sexta-feira, 19 de junho de 2020

Socialismo

Não bastassem as torrentes de asneiras ditas pelo presidente Jair Bolsonaro e alguns de seus ministros, os militares não se cansam de dar a sua contribuição para o rol de disparates. O presidente do Clube Militar, general Eduardo José Barbosa, declarou que o Brasil está vivendo o "socialismo", devido ao confinamento. Conforme Barbosa, haveria outras maneiras de enfrentar a pandemia de coronavírus, sem obrigar as pessoas a ficarem em suas casas. Com mais essa afirmação desarrazoada, Barbosa apenas comprova que os militares não dão nenhuma contribuição positiva ao país. Pelo contrário, ao longo da história do Brasil, as Forças Armadas fizeram conspirações, ameaçaram e praticaram golpes espúrios contra governantes legitimamente eleitos. Sua utilidade para o país seria a de defenderem-no em alguma guerra, o que não acontece há décadas. Na verdade, as Forças Armadas são um sorvedouro de recursos do erário público, sem nenhuma contrapartida para o país. Os incautos costumam ver nos militares uma reserva moral, a qual insistem em recorrer diante de supostas ameaças à ordem e de escalada da corrupção. Néscios que são, não percebem que reverenciam os seus próprios algozes. Como bem colocou a revista "The Economist", não faz sentido o Brasil manter o décimo-quinto exército mais caro do mundo, se o país não participa de conflitos armados. Os militares, no Brasil, são uma despesa pesada e injustificada para os cofres públicos, e uma ameaça permanente à democracia.

quinta-feira, 18 de junho de 2020

A prisão de Queiroz

Enfim, o sumido apareceu. O ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos/RJ), Fabrício Queiroz, foi preso, hoje, em Atibaia (SP), em uma residência pertencente à Frederick Wassef, advogado da família do parlamentar. A prisão de Queiroz se deu porque ele estava cometendo novos crimes, fugindo, apagando provas e interferindo em investigações. Sua mulher foi dada como foragida. A ligação de Queiroz com Flávio é antiga, dos tempos em que o senador ainda era deputado estadual no Rio de Janeiro. Há evidências de que Queiroz atuou como "laranja" da família Bolsonaro em ações escusas, e que coordenava o esquema das "rachadinhas", em que servidores do gabinete cediam parte de seus ganhos para o então deputado. Com essa prisão, um dos grandes mistérios do país, o paradeiro de Queiroz, foi solucionado. O fato acrescenta mais um dado comprometedor para o presidente Jair Bolsonaro, já que Wassef havia afirmado, meses atrás, que não sabia onde Queiroz se encontrava. Esse dado, somado ao de que Queiroz estava numa casa que pertence ao próprio advogado, é comprometedor para o governo. Por quê o advogado da família Bolsonaro mentiu que não sabia onde Queiroz estava enquanto o abrigava numa residência de sua propriedade? A prisão do ex-assessor poderá ser a chave de todo o esquema de quadrilheiros e milicianos ligados ao ex-capitão e seus filhos. O governo Bolsonaro começa a fazer água por todos os lados. Com milhares de mortos por coronavírus, o ministro da Saúde é interino, e não é médico. O ministro da Educação foi exonerado hoje. Ao que parece, em vez de um processo de impeachment, o que determinará o fim do governo Bolsonaro será um processo de autodecomposição.

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Retorno absurdo

Um dos estados mais afetados pelo coronavírus, o Rio de Janeiro será o primeiro a recomeçar o seu campeonato estadual de futebol, o que já ocorrerá amanhã. Sem dúvida, é um retorno absurdo, diante de tantas mortes que a doença ainda causa. A decisão não foi consensual. Flamengo e Vasco pressionaram pela medida, mas Fluminense e Botafogo são contra. A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, no entanto, dado que os demais clubes eram a favor, determinou a retomada da competição. A contrariedade de Fluminense e Botafogo com a volta do campeonato nesse momento pode até levar a uma batalha jurídica que impeça a continuidade ou a finalização da disputa. Com o campeonato sendo retomado agora, Flamengo e Vasco teriam grande vantagem, pois já vêm realizando treinos há algumas semanas, ao contrário dos outros dois grandes clubes do Estado. O pior de tudo é que o primeiro jogo na volta da competição, Flamengo e Bangu, amanhã, no Maracanã, com portões fechados, obviamente, não terá transmissão de tevê, pois não houve acerto do clube rubro-negro com a Rede Globo. Se o jogo não terá público no estádio, nem poderá ser assistido pela tevê, qual o sentido dele ser realizado? O futebol brasileiro não é uma ilha, ele, também, reflete a realidade caótica do país.

