira solo. foi o mais exitoso dos integrantes do grupo. Para se ter uma ideia, Paul colocou 11 singles no 1º lugar das paradas britânicas, apenas seis a menos que os Beatles, recordistas nesse item. Embora muitos insistam em apontar John Lennon como a principal figura dos Beatles, uma análise mais aprofundada mostrará que essa condição pertence a Paul. A composição de maior sucesso da história da música, "Yesterday", é de autoria de Paul. Ela foi creditada à parceria Lennon & McCartney por um acordo firmado pelos dois compositores que estabelecia que eles sempre assinariam as músicas em conjunto, mesmo quando a criação fosse só de um deles. O próprio John Lennon admitiu que "Yesterday" foi composta apenas por Paul. A música teve mais de mil regravações, recorde mundial absoluto. Também é a composição que mais direitos autorais rendeu e a que mais vezes foi executada em emissoras de rádio, em todo o mundo. Paul foi responsável, ainda, por  vários outros clássicos do grupo e sua preponderância como compositor, em relação a Lennon, fica nítida na segunda metade da carreira dos Beatles. Tendo sido agraciado, junto com John Lennon, George Harrison e Ringo Starr, com a medalha de Membro do Império Britânico, Paul McCartney foi o único dos quatro que recebeu da rainha Elizabeth II o título de Sir. O aniversário de hoje não é, apenas, o de uma grande personalidade, mas, sim, do maior mito vivo da música mundial. Parabéns, Sir Paul McCartney!

domingo, 17 de junho de 2012

Sem rumo

Ainda que o técnico Vanderlei Luxemburgo insista em dizer que o Grêmio "está no caminho certo", a impressão que se tem, após a derrota para o Náutico por 1 x 0, hoje, nos Aflitos, é que o time perdeu o rumo. Como já havia feito contra o Palmeiras, Luxemburgo errou na escalação. Entrou em campo com três atacantes, repetindo a funesta experiência contra o Inter na decisão do 2º turno do Campeonato Gaúcho, que determinou a eliminação do Grêmio da competição. Num jogo de péssimo nível técnico, contra um adversário fraco, o Grêmio não conseguiu achar o caminho do gol, mesmo com tamanha quantidade de homens de frente. Marcelo Moreno foi o mais participativo dos três atacantes, mas continua sem chutar a gol, o que é incompreensível. Kléber mostrou, mais uma vez, que está sem ritmo de jogo, e Miralles não reeditou suas boas atuações anteriores. Para piorar, pela segunda vez em apenas quatro dias, o Grêmio permitiu que um 0 x 0 praticamente certo se transformasse em derrota, sofrendo um gol no final do jogo. As consequências do resultado são as piores possíveis. O Grêmio saiu do grupo dos quatro primeiros colocados do Campeonato Brasileiro, deixou de marcar pontos contra um dos times mais fracos da competição, e, com dois revezes seguidos, viu seu ânimo ainda mais abatido para o jogo de quinta-feira, quando buscará cumprir a hercúlea tarefa de reverter a vantagem do Palmeiras e se classificar para a decisão da Copa do Brasil. Como agravante desse quadro, Werley, que retornou há pouco de uma longa parada, sofreu nova lesão e poderá desfalcar o time em Barueri. Como se vê, entre fatalidades e erros de seu técnico, o Grêmio, justamente quando mais precisava de solidez, parece estar desnorteado. Mais uma vez, os torcedores terão de se agarrar a conceitos subjetivos, como a chamada imortalidade do Grêmio, para acreditar em dias melhores.

sábado, 16 de junho de 2012

Tropeço

A derrota do Inter para o Botafogo por 2 x 1, hoje, em pleno Beira-Rio, foi o primeiro tropeço do clube no Campeonato Brasileiro, no qual ainda estava invicto. O resultado deixou inconformados torcedores e muitos profissionais de imprensa. Afinal, eles partilham a ideia de que o Inter tem um grande time e um grupo de jogadores muito bom. Sendo assim, tendo apenas o Brasileirão, até o final do ano, para disputar, entendem que essa é a grande chance do Inter de obter o título da competição, que não ganha há 33 anos. Porém, uma análise mais atenta dos fatos, mostrará que o Inter forte das manchetes jamais se apresentou em campo, até aqui, em 2012. A campanha do Inter na Libertadores foi pífia, tendo sido o último colocado entre os classificados para as oitavas de final da competição, com menos de 50% de aproveitamento. Nos cinco jogos que fez fora de casa, somando-se a Pré-Libertadores e a competição propriamente dita, não ganhou nenhum. No Campeonato Gaúcho, foi eliminado do primeiro turno por um Grêmio em crise e com um técnico interino, e na decisão contra o Caxias, depois de estar perdendo por 1 x 0 e sendo envolvido pelo adversário, precisou colocar D'Alessandro, ainda em recuperação de uma lesão, para poder virar o jogo e conquistar o título. No enfrentamento contra grandes clubes o Inter ainda está devendo em 2012. Nos Grenais, teve uma vitória, um empate e uma derrota, marcou e sofreu cinco gols. Equilíbrio absoluto. Contra o Santos, levou um "banho de bola" e perdeu por 3 x 1, na Vila Belmiro, e não saiu de um empate em 2 x 2, no Beira-Rio. Contra o Fluminense, em três jogos, empatou dois e perdeu um. Já contra o Flamengo, perdia por 3 x 1, e só conseguiu o empate por que o adversário cansou. Ganhou de 1 x 0 do São Paulo, no Beira-Rio, mas o adversário estava desfalcado e com o foco voltado para a Copa do Brasil. A amostragem é bastante clara. Existe um Inter, o da teoria, que é fortíssimo e está em condições de ganhar qualquer competição de que venha a participar. Há um outro Inter, contudo, o da realidade. Esse não condiz em nada com a generosidade das manchetes.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Liderança

