segunda-feira, 25 de junho de 2012

A definição das chapas

No último final de semana, ocorreram, por todo o Brasil, convenções partidárias que definiram as chapas para as eleições majoritárias e nominatas para as proporcionais, no pleito de outubro próximo. Mais uma vez, acontecem as composições mais esdrúxulas, sem nenhuma coerência ideológica, e com cargos e espaços na futura administração sendo previamente loteados. A união do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva com o deputado federal Paulo Maluf, em prol do candidato do PT a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, gerou estupefação em todo o país, mas não é a única aliança estapafúrdia para as eleições de 2012. Em Porto Alegre, a composição das chapas dos candidatos a prefeito também apresenta combinações espantosas. O mais curioso é o critério de escolha do candidato a vice-prefeito. O cargo faz parte dos postos que são oferecidos para atrair o apoio de um partido para um determinado candidato. Isso é uma temeridade, pois, se no dia-a-dia da administração são figuras quase decorativas, os vice-prefeitos, em caso de renúncia ou falecimento do titular do cargo, assumem como prefeitos de forma definitiva. Nesse caso, se o vice for uma figura politicamente inexpressiva ou pertencer a um partido pouco relevante, a cidade é que sairá perdendo. Pois esse é o quadro que se apresenta em Porto Alegre. Na chapa do candidato a prefeito Adão Villaverde (PT), o vice é o coronel Arlindo Bonete (PR). Bonete é um nome sem expressão eleitoral, e seu partido, no plano federal, está envolto em várias acusações de corrupção e malfeitos. Caso Villaverde venha a ser eleito e, por essa ou aquela razão, não complete o seu mandato, como ficaria a cidade, vendo assumir um prefeito com uma trajetória política pouco relevante e pertencente a um partido com parca expressão no Estado? A situação da candidatura de Manoela D'Ávila (PC do B) não é diferente. Seu candidato a vice é o vereador Nelcir Tessaro (PSD). Trata-se de uma estranha composição entre uma sigla comunista e um partido, criado recentemente, que não assume uma definição ideológica. No caso de Tessaro e seu partido virem a assumir o comando da prefeitura, como se sentiria o eleitor? Pois é, aí está a questão. Ao fazerem suas coligações bizarras, os partidos levam em conta, apenas, os seus interesses. Troca-se apoio por cargos, realizam-se barganhas. Aquele que deveria ser a preocupação maior dos futuros mandatários, o cidadão, é deixado de lado. Depois de obtido o seu voto, o eleitor é esquecido. Mais tarde, contudo, se as exóticas alianças partidárias resultarem em administrações fracassadas, ele é que pagará a conta.