terça-feira, 16 de junho de 2020

Os 70 anos do Maracanã

Sem favor, o Maracanã é o mais famoso estádio de futebol do mundo. Os 70 anos do Maracanã, completados hoje, são motivo de grande comemoração, ainda que, infelizmente, a pandemia de coronavírus não permita que ela tenha a dimensão que deveria. Embora, no dia em que completava um mês de sua abertura, tenha sido o local do jogo que marcou a derrota mais dolorosa do futebol brasileiro, quando a Seleção Brasileira perdeu a decisão da Copa do Mundo de 1950 para o Uruguai, o Maracanã não foi rejeitado pelos torcedores. Pelo contrário, maior estádio do mundo durante várias décadas, tornou-se o principal do país, e uma referência no mundo. Em seu gramado desfilaram nomes como Zizinho, Ademir de Menezes, Pelé, Garrincha, Rivelino, Jairzinho, Carlos Alberto, Paulo César Caju, Zico, Roberto Dinamite, Romário. Lamentavelmente, as sucessivas reformas que sofreu ao longo do tempo fizeram com que o Maracanã tenha, agora, apenas um terço da sua capacidade original. Sua fachada foi preservada, mas o seu interior em nada lembra o colosso de outros tempos. Com as características atuais, é um dos tantos estádios "padrão Fifa", existentes no mundo, seja na estética ou na capacidade de público. Ainda assim, é um dos grandes símbolos do futebol brasileiro, um patrimônio material e afetivo do país. Parabéns, Maracanã!

segunda-feira, 15 de junho de 2020

A prisão da baderneira

Demorou, mas o Poder Judiciário cumpriu o seu papel diante dos atos e protestos cada vez mais violentos e antidemocráticos dos grupos bolsonaristas. Hoje, por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, foi feita a prisão da baderneira Sara Winter, liderança bolsonarista responsável por manifestações agressivas contra as instituições, em que são pedidos o fechamento do Congresso e do STF, a intervenção militar e até um novo AI-5, todos eles flagrantemente inconstitucionais. Outros quatro baderneiros foram presos junto com Sara. A prisão dela é provisória, por cinco dias, podendo ser renovada por igual período. Dessa forma, Sara, cujo verdadeiro sobrenome é Giacomini, deverá ser solta em poucos dias. O irmão dela, Diego Giacomini, acha que Sara planejou a própria prisão, pois sabia que logo seria libertada, com o intuito de se transformar numa vítima de "perseguição política". Conforme Diego, Sara sempre quis dinheiro, fama e poder. Pode até ser que Sara acabe lucrando com sua prisão, manipulando, com o auxílio dos bolsonaristas, a verdade dos fatos. Porém, a determinação de prender Sara ocorreu até com atraso. Não se pode afrontar às instituições como a baderneira vinha fazendo, sem receber a devida penalização. Os grupos bolsonaristas, ao contrário do que querem fazer crer, não estão exercendo o seu direito à liberdade de expressão. Estão, na verdade, tentando solapar às instituições e exaltar o fascismo, e isso não pode ser tolerado.

domingo, 14 de junho de 2020

Gatos pingados


  1. Como já é comum nos finais de semana, manifestantes pela democracia e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro saíram às ruas, ontem e hoje, principalmente em Brasília e São Paulo. Chamou a atenção, como já ocorrera na semana anterior, o reduzido número de manifestantes, o que, por um lado, é bom, pois, em tempos de pandemia de coronavírus , o ideal é que as pessoas permaneçam em casa, para evitar a contaminação. Porém, o número de pessoas protestando em favor da democracia foi muito maior do que o de bolsonaristas. Em São Paulo, havia cerca de três mil antifascistas, e não mais do que uma centena de bolsonaristas. As ruas, portanto, estão demonstrando o que as pesquisas de opinião e as redes sociais já vinham revelando, ou seja, a de que os que apoiam Bolsonaro são em número cada vez mais reduzido. Barulhentos e, por vezes, violentos, formam um grupo de gatos pingados. Com Bolsonaro tomando atitudes mais absurdas do que nunca e dando declarações disparatadas em profusão, só os fanáticos fundamentalistas seguirão ao seu lado. Os demais seguidores irão, progressivamente, abandonar o barco.

