sábado, 21 de maio de 2011

A singular visão da direita

A revista "Veja" é uma eficiente porta-voz do pensamento de direita no Brasil. Sua linha editorial expressa exemplarmente os pilares do pensamento neoliberal, sua muito própria visão do mundo e da sociedade. Isso ficou, mais uma vez, comprovado na edição que acaba de chegar às bancas. Os dois escândalos que envolveram figuras públicas no Brasil e no exterior nos últimos dias, em torno do ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Antônio Palocci Filho, e do ex-diretor gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Khan, foram tratados com brandura pela publicação. Nenhuma novidade. Palocci sempre foi visto pela revista como uma figura moderna e arejada, mesmo pertencendo aos quadros do PT, partido que "Veja" detesta. Isso porque, Palocci não tem um passado de "guerrilheiro" ou "terrorista" como José Dirceu, José Genoíno e a presidente Dilma Roussef. Para a publicação, "esquerdista light" tudo bem, "radical de esquerda", nem pensar. "Veja" chega a expressar que Palocci conquistou o mundo empresarial brasileiro por ser "um raro elemento de racionalidade em Brasília". Resta saber o que a revista entende por "racionalidade". Na mesma linha, a publicação define Strauss-Khan como um dos mais lúcidos e eficientes chefes do FMI. Em outra oportunidade, "Veja" chegou a entrevistar, nas "páginas amarelas", o ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, tido, então, como um exemplo de administrador austero e eficiente. O que se passou depois com o referido político é desnecessário relembrar. Assim é o mundo pela singular visão da direita. O que importa é ser "moderno", eficiente', "arejado", "racional". A ética? Ora, a ética é só um detalhe.