terça-feira, 27 de setembro de 2016

Onda conservadora

As pesquisas sobre intenções de voto para as eleições municipais, que serão realizadas no próximo domingo, indicam que o Brasil está sendo tomado por uma onda conservadora no campo político. Em várias capitais do país, os candidatos favoritos na eleição para prefeito são de partidos de direita. No Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, como se isso não bastasse, os candidatos que lideram as pesquisas são evangélicos, o que implica numa visão de mundo carregada de preconceitos e defensora de posturas incompatíveis com uma sociedade pluralista. O primeiro colocado nas pesquisas em Curitiba disse que vomitou ao sentir cheiro de pobre. Em Porto Alegre; cidade que já foi administrada pelo PT por 16 anos consecutivos, o segundo turno poderá ter dois candidatos de direita. Pelo visto, o esforço da grande imprensa em associar a esquerda com a escalada da corrupção e a crise econômica deu resultado. O eleitor brasileiro, historicamente pouco politizado, costuma se deixar envolver por artimanhas midiáticas. O pior é que ele parece não aprender com os erros, remotos e recentes, que cometeu por se portar assim. A imagem de "caçador de marajá", que inflou a candidatura de Fernando Collor de Melo, levou o país a ver o seu primeiro presidente eleito após a redemocratização ser deposto do cargo por um impeachment na metade de seu mandato. Uma campanha em que aparecia como um homem simples e bonachão, levou eleitores incautos a escolher José Ivo Sartori para governador do Rio Grande do Sul, que, em consequência, vive a pior administração de toda a sua história. Será que as medidas desastrosas e carregadas de demofobia do governo federal golpista não bastaram para abrir os olhos do eleitor? Como pode o eleitorado, em sua maioria, escolher a direita, com todo o seu rol de maldades, sua "austeridade" que gera arrocho salarial e contração da economia? A se confirmarem, nas urnas, as tendências das pesquisas, será inevitável lembrar do ditado que expressa que quem corre por gosto não cansa. Depois de consumada uma escolha errada, não adiantará se queixar.