Desde o início do reinado de Elizabeth II, há 60 anos, até os dias de hoje, os Beatles são os recordistas de singles no topo da parada britânica. Foram 17 singles que atingiram essa condição, e que resultaram numa vendagem de 21,9 milhões de cópias. Em segundo e terceiro lugares aparecem Elvis Presley e Cliff Richard, respectivamente. Madonna, em quarto lugar, e Michael Jackson, em quinto, completam o grupo dos artistas que ultrapassaram a vendagem de 15 milhões de cópias na Grã-Bretanha nesse período. Os Rolling Stones, tidos por muitos como os rivais dos Beatles em popularidade e prestígio, aparecem apenas em 13º lugar na lista e, embora continuem em atividade, não emplacam um single no topo das paradas britânicas desde 1981. Paul McCartney, em mais uma prova de que ele é o maior hitmaker dos Beatles, emplacou 11 singles em 1º lugar em sua carreira solo, somente seis a menos que o mítico grupo ao qual pertenceu. Não há como não considerar extraordinário o fato de que um grupo que esteve junto por apenas oito anos, e que foi desfeito há 42, ostente uma liderança como essa. Isso demonstra a qualidade inigualável da sua obra, que resiste incólume ao tempo, e encanta sucessivas gerações. Seus discos permanecem em catálogo e já passaram por remasterizações que aumentam sua atratividade, garantindo boas vendagens de modo constante. Seus filmes já foram lançados em DVD. O desenho animado "Yellow Submarine", de 1968, cujo DVD original é de 1999, ganhou agora uma edição remasterizada, e também uma versão em Blu-Ray. Por mais que o tempo passe, a paixão pelos Beatles não diminui, e basta ouvi-los para que qualquer pessoa entenda porque isso acontece.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

A força de uma camisa

O Boca Juniors viveu um período tecnicamente terrível nos últimos anos, chegando a ficar ausente da Libertadores da América por um período considerável. Retornou à competição em 2012 com um time modesto, mas, mesmo assim, já está com um pé na decisão. Ao vencer a Universidad de Chile por 2 x 0, hoje à noite, na Bombonera, o Boca Juniors construiu uma vantagem consistente, e vai para o segundo jogo com a classificação encaminhada, ainda que se saiba que a Universidad de Chile tenha um time muito bom. Caso se classifique e, posteriormente, venha a ser campeão da Libertadores, o Boca Juniors igualará o Independiente como recordista de títulos da competição, com sete conquistas. Mesmo quando não possuem times muito qualificados, clubes como o Boca Juniors valem-se da força de suas camisas. Foi o caso do jogo de hoje, mais uma vez.

Um gol no final

O São Paulo venceu o Coritiba por 1 x 0, hoje à noite, no Morumbi, completando os jogos de ida das semifinais da Copa do Brasil. Se no jogo de ontem, no Olímpico, o Palmeiras encaminhou sua classificação para a decisão da competição com uma vitória de 2 x 0 sobre o Grêmio, o mesmo não pode ser dito em relação à partida de hoje. O gol da vitória do São Paulo só aconteceu aos 44 minutos do segundo tempo, quando, inclusive, o time já estava com um jogador a menos, devido à expulsão de Paulo Miranda. O técnico do São Paulo, Leão, admitiu que o Coritiba foi superior em campo. O gol nasceu de uma bela jogada individual de Lucas, o melhor jogador do São Paulo, em mais uma prova de que, no futebol, o talento continua a fazer a diferença. Dessa forma, enquanto o Palmeiras, fora de casa, construiu uma vantagem ampla, o São Paulo não tirou proveito do mando de campo, e obteve uma vitória magra. Como o segundo jogo será no Couto Pereira, o Coritiba tem amplas chances de se classificar para a decisão. O São Paulo entra como favorito, pela vitória no primeiro jogo e por sua maior tradição, mas a definição de quem irá adiante na competição ainda está, totalmente, em aberto.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Surpresa

Ainda que se tratasse de um clássico, um enfrentamento de dois grandes clubes, a derrota do Santos para o Corinthians por 1 x 0, hoje à noite, na Vila Belmiro, não deixa de ser surpreendente. Por jogar em casa, num estádio que é um verdadeiro "alçapão", e contar com seus dois grandes craques, Neymar e Paulo Henrique Ganso, esperava-se que o Santos fosse o vencedor do jogo, mas isso não aconteceu. O Corinthians fez seu gol ainda no primeiro tempo, e o Santos não conseguiu alterar o resultado. Agora, contando com a vantagem obtida no primeiro jogo, e fazendo a segunda partida no Pacaembu, que considera a sua casa, o Corinthians reverteu o favoritismo do Santos, e tem tudo para obter a classificação para a decisão da Libertadores. Por se tratar de um clássico, é claro, o Santos pode ganhar do Corinthians e seguir adiante na competição, mas é visível que o time já não mantém o mesmo nível de atuações de outros tempos. Suas duas maiores expressões técnicas enfrentam problemas. Paulo Henrique Ganso sofre com constantes lesões, e Neymar já parece sentir pesar sobre os ombros a responsabilidade de sempre dar um espetáculo em campo. Porém, nada está decidido. O Santos ainda tem a possibilidade de fazer com que o resultado de hoje seja apenas uma surpresa isolada, um tropeço reversível. Resta esperar para ver.

