terça-feira, 5 de setembro de 2023

A dor da injustiça

O sofrimento das famílias dos 242 mortos no incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria, no ano de 2013, não tem fim. O julgamento dos quatro réus, condenados, em dezembro de 2021, a penas que variavam de 18 a 22 anos de prisão, foi anulado em agosto de 2022. O Ministério Público recorreu da decisão, mas, hoje, o Superior Tribunal de Justiça confirmou a anulação. Com isso, o novo julgamento, que estava previsto para 20 de novembro próximo, foi desmarcado pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que marcará uma nova data. Os réus continuarão esperando o novo julgamento em liberdade. Na prática, o processo volta à estaca zero, o que é um escárnio. Não há argumento jurídico que torne aceitável a impunidade dos responsáveis pela tragédia que, afora as vítimas fatais, deixou mais 636 feridos. A dor dos familiares, que já é lancinante, torna-se ainda maior diante da não resolução de um caso que já se arrasta por dez anos. Uma ferida que não fecha. Um alívio que não chega. A dor da injustiça torna o sofrimento dos que perderam pessoas queridas no incêndio ainda maior. A crueldade da decisão do STJ só mostra o quanto a Justiça pode ser insensível.