segunda-feira, 5 de maio de 2014

A ausência de Mário Quintana

O dia de hoje marca mais uma data "redonda", a dos 20 anos da morte de Mário Quintana. Apenas quatro dias depois da morte de Ayrton Senna, um dos seus maiores ícones do esporte, o Brasil perdia um dos seus grandes poetas. A perda, é claro, tocou ainda mais de perto o Rio Grande do Sul, e Porto Alegre, cidade em que Quintana residia e que foi objeto de um dos seus poemas mais conhecidos. Num país com tão pouco gosto pela leitura, os poetas exercem um ofício ingrato, sendo prestigiados por poucos. Raros são os que conseguem atingir o reconhecimento público, pois se os livros, em geral, vendem pouco, os de poesia, tem uma comercialização ainda menor. Mesmo assim, há poetas que rompem essa barreira, e se tornam populares, com poemas que permanecem na memória das pessoas, atravessando o tempo e as gerações. Trata-se de um grupo seleto, de poucos integrantes, e Mário Quintana, certamente está entre eles. Grupo que tem, entre outros membros, Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes e Manuel Bandeira. Poetas que romperam o limite estreito do academicismo e dos círculos literários e chegaram até o coração do público. A ausência de Quintana é apenas física, pois ele segue vivo junto aos leitores. Em sua longeva e solitária existência, Quintana foi um homem de poucas viagens. Sua poesia brotava de seu mundo interior. Natural de Alegrete, radicou-se em Porto Alegre, e estabeleceu com a cidade e seus habitantes um afeto recíproco. Num país de muitos iletrados e analfabetos funcionais, marcou sua presença de forma indelével escrevendo poesias. Um feito admirável, que poucos conseguem alcançar.