domingo, 12 de janeiro de 2014

O sexo na ordem do dia

O ser humano age paradoxalmente em relação ao sexo e à morte, tratando-os como tabus, ainda que sejam indissociáveis da nossa existência. Só estamos no mundo porque somos resultado de uma relação sexual, e a morte acontece para todos, indistintamente. No entanto, mostramos embaraço e desconforto ao tratar de tais assuntos. O sexo deixa muitos envergonhados, a morte causa temor em todos. Dessa forma, as obras literárias, musicais, cinematográficas ou dramatúrgicas que tratem, prioritariamente, destes dois elementos, geram, quase sempre, impacto e polêmica. No momento, o que está na ordem do dia é o sexo. No cinema, os filmes "Azul é a cor mais quente" e "Ninfomaníaca" e, na televisão, a minissérie "Amores Roubados", brindam os espectadores com tórridas cenas de sexo, o que se reflete em bilheteria e audiência, mas também em análises sob os mais diversos ângulos. Nem mesmo toda a evolução dos costumes e a liberalidade da sociedade ocidental foram capazes de retirar do sexo a condição de assunto tabu, e de evitar que sua abordagem gere o choque de alguns e a indignação de outros tantos. A cada vez que alguém se lança a tratar de sexo de uma maneira mais aberta, logo surge quem o acuse de buscar o sensacionalismo, o apelo fácil de audiência, ou de querer escandalizar a plateia. Não é o caso das três obras citadas, por certo, todas dotadas de inegáveis méritos artísticos. O que chama atenção, no entanto, é que, mesmo em pleno terceiro milênio, ainda encaremos o sexo como algo cercado de restrições e não com a naturalidade de um fator inseparável da nossa própria existência.