sexta-feira, 27 de março de 2020

Divisão

O alucinado discurso do presidente Jair Bolsonaro na terça-feira já atingiu o seu objetivo, ou seja, o enfrentamento entre brasileiros. Bolsonaro não sabe operar de outra forma, aposta sempre na divisão da sociedade entre os que o apoiam e os que o criticam. Hoje, no Brasil, diversas "carreatas" de apoio a Bolsonaro e ao fim da quarentena do coronavírus foram realizadas. Em resposta a essa atitude, muitas pessoas faziam panelaços contra Bolsonaro. Houve xingamentos entre as partes. O que poderia ser pior do que um país dividido num momento em que a união de esforços para derrotar um inimigo tão cruel como o coronavírus se faz necessária? O que explica isso é o fato de que Bolsonaro e seus apoiadores não prezam as vidas de outras pessoas, só as próprias e as de seus familiares. Como muito bem disse a economista Mônica de Bolle, não há crise econômica que não possa ser superada. O mundo já enfrentou várias, e superou todas. Bem mais grave é enfrentar as consequências de mortes em massa causadas por uma pandemia. Entre a vida e a economia, a opção terá, sempre, de ser pela primeira. Até mesmo o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ídolo de Bolsonaro, está tendo que voltar atrás em seus postulados, ainda que a contragosto. Só o genocida Bolsonaro não o faz. Essa situação revela também, um quadro de leniência dos demais poderes da República, pois seja qual for o fator jurídico acionado para tanto, Bolsonaro precisa ser retirado do cargo. O recurso mais óbvio seria o impeachment, mas, se por alguma razão, sua operacionalidade imediata não se mostrar viável, qualquer outro deverá ser colocado em prática para que o país se livre de um presidente desqualificado e que age contrariamente à preservação das vidas dos brasileiros.