Desastre

O jogo Grêmio x Palmeiras, hoje à noite no Olímpico, ia se encaminhando para um 0 x 0 que já era altamente frustrante para as expectativas do mandante quando, no final da partida, Rondinelly furou em bola na tentativa de um chute a gol e propiciou um contra-ataque que resultou no primeiro gol do clube paulista. Pouco depois, num descuido da defesa, agravado por uma falha de Victor, o Palmeiras fez 2 x 0. Foi uma reversão total de expectativa. Os mais de 45 mil torcedores do Grêmio que foram ao estádio esperavam uma vitória, estavam tentando assimilar um empate decepcionante, e foram castigados por uma derrota que, praticamente, acaba com as chances do clube de prosseguir na Copa do Brasil. Para eliminar o Palmeiras, e se classificar para a decisão da competição, o Grêmio terá que, em Barueri, vencer por 3 gols de diferença, ou, no mínimo, devolver o placar do primeiro jogo e disputar a loteria dos tiros livres da marca do pênalti. A tarefa é muito difícil. A atuação do Grêmio, hoje, foi muito ruim. O time não encontrou, em momento algum, soluções para furar a retranca do Palmeiras. O técnico Vanderlei Luxemburgo se equivocou na escalação e nas substituições. O ataque que deveria ter sido escalado de início era Miralles e Marcelo Moreno, mas Luxemburgo optou por Kléber e deixou o boliviano no banco. No segundo tempo, Luxemburgo errou, novamente, ao retirar os dois atacantes e trocá-los por André Lima e Marcelo Moreno. O correto seria substituir Kléber pelo boliviano, mantendo Miralles. A troca de Marco Antônio por Rondinelly foi feita muito tarde. Deveria ter ocorrido já no intervalo, pois Marco Antônio teve uma péssima atuação. O Grêmio apresentou os mesmos problemas de sempre. Nas laterais, esteve muito mal. Gabriel, além do mau desempenho, mostrou-se displicente. Pará não aproveitou os espaços que o Palmeiras lhe concedia, errando todas as jogadas. Léo Gago também esteve abaixo da crítica. André Lima, quando entrou, foi a mesma nulidade de sempre. Os números de Vanderlei Luxemburgo no Grêmio, no plano estatístico, são bons, mas nas duas vezes em que o time foi posto à prova, na decisão do segundo turno do Campeonato Gaúcho, contra o Inter, e no jogo de hoje, fracassou. O calvário do torcedor gremista prossegue, e nem mesmo um técnico multicampeão como Luxemburgo parece ser capaz de reverter esse quadro tão amargo.

terça-feira, 12 de junho de 2012

No rumo das decisões

As duas competições mais importantes para os clubes brasileiros no primeiro semestre começarão a ser definidas a partir de amanhã. Serão iniciadas as semifinais da Copa do Brasil e da Libertadores. Os estádios estarão lotados para assistir Grêmio x Palmeiras, pela Copa do Brasil, e Santos x Corinthians, pela Libertadores. Grêmio e Santos parecem mais fortes que seus adversários, mas terão a desvantagem de fazer o segundo jogo das semifinais fora de casa. Por isso mesmo, deverão se esforçar ao máximo para obter uma vantagem consistente, que facilite o enfrentamento na segunda partida. O Grêmio é o único dos quatro clubes que também ostenta um bom desempenho no Campeonato Brasileiro, no qual é o terceiro colocado. O Santos ainda não venceu no Brasileirão, e Corinthians e Palmeiras estão na zona de rebaixamento. O futebol é sujeito a imprevistos, mas não é verdade que não se possa apontar favoritos para os dois jogos. O Grêmio vive um momento bem melhor que o do Palmeiras, seu ambiente no vestiário é bom, ao contrário do seu adversário, e tem tudo pára se classificar para a decisão da Copa do Brasil. O Santos tem dois jogadores que desequilibram, Neymar e Paulo Henrique Ganso, e, mesmo o Corinthians sendo um bom time, esse fator deve fazer a diferença. Seja como for, emoção e qualidade não deverão faltar nos jogos entre os quatro clubes, amanhã e na próxima semana. Depois de fases anteriores pouco atraentes, Copa do Brasil e Libertadores se encaminham para as suas definições. Para quem gosta de futebol, será um prato cheio.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

