quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Êxodo

A venda, hoje anunciada, do lateral esquerdo Wendell, do Grêmio, para o Bayer Leverkusen, escancara, mais uma vez, o maior problema do futebol brasileiro, ou seja, o êxodo das suas jovens revelações. A malfadada "Lei Pelé" tirou dos clubes a prerrogativa de manter o vínculo de seus jogadores. Visando atender, prioritariamente, o interesse dos jogadores, beneficiou, também, os atravessadores, que se apresentam sob a denominação de "empresários". Os clubes não tem tempo de desfrutar de suas grandes descobertas e revelações, pois elas logo tomam o caminho do exterior. Para piorar, sequer um grande volume de recursos vai para os cofres dos clubes, pois os jogadores tem seus direitos econômicos divididos entre várias partes, cabendo-lhes, apenas, uma fração do montante pago. Wendell, vindo do Londrina, onde foi escolhido o melhor lateral esquerdo do Campeonato Paranaense de 2013, chegou no Grêmio no final do primeiro semestre do ano passado. Ficou na reserva de Alex Telles, que havia assumido a titularidade da posição com a saída de André Santos. Na única oportunidade que teve de sair jogando, contra o Náutico, na Arena Pernambuco, pelo Campeonato Brasileiro, teve excelente atuação. No início desse ano, com a venda de Alex Telles para o Galatasaray, assumiu a condição de titular, sempre com ótimo desempenho. Com menos de uma dezena de jogos no time principal já se tornara um ídolo do torcedor e um dos principais jogadores do time. Ele ficará no Grêmio até o término da participação do clube na Libertadores, mas isso não serve de consolo. O Grêmio se desfaz de um jogador de apenas 19 anos, que tem tudo para, em breve, estar na Seleção Brasileira. O futebol brasileiro construiu seu êxito com grandes ídolos que desfilavam por seus gramados e levavam o público a lotar os seus estádios. Eles faziam suas carreiras dentro do país, criando identificação com o torcedor. Hoje, a Seleção Brasileira conta, até mesmo, com jogadores que jamais atuaram profissionalmente por um clube do país. A consequência desse quadro é que ela já não desperta o mesmo encanto de antes sobre os brasileiros, e a saída precoce dos grandes jogadores esvazia os estádios. Um triste quadro que, infelizmente, não apresenta probabilidade de alteração.