segunda-feira, 4 de novembro de 2013

O mito que ruiu

A ruína do império "X" de Eike Batista (todas as empresas dele tem essa letra em seu nome), expõe exemplarmente os desvarios do capitalismo. Os defensores do mercado e da "livre iniciativa", fizeram de Eike um mito. Com vários empreendimentos simultâneos, e uma fortuna que o colocava entre os homens mais ricos do mundo, Eike foi saudado pela grande imprensa brasileira como um exemplo de empresário arrojado. Eike sempre gostou dos holofotes, de ostentar sua condição de homem extremamente bem sucedido. Chegou ao ponto de ter dentro da sala de sua residência um carro esporte caríssimo. Seu nome começou a ser mais conhecido do grande público quando, há alguns anos, a modelo Luma de Oliveira, com quem era casado e teve dois filhos, desfilou no carnaval do Rio de Janeiro com uma coleira que tinha o seu nome inscrito. Agora, de modelo a ser perseguido, Eike tornou-se um exemplo do quão ilusório pode ser o êxito capitalista. Suas empresas valem cada vez menos. Chegou a ter a pretensão de se tornar o homem mais rico do mundo, mas sua fortuna vem encolhendo a cada dia. Claro que Eike não se tornará um homem pobre. Continuará a usufruir de um alto padrão de vida. Porém, os que apostaram nas suas empresas quebraram a cara. A petrolífera OGX, a principal do império, acumula dívidas de R$ 11 bilhões, o que se configura como o maior calote já aplicado por uma companha na América Latina. A OGX pediu recuperação judicial, o que a aproxima ainda mais da falência. Outra empresa do grupo, a OSX, de estaleiros, está quase seguindo o mesmo caminho. O curioso, no entanto, é que o tratamento editorial dado à queda de Eike não é proporcional ao do tempo de sua ascensão. O empresário chegou a ser capa da revista "Veja", quando de seu êxito. Seu fracasso, contudo, só é registrado, pela mesma publicação, em pequenos espaços, sem maior destaque. Afinal, para quem colocou Eike Batista como um símbolo das "virtudes" do capitalismo e do empreendedorismo, sua queda representa uma propaganda contrária totalmente indesejável.