quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Iniquidade

Os arautos da sociedade de mercado, expressão eufemística utilizada pelos adeptos do capitalismo selvagem, não cansam de se superar em matéria de iniquidade. A mais recente manifestação nesse sentido foi feita pelo presidente da Nestlé, o empresário austríaco Peter Brabeck Letmathe. Brabeck propõe, descaradamente, a privatização da água! O empresário disse que a água não é um direito fundamental e que as ONG's que sustentam esse princípio são "extremistas". Para Brabeck, os governos deveriam garantir, por dia, para cada pessoa, 30 litros de água, sendo cinco para beber e 25 para higiene pessoal. O restante do consumo teria de ser gerido segundo "critérios empresariais". A opinião de Brabeck torna-se ainda mais repulsiva quando se sabe que a Nestlé é líder mundial na venda de água engarrafada. O oportunismo dos adoradores do "mercado" não tem limites. As crises no abastecimento d'água, verificadas em várias partes do mundo, que devem ser tratadas com a responsabilidade de um assunto de interesse público, servem de mote para a ânsia criminosa de lucros dos defensores do capital. A água é, sim, um direito fundamental do ser humano, não pode ser vista como um produto alimentício igual a qualquer outro, como argumentou Brabeck. Só está faltando, agora, diante da crescente poluição do ar, alguém propor que ele, também, seja privatizado. Para os capitalistas, não existem seres humanos, apenas consumidores, potenciais geradores de lucros.