sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Escândalo abafado

A revelação de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, possuem dinheiro aplicado em empresas off-shore no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas é estarrecedora. Porém, pior do que isso, é a indiferença com que o assunto é tratado pela imprensa brasileira, resultando num escândalo abafado. O argumento de que a situação não é ilegal, esgrimido pelo próprio Guedes e a conivente imprensa brasileira, revolta por sua desfaçatez. Embora legal, o fato represemta um claro conflito de interesses com os cargos que Guedes e Campos Neto ocupam e, portanto, é imoral. A leniência com que o assunto vem sendo tratado pela imprensa está ligado ao fato de que integrantes das famílias controladoras de grandes grupos de comunicação do país também possuem contas em paraísos fiscais. A finalidade de manter contas nessas localidades é sonegar impostos e fazer lavagem de dinheiro. O Congresso se limitou a convocar Guedes para depor sobre o caso, o que é muito pouco. Como o fato já foi admitido por Guedes, não resta outra solução que não seja a sua demissão. O mesmo vale para Campos Neto. A continuidade de ambos em seus cargos é um absurdo moral.