O craque ainda faz a diferença

Os apologistas do "futebol de resultados" costumam afirmar que o mesmo é um esporte coletivo, e que essa noção deve pairar acima do culto à individualidade. Por essa visão, a disciplina tática, o senso coletivo, o esforço conjunto, a divisão de tarefas entre os jogadores, são mais importantes que o brilhantismo técnico de um ou outro integrante do time. Conversa fiada! O que sustenta a paixão por qualquer esporte são os ídolos, e eles se caracterizam por serem diferenciados dos demais. Alguns jogos, nos últimos dias, tem reafirmado essa verdade. No sábado, a Seleção Brasileira perdeu para a Argentina por 4 x 3. A equipe brasileira não foi inferior à sua adversária, mas esbarrou na magnífica atuação de Messi, que fez três gols e desequilibrou o jogo. Hoje, na partida Ucrânia x Suécia, estréia das duas seleções na Eurocopa, a importância dos craques foi, novamente, posta em evidência. Ucrânia e Suécia possuem equipes modestas, com poucos destaques individuais, mas cada uma delas apresenta um astro em sua escalação. Na Suécia, o grande nome é Ibrahimovic, de 30 anos, ainda em alto desempenho na carreira. Na Ucrãnia, o maior nome é Shevchenko que, aos 35 anos, adiou sua aposentadoria, a pedidos, apenas para participar da Eurocopa que, em 2012, é sediada conjuntamente por seu país e pela Polônia. O jogo de hoje terminou com a vitória da Ucrânia sobre a Suécia por 2 x 1. A Suécia saiu na frente com um gol de Ibrahimovic. A Ucrânia virou com dois gols de Shevchenko. Como se vê, foram justamente os dois jogadores de maior prestígio entre os presentes em campo que construíram o placar da partida. Por mais bem treinado que seja um time, por mais disciplina tática que possua, ele pouco conseguirá se não tiver entre seus integrantes um ou mais jogadores que façam a diferença. O próprio Barcelona, time que se tornou a sensação dos últimos anos, pratica um futebol coletivamente admirável, mas não teria obtido metade de suas conquistas se não contasse com um jogador extraordinário como Messi, o mesmo que desequilibrou a partida Seleção Brasileira x Argentina, no sábado, conforme referi acima. Os esquemas se modificam, a preparação física torna-se cada vez mais intensa, mas, para sorte dos amantes do bom futebol, o talento continua a ser preponderante.

domingo, 10 de junho de 2012

Boas campanhas

Grêmio e Inter fazem boas campanhas no Campeonato Brasileiro. O Grêmio estreou perdendo para o Vasco, quando, equivocadamente, poupou jogadores, mas ganhou os três jogos seguintes e já está na zona de classificação para a Libertadores. O Inter ainda está invicto na competição, mas, por ter empatado dois de seus jogos, está com um ponto a menos do que o Grêmio. A campanha do Grêmio, afora já ser melhor, é mais meritória que a do Inter, já que o clube disputa, paralelamente, a Copa do Brasil, enquanto seu maior rival só tem o Brasileirão como compromisso até o final de 2012. O Grêmio venceu o time reserva do Corinthians por 2 x 0, hoje à tarde, no Olímpico. As dificuldades apareceram só até acontecer o primeiro gol. A partir daí, o Grêmio dominou inteiramente o jogo, e marcou o segundo gol ainda no primeiro tempo. Com a substituição, no intervalo, de Miralles por Kléber, o time caiu de rendimento, mas isso não foi suficiente para o Corinthians ameaçar a vitória gremista. Foi o Grêmio que perdeu a chance de ampliar o placar, quando o árbitro deixou de marcar um pênalti claríssimo sobre Kléber. Em termos individuais, a melhor atuação foi de Miralles que, incrivelmente, quase foi dispensado pelo clube. No Engenhão, Fluminense e Inter empataram em 0 x 0. O jogo não foi bom, mas, se tivesse um vencedor, esse seria o Fluminense, que desperdiçou várias chances, fazendo do goleiro do Inter, Muriel, a maior figura em campo. Já o Inter deu pouco trabalho para o goleiro do Fluminense, Diego Cavalieri, pois, praticamente, não teve jogadas de conclusão. O que importa, contudo, é que, até aqui, Grêmio e Inter fazem campanhas satisfatórias, que autorizam suas torcidas a sonharem com o título do Brasileirão. Tomara que prossigam assim.

sábado, 9 de junho de 2012

Messi fez a diferença

Não há porque condenar a Seleção Brasileira, nem pedir a demissão do técnico Mano Menezes. A derrota por 4 x 3 para a Argentina, mesmo tendo sido a segunda consecutiva da Seleção, não foi consequência de um mau futebol. A equipe brasileira jogou muito bem, e a partida foi de ótima qualidade, com muitos gols e alternância no placar. Convém lembrar que a Argentina estava com a sua melhor escalação, enquanto a equipe brasileira era a olímpica, com maioria de jovens. Alguns deles, como os zagueiros Bruno Uvini e Juan, por exemplo, ainda estão bem abaixo do nível de uma Seleção Brasileira principal. Mesmo assim, a Seleção teve um atuação muito boa, e só perdeu porque se deparou com o melhor jogador do mundo, Messi, em dia inspiradíssimo. Se alguém ainda duvidava da genialidade de Messi, certamente não o fará mais. Os que diziam que ele só jogava bem no Barcelona, fracassando na Seleção da Argentina, ficaram sem argumento. Messi teve uma atuação de encher os olhos, dessas que explicam porque o fascínio pelo futebol jamais irá morrer. Jogador diferenciado que é, desequilibrou a partida em favor de sua equipe. Não se deve culpar a Seleção Brasileira pela derrota. Ela jogou bem e não foi inferior à Argentina como equipe. Acontece que, do outro lado, havia Messi fazendo uma atuação exuberante. Não se deve julgar esse jogo apenas pelo resultado, pois isso pode levar a decisões equivocadas. A Seleção deve seguir o seu trabalho, sem alterações significativas, pois, à exceção do jogo contra o México, mostrou bom futebol nessa breve excursão. Hoje, ela enfrentou um gênio no auge de sua forma e isso levou-a à derrota, mas esse foi apenas um amistoso. Mais que qualquer outra coisa, devemos saudar Messi pelo espetáculo que ele proporcionou a quem assistiu ao jogo. Isso é que o ficou de mais importante da partida.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Homenagem nauseante

