quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Um gol muito polêmico

A rodada do Campeonato Brasileiro iniciada sábado e encerrada ontem teve jogos bem mais importantes do que Inter x Palmeiras. Afinal, a partida reunia um clube com chances meramente teóricas de se classificar para a Libertadores, o Inter, e outro afundado na zona de rebaixamento, o Palmeiras. No entanto, foi um lance ocorrido nesse jogo que se tornou o assunto esportivo mais discutido durante toda a semana, no Brasil. O Palmeiras perdia por 2 x 1, de virada, para o Inter, quando, já no segundo tempo de jogo, o atacante Barcos marcou o que seria o gol de empate, tocando visivelmente com a mão na bola. Ainda assim, o árbitro e o bandeirinha validaram o gol. Diante dos protestos veementes de todo o time do Inter, o árbitro Francisco Carlos do Nascimento (AL), através do intercomunicador, pediu o auxílio do quarto árbitro, Jean Pierre Gonçalves Lima (RS) para saber quem tinha colocado a mão na bola. Só depois de mais de cinco minutos da ocorrência do lance é que o árbitro voltou atrás, anulando o gol. Tudo estaria muito bem, não fora um detalhe fundamental. Francisco Carlos do Nascimento só foi informado por Jean Pierre Gonçalves Lima sobre a irregularidade do lance depois do relato do delegado da partida, que, por sua vez, valeu-se da informação de uma repórter que observara a jogada pela televisão. Ora, isso é totalmente irregular. A Fifa não prevê a correção eletrônica dos erros de arbitragem, nem dá aos delegados de jogos o poder de interferir nesse tipo de questão. Ainda que o gol tenha sido, claramente, ilegítimo, e que, portanto, sua anulação fosse justa, a forma como isso se deu foi absolutamente ilegal. Há muito tempo, estou convencido de que a Fifa deveria implantar a correção eletrônica dos erros de arbitragem. Porém, isso precisa ser regulamentado, o que ainda não aconteceu. Sem o devido respeito às leis, retroagimos à uma situação de barbárie. Não basta que algo pareça justo para que possa ser feito. Há normas legais a serem observadas. No caso em questão, elas foram desconsideradas. Portanto, o Palmeiras tem todo o direito de recorrer ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva buscando anular o jogo. Se irá, ou não, consegui-lo, é outra história, mas ao contrário do que muitos estão dizendo, o Palmeiras não está atentando contra a ética e a esportividade. Está lutando por seus direitos, que foram prejudicados por uma decisão correta no conteúdo, mas feita de forma inaceitavelmente irregular.