sábado, 13 de junho de 2020

Uma ameaça nada velada

Os militares brasileiros não se emendam. Seu autoritarismo, arrogância, prepotência e desprezo pela democracia são orgânicos. Ontem, isso foi demonstrado mais uma vez. Ao tentar dissipar a possibilidade de ser deflagrado um golpe militar no país, o secretário geral de governo do presidente Jair Bolsonaro, general Luiz Eduardo Ramos, após negar essa hipótese, acrescentou que a oposição não deve "esticar muito a corda". Como se vê, Ramos fez uma ameaça nada velada sobre a chance de que, sim, os militares intervenham na política. O vice-presidente Hamilton Mourão também foi veemente ao negar que uma intervenção militar venha a ocorrer. Porém, ao comentar a possibilidade de cassação da chapa que compôs com Bolsonaro na eleição presidencial, Mourão disse ter certeza de que o Tribunal Superior Eleitoral julgará a questão com "equilíbrio", ou seja, fez o mesmo "morde e assopra" de Ramos. Desde sempre, as Forças Armadas brasileiras, e em especial o Exército, arrogam-se o "direito" de tutelar a política no país. Em nome de "restituir" a ordem, ao longo da história, conspiram contra o poder instituído, planejam e executam golpes. A ignorância e o servilismo de grande parte da população brasileira faz com que, num típico exemplo da Síndrome de Estocolmo, em que a vítima venera o seu algoz, essa posição totalmente descabida seja convalidada. O respeito à farda como se ela fosse um símbolo de integridade, o que, evidentemente, não é, tem custado um preço muito alto para o Brasil, ao longo dos anos, e explica o porquê um país com tanto potencial se encaminhe para ser uma república das bananas.

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Genocida

O Brasil está entregue aos desvarios de um desequilibrado. A confirmação de que o presidente Jair Bolsonaro é um genocida veio com a recomendação que fez aos seus apoiadores de que invadam hospitais para registrar que os leitos para pacientes de coronavírus não estariam lotados. O que está por trás do pedido de Bolsonaro é a ideia de que os números da doença estão sendo inflados com fins políticos. Tudo nessa atitude é aterrador. Um presidente ordenar a invasão de ambientes hospitalares é um ato dantesco. O acatamento dessa ordem por parte de fanáticos fundamentalistas é outro desatino. O argumento que embasa o pensamento de Bolsonaro é o de que pessoas que têm comorbidades morrem em função desse aspecto, já que são mais frágeis e não há tratamento para o coronavírus. A alegação é pífia, pois pessoas com comorbidades convivem com as mesmas durante décadas, mantendo-se vivas e ativas ao seguirem o devido tratamento médico. Portanto, se elas morrem ao contraírem o coronavírus, essa é a causa de seu falecimento, e não as doenças de que são portadoras. Afora isso, ao contrário de inflados, os números de infectados e mortos pelo coronavírus no Brasil são, claramente, muito inferiores aos reais, pelos poucos testes realizados e a consequente subnotificação. Porém, o mais assustador desse acontecimento é que Bolsonaro ainda esteja no cargo, o que lhe permite tomar decisões como essa. Ninguém que tenha um mínimo de sensatez consegue entender o que estão esperando as forças políticas às quais cabe encaminhar a deposição de Bolsonaro para tomar essa iniciativa. 