No próximo domingo, num teatro no centro de Santiago, será prestada uma homenagem à memória do ditador chileno Augusto Pinochet. O ato é promovido por um grupo denominado 11 de Setembro, exatamente a data em que o presidente do Chile, legitimamente eleito, Salvador Allende, foi derrubado por um golpe comandado por Pinochet. Apesar dos recursos judiciais de familiares das vítimas da ditadura, a Justiça do Chile autorizou a  realização da homenagem, alegando o fato de que ela será feita em local privado. Trata-se de um acinte, um desrespeito total aos que defendem a democracia e os direitos humanos. Pinochet foi um ditador execrável e sanguinário. Seu regime arbitrário, que durou 17 anos, redundou em 3 mil vítimas. Pinochet, contudo, jamais pagou por seus crimes. Num momento em que a América do Sul abraça, cada vez mais, o ideário de esquerda, como comprovam os governos de Brasil, Argentina, Uruguai, Bolívia, Venezuela e Equador, e em que, na França, os socialistas retomaram o poder, o Chile insiste em andar na contramão da história. Seu atual presidente é um magnata direitista, e os trabalhadores tem de prover inteiramente a sua aposentadoria pelo sistema de previdência privada, pois as empresas são liberadas de qualquer ônus nesse sentido. Não por acaso, o Chile recebe fartos elogios da imprensa conservadora brasileira, grande admiradora de governos onde o Estado se ausenta das suas tarefas mais básicas, aderindo à sociedade de mercado e dando as costas aos cidadãos. A homenagem a Pinochet não é só uma agressão a todos os chilenos que foram vítimas da ditadura e aos seus familiares. Trata-se de um insulto a todo o cidadão, de qualquer parte do mundo, já que mostra desprezo por valores básicos da humanidade, como a liberdade e a democracia. Com a homenagem a um genocida e ao seu infecto regime, o domingo será um dia de luto, não só no Chile, mas em todo o lugar em que ainda se preze a dignidade humana.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

O julgamento do mensalão

O Supremo Tribunal Federal aprovou ontem, em sessão administrativa, um cronograma de julgamento do processo do mensalão. Pelo cronograma, o julgamento começaria no dia 1º de agosto e se estenderia, pelo menos, até o início de setembro. O calendário, contudo, depende de o ministro Ricardo Lewandowski concluir a revisão do processo até o final de junho. Lewandowski garantiu que entregará a revisão do processo até o final do mês. Será muito bom que tudo isso se confirme. O país já convive com o assunto mensalão há sete anos. Afora o estardalhaço e o sensacionalismo em torno do tema praticado pela revista "Veja", o mensalão não teve maior repercussão junto à opinião pública. A prova disso é que, tendo ocorrido em 2005, o que "Veja" qualifica como "o maior escândalo político brasileiro de todos os tempos" não impediu que, no ano seguinte, o presidente Luís Inácio Lula da Silva conseguisse a sua reeleição, nem que, passados mais quatro anos, a candidata por ele apoiada se tornasse sua sucessora no cargo. Não estou aqui a minimizar a gravidade dos fatos acontecidos, nem a defender a impunidade das pessoas envolvidas. Saúdo a realização do julgamento ainda em 2012 para que não se corra o risco da prescrição de crimes, e para que tenhamos, finalmente um desfecho para o caso. Espero que, provada a culpa de quem quer seja, haja a devida punição. Seria bom que, em caso de condenação, a pessoa fosse banida da atividade política. O mensalão não pode se perpetuar como um assunto em pauta, tem de ser esclarecido de uma vez por todas. No entanto, no meu entender, seja  qual for o resultado do julgamento, não terá repercussão nas urnas. O mensalão é um assunto que empolga a oposição e frequenta rodas de conversa de pessoas mais bem situadas na escala social, mas é, praticamente, ignorado pela grande massa do eleitorado. O eleitor, como se sabe, não vota com o coração nem com o cérebro, mas com o estômago e o bolso. Como nesses dois aspectos, ao menos por ora, a maioria dos brasileiros parece satisfeita, o atual governo não tem o que temer. A tendência é que, em 2014, o PT e seus aliados ganhem mais uma eleição para presidente. Essa perspectiva é mais do que evidente. O resultado do julgamento do mensalão, para frustração de alguns, não terá o poder de alterá-la.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Uma rodada de vitórias

