terça-feira, 19 de março de 2013

Sem público

Os campeonatos estaduais, um anacronismo que o futebol brasileiro insiste em preservar, conseguem piorar a cada ano. Demasiadamente longos, de baixíssimo nível técnico, não conseguem mais despertar o interesse dos torcedores, nem mesmo nos clássicos. Em outros tempos, quando os grandes clubes se enfrentavam nos campeonatos estaduais, lotavam os estádios. Hoje, estes jogos não atraem sequer 20 mil pessoas. Em se tratando de partidas de grandes contra pequenos, ou destes últimos entre si, a frequência de público é, simplesmente, uma calamidade. Em recente jogo pelo Campeonato do Estado do Rio de Janeiro, Flamengo x Resende, apenas 1.700 pessoas compareceram ao Engenhão. O que se pode esperar de uma competição onde o clube de maior torcida do Brasil, o Flamengo, não consegue atrair nem 2 mil pessoas para uma partida? O quadro lamentável se repete em todos os estaduais. No Campeonato Gaúcho, um dos participantes, o Canoas tem uma média de 47 pagantes por jogo em casa! Excluídos os jogos que envolvem Grêmio e Inter, a média de público ficou em 613 pagantes por partida na fase classificatória do primeiro turno. O Gauchão tem a menor média de público dos principais campeonatos estaduais do país. Indiferente diante de situação tão deplorável, o presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Francisco Noveletto, diz que o valor arrecadado nas bilheterias deixou de ser relevante. Conforme Noveletto, o dinheiro das cotas de televisão e da federação suprem os baixos números de bilheteria. Resta saber qual o sentido de se realizar uma competição que não desperta o interesse do público. A declaração de Noveletto, absurda em seu conteúdo e carregada de desfaçatez, demonstra que o futebol brasileiro precisa passar por uma faxina no seu aspecto administrativo. O mesmo Francisco Noveletto é quem promove, a cada ano, congressos técnicos do campeonato estadual em lugares como Europa, Buenos Aires, Punta del Leste e Caribe, e que encaminha a construção de uma nova e suntuosa sede para a Federação Gaúcha de Futebol. Tudo isso para, em troca, realizar campeonatos sem público. A saída de Ricardo Teixeira do cargo de presidente da CBF em nada beneficiou o futebol brasileiro, pois a corrupta e carcomida estrutura por ele comandada continua de pé. Está na hora do governo intervir, para salvar da ruína a maior paixão dos brasileiros.