sábado, 15 de outubro de 2011

Direitos inalienáveis

Na solenidade de adesão dos estados do Sul ao programa "Brasil sem Miséria", realizada ontem, em Porto Alegre, a presidente Dilma Roussef afirmou que o país nunca teve responsabilidade social explícita como agora. Dilma voltou a dizer que o governo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva tirou da miséria uma população equivalente à da Argentina. Para a presidente, o combate à pobreza é um grande investimento econômico. As críticas aos programas de complementação de renda foram rechaçadas por Dilma que disse que o governo não quer a tutela dos mais pobres, mas, sim, conceder-lhes a cidadania. "Tutela seria vincularmos benefícios sociais a indivíduos. O que fazemos é reconhecer direitos inalienáveis", declarou Dilma. Referindo-se ao abalo econômico mundial, Dilma afirmou que o governo não vai deixar que o Brasil pague por uma crise que não é dele, e que, por se importar com os 16 milhões de brasileiros que vivem na miséria, irá juntar-se a eles para superá-la. A presidente está certa. Vozes reacionárias da sociedade tem criticado os programas sociais do governo que, argumentam, "dão o peixe e não ensinam a pescar". Conversa fiada. O que tais pessoas não suportam é que, finalmente, um governo deixou de lado a retórica fácil das promessas e buscou fazer, na prática, um processo de resgate social no país. Os programas, como bem colocou a presidente Dilma, são um meio de tornar cidadão quem está marginalizado no contexto social. Em função das políticas sociais do governo Lula, que estão tendo continuidade com Dilma, milhões de brasileiros foram integrados ao consumo, do qual estavam alijados. Um grande contingente de pessoas ascendeu na escala social. O Brasil, aos poucos, vai deixando de ser uma "Belìndia", uma mistura da prosperidade da Bélgica com a miséria da Índia, como certa vez definiu o economista Edmar Bacha. Apesar de quaisquer pesares, como os atos de corrupção e escândalos de toda a ordem, é inegável que os atuais ocupantes do poder na administração federal estão enfrentando a divída social do país como, até então, não havia sido feito. Nada mais justo. Afinal, como disse, certa vez, Tancredo Neves: "Enquanto houver, nesse país, um só cidadão sem casa, sem comida, e sem escola, toda prosperidade será falsa".