terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Imposição absurda

O Corpo de Bombeiros deu um ultimato ao Grêmio. A corporação só emitirá o alvará definitivo para o funcionamento da Arena, o novo estádio do clube, depois que o Grêmio comprar e instalar cadeiras na área destinada à "avalanche", que se encontra momentaneamente interditada, após a ocorrência de um incidente no jogo contra a LDU, no dia 30 de janeiro. O Grêmio, com toda a razão, indignou-se com a imposição. Desde o início, é visível que o incidente está sendo explorado por diversas pessoas e instituições que encobrem suas verdadeiras intenções argumentando, demagogicamente, que estão priorizando a segurança dos torcedores. Jornalistas identificados com o Inter, assumidos ou não, bradam pela colocação das cadeiras. Claro, caso elas venham a ser instaladas, a Arena terá sua capacidade diminuída, aproximando-se da do Beira-Rio reformado. Afora isso, sonham com a extinção da avalanche, cujo sucesso nunca suportaram. No caso dos bombeiros, estão se valendo da comoção ocorrida com a tragédia de Santa Maria, para tentar demonstrar seu "compromisso" com a segurança. Na verdade, o ultimato dos bombeiros representa uma inaceitável inversão de valores. Orgãos como o Corpo de Bombeiros existem para servir à sociedade, não para lhe fazer imposições. Numa sociedade democrática, não cabe a uma instituição de cunho militar dar ordens a um clube. Bombeiros são servidores, ou seja, como a própria palavra expressa, servem à sociedade. Para ser mais claro, bombeiros não dão ordens, cumprem-nas. O Grêmio não pode deixar passar batido tamanho acinte. A Arena é uma questão do Grêmio e da empresa que administra o estádio, e de ninguém mais. Aos bombeiros cabem agir como colaboradores, quando solicitados, e adequando-se aos interesses e determinações previamente estabelecidos pelo Grêmio e pela empresa administradora do estádio. O Grêmio não deve se dobrar às intenções e aos interesses desta ou daquela corporação. A Arena é um estádio particular, e sendo assim, não pode sofrer interferência de uma instituição pública. Mesmo com toda a gritaria em contrário, o Grêmio tem a obrigação de resistir às pressões e manter a área da avalanche sem a colocação de cadeiras. Para tudo há solução, e o estádio pode ter sua área popular preservada sem que se tenha de colocar cadeiras. O ultimato dado ao Grêmio é um ato absurdo, coercitivo, descabido e autoritário. Deve entrar para a história, apenas, como uma bravata. Não pode e nem deve ser levado em conta.