segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Afronta

Foi divulgada, ao longo do dia de hoje, a informação de que, no Gre-Nal do próximo domingo, no Beira-Rio, serão disponibilizados 17.250 ingressos para a torcida do Inter, e 750 para a torcida do Grêmio. A medida, caso confirmada, fere frontalmente o artigo 86 do Regulamento Geral das Competições, da CBF, que determina que, em toda e qualquer competição, seja reservado um mínimo de 10% do total de ingressos para a torcida do clube visitante. Ora, se serão destinados 17 mil ingressos para a torcida do Inter,  os torcedores do Grêmio devem receber 1.700 entradas. A arbitrária e injusta decisão que está sendo divulgada é o ponto culminante de uma situação iniciada pela absurda permissão para que o Beira-Rio, que se encontra em obras, continue a sediar jogos de futebol. O Beira-Rio é o único dos estádios escolhidos para a Copa do Mundo de 2014 que não paralisou suas atividades durante a reforma. Três procuradores do Ministério Público, de maneira ajuizada e socialmente responsável, tentaram parar com esse descalabro, solicitando a interdição do estádio. Sofreram uma saraivada de críticas da imprensa esportiva do Rio Grande do Sul, historicamente alinhada com a defesa intransigente dos interesses do Inter. O mínimo que se disse é que os procuradores eram gremistas e estavam tentando prejudicar o Inter! A Justiça Estadual recusou a proposição dos procuradores e manteve a permissão de funcionamento do Beira-Rio, alegando, entre outros argumentos, de que o estádio recebera a liberação da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros. Incrivelmente, a mesma Brigada Militar que sustentou que o estádio pode continuar a receber jogos, agora resolve limitar o número de torcedores do Grêmio no Gre-Nal, em nome de questões de segurança. Como assim? Não foi a própria Brigada Militar, em conjunto com o Corpo de Bombeiros, que considerou o estádio apto a continuar funcionando durante a realização das obras? Afora isso, a Brigada, ao tomar para si a definição do número de pessoas que podem ir ao Gre-Nal, está extrapolando a sua competência. A Brigada é uma instituição que serve à sociedade, não pode se impor a ela. Não lhe cabe determinar o que quer que seja, pelo contrário, deve, tão somente, cumprir ordens, disciplinadamente. A obrigação da Brigada Militar é dar segurança aos torcedores que comparecerem ao Gre-Nal, sejam eles quantos forem. Se não se sentir apta para isso, estará declarando publicamente sua falência como instituição garantidora da segurança pública. Não é do seu papel, em nome seja lá do que for, pisotear regulamentos esportivos. O Grêmio, ao que parece, em momento algum foi ouvido sobre a questão, e está tendo seus direitos terrivelmente prejudicados. Sua diretoria tem o dever de buscar a defesa dos interesses dos torcedores do clube, apelando, se necessário for, para a esfera jurídica. A situação, tal como se apresenta de momento, é uma afronta inaceitável a um clube de tamanha grandeza e representatividade.