sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Declaração infeliz

O ator Caio Castro, um jovem galã da televisão, arranca suspiros do público feminino. Porém, sua trajetória de sucesso sofreu um forte abalo depois que foi ao ar uma entrevista por ele concedida à jornalista Marília Gabriela, em que, numa declaração infeliz, confessa não gostar de teatro, nem de ler. A princípio, isso não tem nada demais, pois ninguém é obrigado a gostar seja lá do que for. O problema é que Caio Castro é ator. Convenhamos, é no mínimo estranho um ator declarar que não gosta de teatro. Soa algo tão improvável quanto um piloto de automobilismo que não goste de dirigir carros. Pior ainda, é não gostar de ler. Nem é preciso dizer que as possibilidades de crescimento de Caio Castro na sua profissão ficam muito limitadas a partir desse seu desapreço pelo teatro e pela leitura. Como não poderia deixar de ser, Caio Castro recebeu críticas candentes de muitos colegas de profissão. Ele é muito jovem, tem apenas 25 anos, e, lamentavelmente, é um espelho de grande parte da sua geração. Os jovens de hoje dão pouco valor à leitura e a tudo que exija um maior esforço intelectual. Vivem voltados para os estímulos áudio-visuais e cibernéticos. Com isso, não desenvolvem o seu senso crítico. Suas vidas seguem um ritmo trepidante, mas calcado na superficialidade, sem espaço para a reflexão. Caio Castro faz sucesso porque é jovem e bonito, mas esses atributos, como sabemos, são efêmeros. Sem eles, e com o desprezo que revelou pelo teatro e pela leitura, ele tende a ir para o limbo profissional, onde ficam aqueles que alicerçam sua carreira apenas na imagem, ou seja, na forma, e deixam de cultivar o mais importante, o conteúdo.