Grêmio e Inter cumpriram bem o seu papel na noite de hoje, no Campeonato Brasileiro. O Grêmio venceu o Atlético Goianiense por 1 x 0, no Serra Dourada. O domínio do jogo foi do Grêmio, que teve maior posse de bola e parecia ser o mandante da partida, já que o time da casa apenas saia em contra-ataques. O Atlético Goianiense praticamente não levou perigo para a defesa do Grêmio, embora tenha tentado uma pressão maior após sofrer o gol. MIralles teve mais uma boa atuação e fez o gol da vitória, por sinal belíssimo, como outros que marcou, dando a dimensão do equívoco que teria sido dispensá-lo. Por incrível que pareça, houve um lado positivo na fratura sofrida por Kléber, pois foi ela a responsável pela permanência de Miralles no grupo, conforme revelou o próprio jogador argentino. Kléber, aliás, voltou com a mesma disposição de antes, não fugindo, em momento algum, das pancadas dos adversários. O lado negativo do jogo foram as atuações ruins, novamente, de Marco Antônio e André Lima. Não foi coincidência, por certo, que o gol tenha acontecido poucos minutos após a saída de ambos do time. André Lima, por sinal, é um caso à parte. Não há mais justificativas para usá-lo sequer como opção de grupo. Seu futebol não está à altura das necessidades do Grêmio. Entre prós e contras, contudo, o Grêmio ganhou seu segundo jogo consecutivo no Brasileirão e já está em quinto lugar na tabela. O técnico Vanderlei Luxemburgo e o gerente de futebol Paulo Pelaipe lamentaram, inclusive, o fato de que o Grêmio poderia estar ainda melhor colocado, se não tivesse sido prejudicado pela arbitragem no jogo contra o Vasco. A outra boa notícia da noite, por parte do Grêmio, é que o time deverá jogar completo contra o Corinthians, domingo, no Olímpico. Como o Corinthians irá jogar com um time inteiramente reserva, abre-se uma forte perspectiva de o Grêmio ganhar a partida e subir ainda mais na classificação. O Inter, por outro lado, segue invicto na competição, da qual já é o vice-líder. Num jogo de baixíssimo nível técnico, ganhou do São Paulo por 1 x 0, no Beira-Rio. Foram poucos os lances de emoção da partida, decidida com um gol de falta, muito bem cobrada por D'Alessandro. Seria interessante saber o que pensam aqueles que, quando da derrota do Inter para o Fluminense na Libertadores, ressaltaram que os dois gols do clube das Laranjeiras foram de bola parada, como se isso fosse um desdouro. A vitória por tão escassa margem e com um gol de falta, retrata bem a pobreza ofensiva do jogo. Em campo estavam dois clubes de camisetas repletas de glórias, mas cujo futebol pífio em nada honrou essa tradição. Para o Inter, todavia, isso pouco importa. Ainda que suas atuações não sejam de todo convincentes, o Inter ganhou mais um jogo e faz ótima campanha, alimentando o sonho de conquistar um título que não alcança há 33 anos. Enfim, a quarta-feira foi gelada para os gaúchos, mas com bons resultados no futebol.

terça-feira, 5 de junho de 2012

A apologia da irresponsabilidade

O futebol, no Brasil, é uma atividade que não respeita as regras mais comezinhas observadas em qualquer outro ramo. Em nome da paixão que desperta em milhões de pessoas, toda a sorte de excessos e transgressões são praticadas nesse meio, sem que haja maiores protestos. Os grandes clubes, embora possuam enorme contingente de torcedores e recebam verbas polpudas da televisão, são mal administrados, gastam mais do que arrecadam, e não honram seus compromissos com o governo. Ainda assim, realizam contratações caras e pagam salários altíssimos para alguns jogadores e técnicos. Os jogadores mais badalados e bem remunerados, por sua vez, portam-se como meninos mimados. Apresentam um comportamento sem nenhum traço de profissionalismo, não justificam em campo as fortunas que ganham, levam uma vida pessoal desregrada. O mais espantoso, contudo, é que por mais que aprontem, tais estrelas do futebol sempre encontram quem queira contratá-los, o que estimula a perpetuação desse tipo de comportamento. A contratação de Ronaldinho pelo Atlético Mineiro é mais um exemplo disso. Ronaldinho foi contratado pelo Flamengo com grande estardalhaço, recebia um alto salário, mas jamais correspondeu, em campo, às expectativas do clube e de seus torcedores. Dedicou-se muito mais às festas e baladas do que aos treinos e jogos. Saiu de seu quarto na concentração do clube na pré-temporada de 2012 para um encontro com uma mulher. Há quem diga que chegou a se apresentar para treinar com sinais de embriaguez. Pois, mesmo sabendo de tudo isso, o Atlético Mineiro, três dias depois da saída de Ronaldinho do Flamengo, contratou o jogador. O mesmo Atlético Mineiro, dias antes, havia contratado Jô, que saiu do Inter por má conduta disciplinar. O futebol, no Brasil, como se vê, não tem parâmetro com nenhuma outra atividade profissional. Em que outro ramo pagam-se salários tão altos sem que haja um mínimo de reciprocidade por parte de quem os recebe? Em que outra atividade a exigência de cumprimento de deveres é tão frouxa e a condescendência com deslizes comportamentais é tão grande? Certamente, em nenhum outro meio profissional se verificam tamanhos descalabros. O futebol brasileiro tornou-se uma ilha da fantasia, feita de irresponsabilidade, inconsequência, perdularismo, descumprimento de deveres. Um futebol que, dentro de campo, é um manancial inesgotável de revelação de talentos, fora dele é um exemplo de caos administrativo e de apologia da conduta irresponsável de dirigentes e profissionais. O pior é que não há nenhum sinal de que isso um dia vá mudar, pois não parece haver qualquer movimento nesse sentido.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