quinta-feira, 11 de junho de 2020

Velha política

Para se eleger, entre outras mentiras, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que não trocaria cargos por apoio político. Porém, o procedimento, que Bolsonaro caracterizava como parte integrante da "velha política", está de volta, um ano e meio após a posse do ex-capitão. Para tentar afagar o Congresso, e barrar processos de impeachment, Bolsonaro decidiu recriar o Ministério das Comunicações, e nomear o deputado federal Fábio Faria (PSD/RN), genro do dono do SBT, Sílvio Santos, para chefiar o órgão. Tendo prometido um total de quinze ministérios, Bolsonaro chega, assim, ao vigésimo-quarto. O inacreditável da escolha de Fábio Faria é que o próprio Bolsonaro reconheceu que o deputado não é alguém da área, mas que deve entender do assunto por sua convivência com a família de Sílvio Santos. Em mais uma prova do baixo nível do Congresso, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ), aprovou a recriação do ministério e a escolha de Fábio Faria, a quem qualificou como "um cara" de diálogo. Em vez de procurar um meio de viabilizar a saída de Bolsonaro do cargo, o que seria extremamente benéfico para o país, Maia senta em cima dos vários pedidos de impeachment já enviados à Câmara, e mostra simpatia pelo novo ministro nomeado pelo governo. O Brasil, definitivamente, está à deriva.

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Opção desastrosa

O Brasil, desde o golpe que depôs uma presidente legitimamente eleita, parece ter optado pelo quanto pior, melhor, no meio político. Não há outra conclusão a que se possa chegar diante da declaração do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ), de que não é hora de se pensar em impeachment do presidente Jair Bolsonaro, e sim em priorizar o enfrentamento à pandemia de coronavírus que, nos próximos dias, deverá chegar a 40 mil vítimas fatais. Maia está completamente errado. Se o número de vítimas é tão alto, e o Brasil ainda enfrenta um crescimento no índice de infectados pela doença, enquanto outros países já a controlaram, isso está diretamente relacionado ao posicionamento de Bolsonaro quanto à pandemia, sempre contrário às recomendações médicas e científicas. Portanto, sua saída do cargo, ajudaria a salvar vidas. Ao contrário da presidente Dilma Rousseff, derrubada por alegadas "pedaladas fiscais", Bolsonaro praticou uma série de crimes no exercício do cargo, devidamente tipificados. Sobram motivos para que o ex-capitão seja deposto. Sentar em cima dos vários pedidos de abertura de processo de impeachment contra Bolsonaro é uma atitude covarde de Maia, mas consentânea com sua inexpressividade política e com o perfil de seu partido, o DEM, herdeiro do antigo PFL. Não é hora de chamar os bombeiros. Pelo contrário, o circo precisa pegar fogo de uma vez para o país começar a reescrever o seu caminho político, livre da ameaça do fascismo. A opção desastrosa de Maia precisa ser amplamente rechaçada. Se o Congresso se omitir, caberá ao Supremo Tribunal Federal assumir a tarefa da deposição de Bolsonaro, livrando o país de um pesadelo, e permitindo a perspectiva de um futuro menos ruinoso do que aquele que se anuncia.

terça-feira, 9 de junho de 2020

Esmola

O ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou a extensão do auxílio emergencial por mais dois meses, mas pagando 300 reais, a metade do valor das três primeiras parcelas. Esse fato é acintoso, pois, ao agir assim, o governo federal está a conceder uma esmola, e não um auxílio. Aliás, uma série de irregularidades cerca o benefício. As três primeiras parcelas, de 600 reais, já deveriam ter sido integralmente pagas. Algumas pessoas, no entanto, não receberam sequer a primeira. Por outro lado, pessoas que não tem direito ao benefício foram agraciadas, incluindo militares e integrantes dos segmentos mais privilegiados financeiramente da sociedade. Cabe lembrar que, inicialmente, o governo pretendia pagar apenas três parcelas de 200 reais, valor que foi triplicado pelo Congresso. Tanto o governo quanto economistas que se consideram realistas fazem questão de destacar que esse auxílio representa um gasto alto para os cofres públicos, razão pela qual são contrários a um prolongamento "excessivo" do mesmo ou a sua transformação em medida permanente. O que os neoliberais empedernidos do governo e os economistas "esclarecidos" se negam a perceber é que a pandemia de coronavírus é um fato de extrema excepcionalidade, e, portanto, exige soluções igualmente fora dos parâmetros convencionais. O capitalismo pré-pandemia não terá como retornar. A pandemia tornou isso impossível, ao mostrar que, diante de cenários tão desafiadores quanto o dessa doença, o Estado torna-se, inevitavelmente, o protagonista. O Estado mínimo, sonhado por Guedes e seus asseclas, era, antes, uma previsão cruel. Depois do coronavírus, é apenas uma ficção de má qualidade.

