terça-feira, 15 de janeiro de 2013

O partido de Marina Silva

Há poucos dias, escrevi sobre a excessiva proliferação de partidos no Brasil, e de que descobrira a existência de mais um, o Partido Ecológico Nacional. Agora, cogita-se de que a ex-candidata a presidente Marina Silva, irá criar o seu próprio partido. Marina teve grande votação na última eleição presidencial, representando uma alternativa à polarização PT-PSDB, mas desentendeu-se com o partido pelo qual concorreu, o PV, e deixou a sigla. Afora ser mais um partido, num país que já os tem em excesso, a nova legenda, caso venha mesmo a ser criada, teria que tipo de proposição? Um partido precisa ter um ideário definido, uma orientação ideológica clara, não pode ser, apenas, um agrupamento de pessoas. O partido de Marina Silva, contudo, parece ser muito mais uma sigla constituída no culto à personalidade da ex-candidata. Marina Silva é uma figura humana e política admirável, mas um partido deve representar um conjunto de ideias e programas, não um séquito de admiradores de uma personalidade carismática. Alguém poderia dizer que Marina Silva criaria um novo partido porque nenhum dos já existentes atende às suas expectativas. Isso pode até ser verdadeiro, mas, caso ela viesse a ganhar uma eleição majoritária para um cargo executivo concorrendo pela nova legenda teria que, obrigatoriamente, realizar alianças com outras siglas, ou não conseguiria governar. Goste-se ou não, a política exige composições. Ninguém governa sozinho. Isso é ruim e bom, ao mesmo tempo. Ruim porque leva, muitas vezes, a coligações espúrias entre partidos sem maior afinidade entre si. Bom porque, com a necessidade de alianças entre partidos, não se corre o risco de uma só legenda empalmar o poder. Marina Silva poderia repensar sua ideia de criar mais um partido. Deveria levar suas bandeiras para um já existente, que se dispusesse a acolhê-las.