O mercado da fé

O Brasil vive, de alguns anos para cá, o fenômeno da expansão das chamadas igrejas evangélicas. Por meio de  canais próprios de televisão ou comprando espaços em emissoras, e com várias rádios espalhadas pelo país, as diversas ramificações evangélicas levam sua mensagem do Oiapoque ao Chuí. Com ênfase na busca da ascensão material dos fiéis, as igrejas evangélicas tem atraído multidões. As pessoas que aderem a essas correntes religiosas são levadas a contribuir com o dízimo, uma quantia que destinam á igreja, e que atinge montantes milionários, capazes de financiar a construção de templos enormes. Alguns pastores evangélicos tornam-se verdadeiras estrelas, alcançando grande popularidade. Esse é o caso, por exemplo, do pastor Silas Malafaia, que há trinta anos apresenta programas de televisão. Malafaia é vice-presidente do Conselho Interdenominacional de Ministros Evangélicos do Brasil (Cimeb), que congrega cerca de 8500 pastores de quase todos os ramos evangélicos. A edição dessa semana da revista "Veja" traz, em suas página amarelas, uma entrevista com Malafaia. Para quem tenha um juízo minimamente crítico, a leitura dessa entrevista é uma experiência traumática. Seu conteúdo é um show de descaramento e desfaçatez. Entre outras coisas, Malafaia destaca, vendo como algo positivo, é claro, o fato de que os padres do movimento carismático católico adotaram uma maneira de pregar que os pastores evangélicos já utilizam há mais de quarenta anos. Como se sabe, essa "maneira de pregar" se caracteriza por uma grande teatralidade e enorme exaltação, capaz de impressionar vivamente os incautos. Malafaia diz que desafia qualquer um a lhe apresentar uma organização que recupere mais pessoas do que as igrejas evangélicas e destaca que elas fazem isso a um custo zero para o governo. Em função disso, revolta-se com aqueles que querem cobrar taxas e impostos das igrejas. Afinal, sustenta Malafaia, os evangélicos não cobram um centavo sequer do governo para livrar as pessoas das drogas, da prostituição, da bebida, e ainda tem impacto positivo na vida profissional dos fiéis. Silas Malafaia acrescenta que muitos empregadores fazem questão de só contratar evangélicos, pois os pastores ensinam ao fiel que ele, quando está trabalhando, deve servir ao patrão como se estivesse servindo ao próprio Deus, já que é o que a Bíblia ensina. As barbaridades ditas por Malafaia prosseguem ao longo da entrevista, como quando admite que as igrejas evangélicas praticam o exorcismo, mas não podemos nos ocupar de todas. Fixemo-nos então, nos trechos finais, que demonstram claramente quem é Malafaia e quais são os seus propósitos. Depois de, numa das perguntas iniciais, ter dito que está construindo um templo lindo, com ar-condicionado central, ao custo de R$ 4 milhões, Malafaia revela que, em 2011, sua igreja arrecadou R$ 20 milhões. O salário que paga para os pastores, dependendo da função e do tempo dedicado varia entre R$ 4 mil e R$ 22 mil. Malafaia justifica dizendo que "uma pessoa não pode ser incumbida de cuidar de vidas se a cabeça dela estiver focada em arranjar dinheiro para pagar as contas". A verdadeira face de Silas Malafaia aparece nas últimas perguntas. Ao ser perguntado se está rico, Malafaia revela que tem uma "boa casa" no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro, pela qual pagou R$ 600 mil, e que hoje vale R$ 2,5 milhões. Possui, ainda, "alguns apartamentos" e uma casa em Boca Raton, no estado da Flórida (EUA), que diz ter comprado para pagar em trinta anos. Em 2011, Malafaia ganhou de presente de um "parceiro" um Mercedes-Benz blindado. Em 2010, comprou um jato Gulfstream, ano 1986, por U$ 3 milhões. Porém, Malafaia sustenta que o jato não pertence à igreja nem a ele, mas à associação que administra as obras sociais e custeia o tempo de televisão. Malafaia declara que nunca será candidato a nada, nem a "assistente de carimbador de vereador", mas que quer influenciar pessoas e, por isso mesmo, não sataniza partido político nem candidaturas, já tendo votado em Fernando Henrique Cardoso, Luís Inácio Lula da Silva e José Serra. O fecho de ouro da entrevista se dá com a admissão, por parte de Malafaia, de que fez um implante de cabelo. Malafaia disse que o implante ficou "muito bom" e que custou R$ 20 mil. "Fiz com o mesmo médico do Zé Dirceu e do Agripino", revelou, referindo-se ao ex-ministro José Dirceu e ao senador José Agripino Maia (DEM-RN). Depois de ler a entrevista, só mesmo um imbecil poderá se deixar levar pela retórica de Malafaia. O sucesso dele e de outros pastores do gênero, é uma prova cabal de que o ser humano tem propensão a ser feito de bobo. São espertalhões que prosperam fazendo os outros de otários.

domingo, 3 de junho de 2012

Ducha de água fria

A derrota da Seleção Brasileira para o México por 2 x 0, hoje, no Cowboys Stadium, em Dallas (EUA), foi uma reversão de expectativa para os torcedores. Depois de duas vitórias afirmativas sobre Dinamarca e Estados Unidos, com bom desempenho coletivo e belas atuações individuais, esperava-se que a Seleção Brasileira mantivesse o padrão de rendimento, mas não foi o que aconteceu. Confirmando que se tornou um algoz frequente da Seleção, o México venceu com méritos e não teve sua vitória ameaçada em momento algum. A Seleção Brasileira não encontrou soluções em campo. Neymar sucumbiu à marcação e não conseguiu mostrar seu futebol. Tanto Leandro Damião quanto Alexandre Pato não acharam o caminho das redes. Marcelo não repetiu sua exuberante atuação anterior. Claro que a derrota não é motivo para pessimismo, assim como as vitórias precedentes não justificavam nenhuma euforia. O resultado foi uma ducha de água fria, mas a Seleção tem um grupo de boa qualidade, que pode recuperar-se de imediato, transformando a derrota para o México num tropeço episódico. O próximo jogo, o último dessa série de amistosos, será contra a Argentina, sábado, em New Jersey (EUA). Para muitos, entre os quais me incluo, trata-se do maior clássico do futebol mundial. O retrospecto, nos últimos anos, tem sido favorável à Seleção Brasileira, mas, numa partida dessa envergadura, tudo pode acontecer. O melhor de tudo será o privilégio de se poder assistir a Neymar, de um lado, e Messi, do outro. Afora um grande jogo, o que os brasileiros esperam é que a Seleção volte a se impor, e, assim, impeça uma instabilidade que, às vésperas das Olimpíadas, poderia ser muito prejudicial para a equipe.