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Um país no rumo do isolamento

Os problemas causados pelo governo Jair Bolsonaro ao Brasil não se limitam ao âmbito interno. Desde que o ex-capitão assumiu como presidente, o país virou motivo de fortes críticas na imprensa internacional. Os principais jornais e revistas do mundo se mostram estarrecidos com as atitudes tresloucadas de Bolsonaro, e projetam um futuro amargo para o Brasil. A mais recente dessas decisões foi a de mudar a metodologia de cálculo do total de óbitos pela pandemia de coronavírus, com o claro intuito de maquiar os números. A repercussão no exterior, como não poderia deixar de ser, foi péssima. Até o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tido por Bolsonaro como seu "amigo", quer distância do sociopata. Primeiramente, Trump proibiu a entrada de brasileiros nos Estados Unidos. Mais recentemente, declarou que se seu país tivesse adotado as mesmas medidas que o Brasil no enfrentamento à pandemia, o número de mortes teria sido muito maior. O isolamento do governo Bolsonaro é progressivo. Diante do avanço dos casos de coronavírus no Brasil, o Paraguai decidiu que, tão cedo, não irá reabrir suas fronteiras com o país vizinho. O Brasil, portanto, é um país no rumo do isolamento, um pária internacional. Um quadro tão terrível exige uma atitude resoluta por parte dos demais poderes, para que Bolsonaro seja deposto. Ao contrário, no entanto, um crime de lesa-pátria está sendo praticado, com a busca de uma acomodação, evitando uma ruptura. Os que agem assim estão condenando o futuro do país e de seu povo. Por sua covardia, a história não os poupará.

domingo, 7 de junho de 2020

Sem agressões


  1. Para frustração de quem apostava em batalhas campais entre antifascistas e bolsonaristas, que pudessem justificar a decretação de um estado de exceção, as manifestações em várias cidades do Brasil, hoje, foram pacíficas. Foram protestos feitos sem agressões, e com baixa adesão, já que tanto partidos de oposição quanto o presidente Jair Bolsonaro pediram para que seus defensores não fossem às ruas. Ainda assim, chamou a atenção o fato de que os antifascistas eram em número bem maior que os bolsonaristas. Afora os que estavam nas ruas, muitos protestaram contra Bolsonaro batendo panelas das janelas dos seus apartamentos. As manifestações também foram contra o racismo, tendo em vista as recentes mortes de pessoas negras em ações policiais, nos Estados Unidos e no Rio de Janeiro , e de um menino ao cair de um prédio em Recife. A pandemia de coronavírus, e a necessidade de evitar aglomerações, foi outro fator que inibiu uma maior participação nos protestos. Essas manifestações, no entanto, irão continuar e, na medida em o tempo for transcorrendo e a pandemia for controlada, terão cada vez mais integrantes. Os antifascistas, até então recolhidos, não deixarão mais as ruas. A luta está apenas começando, e só cessará com a queda de Bolsonaro.

sábado, 6 de junho de 2020

Omitindo números

Não há um dia, praticamente, sem que o presidente Jair Bolsonaro faça declarações disparatadas ou, o que é pior, tome decisões absurdas. O mais recente desvario de Bolsonaro foi a determinação de que o total de óbitos por coronavírus não seja mais informado nos boletins do Ministério da Saúde. Depois de fazer com que o boletim fosse divulgado às 22 h, para não permitir que ele fosse informado pelo Jornal Nacional, Bolsonaro partiu para a manipulação de números, por não querer arcar com a repercussão negativa dos índices assustadores de infectados e mortos. O ex-capitão é o principal responsável por números tão altos, pois sempre se colocou contra o confinamento, a principal medida para salvar vidas durante a pandemia. A repercussão da decisão de Bolsonaro, é claro, foi péssima, dentro e fora do país. Os números continuarão a ser conhecidos pelos brasileiros, por força da atuação das secretarias estaduais de saúde. Porém, ainda que Bolsonaro não atinja o seu intento, sua atitude demonstra, mais uma vez, o descalabro que vive o Brasil, um país cujos casos de coronavírus ainda estão em escala ascendente, sem que o governo esteja preocupado em salvar vidas, mas apenas em esconder o número alarmante de mortes. A cada dia fica mais evidente a impossibilidade de Bolsonaro permanecer no cargo. Ainda assim, o tempo vai transcorrendo, sem que seja destituído. O Brasil se encaminha para um abismo sanitário pela sociopatia de Bolsonaro, e os demais poderes assistem a isso de braços cruzados.

