segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

O detalhe que faltou

A Mangueira é a atual campeã do carnaval do Rio de Janeiro, e o forte conteúdo de seu enredo para esse ano fez com que fosse considerada candidata a bisar o título. Havia, portanto, grande expectativa para o seu desfile. Ontem, na primeira noite dos desfiles do Grupo Especial, a Mangueira, enfim, entrou na Avenida Marquês de Sapucaí. Sua apresentação foi boa, tecnicamente bem conduzida, com um enredo de acentuado cunho político. Sem dúvida, estará entre as escolas que vão disputar o título. Porém, o detalhe que faltou, e que poderá ser decisivo na busca do bicampeonato, foi a pouca emoção que a mais popular das escolas de samba imprimiu ao seu desfile, fator que ficou mais evidenciado pela apresentação que lhe antecedeu, da Viradouro, que levantou a avenida. As escolas de samba desfilam para serem bem avaliadas pelos jurados. Assim, nada impede que a Mangueira venha a ser campeã, desde que os julgadores considerem que ela cumpriu com o que estabelece cada quesito. No entanto, uma escola cuja rainha de bateria decide não dançar, e com um samba sem um refrão forte, não estabelece a relação contagiante que se espera com a arquibancada. Viradouro, Paraíso do Tuiti e Portela tiveram seus sambas cantados em coro pelo público, o que a Mangueira não conseguiu. Um desfile voltado para atender aos critérios de julgamento nada tem de errado, mas carnaval é, sobretudo, uma celebração e, sendo assim, não pode prescindir da emoção, fator que esteve ausente na bela, mas fria, apresentação da Mangueira.