sábado, 2 de junho de 2012

Voracidade capitalista

No capitalismo, é sabido, só o que importa é o lucro. Em nome de aumentarem seus ganhos, os empresários praticam toda a sorte de ações exploratórias da mão-de-obra. Afora os prejuízos causados aos trabalhadores, a população como um todo se ressente dos efeitos de tal postura. Um exemplo disso é o que vem acontecendo em supermercados e hipermercados de Porto Alegre. Apesar da existência de uma lei municipal, aprovada em 2010, que prevê que os supermercados com mais de quatro caixas devem contar com o serviço de empacotador, a regra não vem sendo observada em vários estabelecimentos. Isso gera muitos transtornos. O mais evidente deles é a lentidão no empacotamento das mercadorias, resultando na formação de longas filas. Isso porque, na ausência de um funcionário específico para proceder o empacotamento, o caixa tem de acumular essa função ou o próprio cliente tem de fazê-lo. Em redes de supermercado como Nacional/Big Shop, Carrefour e Rissul, o caixa ainda tem de pesar hortigranjeiros e frutas, receber faturas de água, luz e telefone, e fazer recarga de celulares. Na busca de faturar mais, tais estabelecimentos suprimem uma função, diminuindo postos de trabalho, obrigam os caixas, trabalhadores que recebem apenas um salário mínimo, a desempenhar múltipla atividades, e prejudicam os consumidores. O pior é que, em vez de desculpar-se e prometer uma mudança de atitude, o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados, Antônio Cesa Longo, diz que a iniciativa privada tem a opção de utilizar ou não os empacotadores. Longo afirma que cada estabelecimento tem o direito de decidir sobre o oferecimento desse serviço, e declara ser contrário a interferência do poder Legislativo nesta questão. Até aí nenhuma novidade. Empresários adoram a ideia do estado mínimo, que nada fiscaliza, permitindo a implantação de um capitalismo sem freios. A ausência de empacotadores é um desrespeito flagrante a uma lei municipal, o que torna imperiosa a punição dos infratores. Trata-se de mais uma prova de que o estado mínimo é uma balela que só serve a quem quer encher os bolsos explorando os trabalhadores e lesando os consumidores. Evidencia também que a presença do poder estatal é indispensável para coibir abusos da iniciativa privada. Ao contrário do que vem sendo postulado por arautos da "modernidade", precisamos, cada vez mais, de um Estado forte e atuante.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Em busca do encanto perdido

O futebol é o esporte preferido da maioria das pessoas em todo mundo, e movimenta multidões que frequentam os estádios e assistem os jogos pela televisão. Gera ídolos, constrói fortunas. Porém, tornou-se uma atividade que envolve enormes quantias na aquisição de jogadores, nos salários pagos para eles e outros profissionais, nos direitos de transmissão das competições, nas comissões de empresários e agentes, e isso acabou por corrompê-lo. Hoje, o interesse financeiro está acima de tudo. Jogadores fazem questão de dizer que vão para onde lhes pagarem melhor. Seus empresários, por vezes, estabelecem um verdadeiro leilão, um "quem dá mais", para definir para quais clubes eles irão. Os contratos estabelecem altas multas rescisórias, para ambas as partes. Tudo gira em torno de cifras altíssimas. Tanto dinheiro, é claro, atraiu a atenção dos corruptos que, movidos pela possibilidade de obter grandes lucros, passaram a atuar na manipulação de resultados de jogos incluídos em loterias e bolsas de apostas. Há exatos 30 anos, em 1982, estourou no Brasil o caso da "máfia da Loteria Esportiva", com a revelação de que os jogos incluídos nessa modalidade de apostas eram alvo da ação de pessoas que subornavam jogadores e árbitros para manipular o resultado das partidas, alcançando, assim ganhos milionários. A Loteria Esportiva, que havia sido instituída no país em 1970 e obtivera enorme sucesso popular, alçando muitas pessoas humildes à fortuna, ficou desmoralizada e jamais recuperou sua credibilidade, acabando por ser extinta. A retomada dessa forma de loteria foi tentada, mas não obteve êxito. Ainda no Brasil, em 2005, aconteceu o escândalo da manipulação de resultados que levou a que 11 jogos do Campeonato Brasileiro, todos apitados pelo árbitro Edílson Pereira de Carvalho (SP), tivessem de ser realizados novamente. O problema, contudo, não se restringe ao Brasil. Sua face mais grave se apresenta na Itália. Lá, os casos de corrupção no futebol são cíclicos e já geraram suspensões de jogadores e até a cassação de títulos de campeão. No entanto, apesar do rigor das punições, é uma situação longe de ser solucionada. Novos denúncias de manipulação de resultados surgiram no futebol italiano e já tiveram como consequência, entre outros fatos, o corte do lateral-esquerdo Criscito da seleção da Itália que se prepara para a Eurocopa. O primeiro-ministro da Itália, Mário Monti, chegou a sugerir que o futebol fosse paralisado no país por dois ou três anos, para que se pudesse reorganizá-lo. O técnico da seleção da Itálai, Cesare Prandelli, disse que aceitaria que, diante da situação que vive o futebol do país nesse momento, sua equipe não participasse da Eurocopa. O que está ocorrendo no futebol italiano deveria servir para reflexão não só naquele país, mas em todos os lugares onde é praticado esse esporte tão apaixonante. O futebol encanta multidões, mas como qualquer atividade, precisa de credibilidade. A avidez pelo dinheiro está conspurcando o futebol. Algo há de ser feito para resgatar a sua dignidade.