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Terroristas

Acuado diante da insatisfação crescente com o seu governo, o presidente Jair Bolsonaro segue disparando a sua metralhadora verbal. Diante das manifestações de grupos antifascistas que resolveram enfrentar seus fanáticos apoiadores, Bolsonaro tachou-os de "terroristas". Na sua ótica muito particular, fazer manifestações em favor do fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal é exercício da liberdade de expressão. Se os protestos, no entanto, forem pela democracia e contra o fascismo, Bolsonaro os considera como terrorismo. Ao mesmo tempo que vocifera contra supostos terroristas, Bolsonaro anuncia que irá facilitar a importação de armas. O ex-capitão também disse que os antifascistas são "marginais, desocupados e maconheiros" que nunca trabalharam na vida para ganhar o pão de cada dia. Esse é outro aspecto curioso do modo de pensar de Bolsonaro. Sua ênfase nos que trabalham para poder viver é constante, mas Bolsonaro e seus filhos representam um exemplo clássico de vagabundagem e desapreço ao trabalho. Expulso do Exército aos 33 anos, Bolsonaro, desde então, desenvolveu uma carreira parlamentar marcada pela improdutividade e inexpressividade. Os filhos seguiram o caminho do pai, e buscaram cargos eletivos, para ganhar bem sem produzir nada de relevante no âmbito legislativo. Ter de ouvir a torrente de asneiras ditas por Bolsonaro é um castigo que o país não merece. O Brasil precisa se livrar desse estorvo, com a deposição de Bolsonaro.

quinta-feira, 4 de junho de 2020

A insistência com a cloroquina

Como remédio contra a pandemia de coronavírus, a cloroquina não apresentou, até o momento, eficácia comprovada. Pelo contrário, a substância química causa graves efeitos colaterais, que podem levar ao óbito do paciente acometido da doença. Ainda assim, o governo Jair Bolsonaro insiste na utilização da cloroquina no tratamento do coronavírus, e pretende importar dez toneladas da substância, ao custo de 30 milhões de reais. A insistência com a cloroquina, afora ser ineficaz para essa finalidade, ainda prejudica o acesso ao medicamento de quem, verdadeiramente, precisa dele, como é o caso dos doentes de malária, lúpus e artrite reumatóide. A política do governo em relação à pandemia parece ser a do quanto pior, melhor, pois contigencia gastos que poderiam adquirir mais leitos e equipamentos para salvar vidas, e aposta num medicamento que em nada beneficia os pacientes e ainda pode agravar suas condições de saúde. A política genocida de Bolsonaro prossegue, e o Brasil vai batendo recordes de vítimas fatais do coronavírus a cada dia. O ridículo auxílio emergencial de 600 reais, cujas parcelas ainda não foram pagas para grande parte dos beneficiados, será sucedido por um outro, de metade desse valor. Em vez das três parcelas mensais do auxílio original, terá apenas duas. Enquanto distribui, a contragosto, essa esmola para os trabalhadores, o governo nega a utilização de um fundo de 8 bilhões de reais para o enfrentamento da pandemia. A intenção parece clara, ou seja, ao invés de salvar vidas, pretende-se causar um maior número de mortes, principalmente de idosos e pessoas com comorbidades, para "aliviar" os gastos públicos com saúde. O mais incrível é que isso vá sendo feito escancaradamente, e não se tomem medidas imediatas para a deposição do ex-capitão. 

quarta-feira, 3 de junho de 2020

Discurso para os incautos

Um debate na televisão, realizado hoje, entre o ex-candidato a presidente, Guilherme Boulos, e o deputado federal General Girão (PSL-RN) foi exemplar do fosso intelectual que separa a esquerda da direita no Brasil. Culto e articulado, Boulos discorria fluentemente pelos assuntos propostos. O general, ao contrário, mostrava a dificuldade habitual dos seus pares fardados no uso do idioma pátrio. Ao analisarem os confrontos entre grupos antifascistas e bolsonaristas, a desfaçatez de Girão atingiu o ápice, em mais uma demonstração do discurso para os incautos que, lamentavelmente, propiciou a eleição de Jair Bolsonaro para presidente. Ao mesmo tempo em que tachava os antifascistas de "terroristas", Girão disse que os manifestantes bolsonaristas eram patriotas. Emparedado por Boulos, Girão o acusava de "intelectual desonesto" e brandia o velho fantasma do comunismo. A mediocridade instrucional e cultural de Girão não causa espanto, pois, como já foi referido, ela é comum nos seus colegas de farda. Duro, verdadeiramente, é ver que uma parte do eleitorado brasileiro, por ser despolitizada e despreparada, se deixa levar por argumentos tão mentirosos e ridículos.

