sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Vandalismo

O enfrentamento entre manifestantes e brigadianos na noite de ontem, no centro de Porto Alegre, foi lastimável sob todos os aspectos. A começar pelo fato de que o protesto em questão era de um conteúdo dos mais vagos e imprecisos. Buscava, pretensamente, manifestar-se em favor da "alegria" e contra a "privatização do espaço público". O que começou sendo um protesto terminou como um combate, com manifestantes e soldados da Brigada Militar feridos. Tudo porque, os participantes do ato público saíram do ponto onde estavam, em frente à Prefeitura, e atravessaram a rua, até o Largo Glênio Peres, onde derrubaram o boneco inflável com a figura do tatu-bola, escolhido como mascote da Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil e terá Porto Alegre como uma das suas sedes. O tatu-bola, na visão dos manifestantes, representaria s tal "privatização do espaço público", por estar vestido com uma camisa da Coca-Cola. Foi mais uma manifestação de hostilidade com a realização da Copa no Brasil, um fato que não consigo entender, nem aceitar. O Brasil é o país que mais ganhou Copas do Mundo, e o único que participou de todas as edições da competição. Ainda assim, a Copa só foi realizada no Brasil uma única vez, em 1950. Portanto, era para existir, em todo o país, um clima de entusiasmo em relação á Copa. Não é o que se vê. Nem mesmo a imprensa esportiva exalta a magnitude do fato da próxima Copa ser realizada no Brasil. Preferem, quase todos, apontar os gastos excessivos, a corrupção em torno da organização da Copa, e outros fatos semelhantes. Junte-se a esse quadro um grupo de rebeldes procurando uma causa e o resultado é a derrubada do boneco do tatu-bola, como já fora a destruição do relógio dos 500 anos, em 2000. Na época, a revolta contra o relógio era porque o mesmo tinha sido uma inciativa da Rede Globo, sempre vista por tais rebeldes como a grande vilã que aliena e anestesia o povo, impedindo-o de conscientizar-se politicamente. Nada justifica as agressões de brigadianos contra os manifestantes na noite de ontem. Porém, não se vá, também, transformar os participantes do protesto em vítimas da repressão. Suas atitudes exacerbaram o direito de livre manifestação próprio da democracia. O que era para ser um protesto culminou num ato de injustificável vandalismo. Ninguém, em nome de que causa for, tem o direito de promover a baderna. A prática da democracia não pressupõe o abandono da ordem e da paz social. Pelo contrário, consolida-se com a existência de ambas.