terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Reacionarismo

Há um processo em curso na sociedade brasileira de evidente reacionarismo e discriminação com as camadas mais pobres da população. Manifestações essencialmente populares, como o futebol e o carnaval, estão sendo atingidas por medidas que ferem a sua espontaneidade e fruição. O futebol passa por uma evidente elitização, com estádios confortáveis, mas menores, com ingressos caros que afastam os torcedores de pouco poder aquisitivo. Antes verdadeiros caldeirões de emoção, os estádios estão sendo transformados em locais solenes e comportados como teatros. No carnaval, a prefeitura de Porto Alegre estabeleceu regras para os blocos que desfilam pelo bairro Cidade Baixa, estipulando o final das apresentações para às 21 horas, e definindo locais de dispersão, em consonância com a Brigada Militar, que agora se acha no direito de palpitar em tudo. Por trás de tais decisões, está a ação da associação de moradores do bairro, sempre pressurosa em defender o "sossego" dos habitantes da localidade. Bairro essencialmente boêmio, a Cidade Baixa tem sofrido inúmeros prejuízos com a ação repressora movida por tais moradores. Eles fizeram com que as casas noturnas tivessem seus horários reduzidos, e muitas, perseguidas por um furor fiscalizatório, até fecharam suas portas. Por essas e por outras, Porto Alegre é uma cidade sem apelo turístico. Não bastasse a sua absoluta falta de atrativos naturais, seus administradores, insuflados por pessoas infelizes e mal resolvidas, insistem em tornar a cidade cada vez mais chata e opressiva, sem espaço para a alegria e a efusividade. Os jovens e os festeiros em geral não podem se deixar dobrar, é preciso enfrentar essa onda de "caretização" da sociedade brasileira que, na capital do Rio Grande do Sul, particularmente, atinge níveis alarmantes. Abaixo a repressão!