terça-feira, 2 de junho de 2020

A lógica perversa de Bolsonaro

Claramente, o presidente Jair Bolsonaro não tem nenhum apreço ou respeito pela vida alheia. Defensor da ditadura militar, Bolsonaro chegou a dizer, certa vez, que o regime golpista de 1964 deveria ter matado mais trinta mil pessoas, afora as que assassinou. Em relação à pandemia de coronavírus, Bolsonaro sempre procurou minimizar sua importância. Como a doença é altamente contagiosa, e gera muitas vítimas fatais, Bolsonaro apelou para o negacionismo, pois as ações para enfrentar a pandemia exigiriam muitos gastos públicos. Esses gastos levariam o governo a ter de abandonar o teto estabelecido, comprometendo sua política econômica, feita para favorecer o grande empresariado, que lhe dá sustentação financeira. O argumento de Bolsonaro contra a quarentena, alegando que ela quebrava a economia e também causava mortes por impedir os que precisavam trabalhar de ganhar dinheiro para poder viver, é um exemplo do seu pensamento sociopata. A economia temporariamente paralisada não precisa implicar em que os trabalhadores morram de fome. Basta que o Estado, enquanto durar a pandemia, providencie o auxílio emergencial aos mais necessitados. Na Alemanha, país que já superou a fase mais grave da pandemia, esse auxílio foi de cinco mil euros. No Brasil, foi de três parcelas de 600 reais, e muitos ainda nem receberam a segunda, outros tiveram o auxílio inexplicavelmente recusado, sem contar as pessoas que não teriam direito a ele e foram agraciadas. O valor ínfimo seria ainda menor, o que só não ocorreu por intervenção do Congresso, já que o governo queria pagar parcelas de 200 reais. A obrigação do governo seria gastar o que fosse necessário, sem limites, para adquirir respiradores para os doentes, equipamentos de proteção individual aos profissionais de saúde, e testes para detecção de infecção por coronavírus. Porém, isso faria ruir o plano do ministro da Economia, Paulo Guedes, de redução do tamanho do Estado. A lógica perversa de Bolsonaro ficou expressa, mais uma vez, hoje pela manhã. Completamente indiferente às 32 mil vítimas fatais causadas pela pandemia, até agora, Bolsonaro foi perguntado, por uma apoiadora, o que diria para os que perderam pessoas para a doença, e respondeu que lamentava, mas que esse "é o destino de todos". Para Bolsonaro, a vida dos outros não tem nenhum valor.

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Na contramão do bom senso

A Organização Mundial da Saúde expressou a sua preocupação com os números crescentes da pandemia de coronavírus no Brasil. Conforme a instituição, o Brasil ainda não atingiu o pico do contágio, e não se sabe quando isso acontecerá. Enquanto isso, na Alemanha, o futebol já retornou, ainda que com portões fechados, a Espanha apresentou o primeiro dia sem nenhuma morte pela doença, e a Itália teve o menor número de vítimas fatais desde o início da pandemia. O governo Jair Bolsonaro agiu o tempo todo na contramão do bom senso em relação ao coronavírus, e o Brasil está pagando um preço muito alto por isso. O país já está alcançando trinta mil mortos pela doença, e poderá chegar a um número cinco vezes maior. Os países cujos governos seguiram as orientações da Organização Mundial de Saúde, privilegiando a ciência e não os seus interesses políticos, conseguiram uma melhor resposta na luta contra a doença. O resultado da postura genocida do governo do ex-capitão é que o número de vítimas se amplia enormemente no Brasil, a volta à normalidade vai ficando cada vez mais distante, e a crise econômica só tende a piorar. O negacionismo diante de uma tragédia sanitária faz com que o país tenha um presente angustiante, e um futuro cada vez mais nebuloso.