sexta-feira, 31 de maio de 2013

Chance única

Normalmente, as chances da dupla Gre-Nal em jogos contra o Santos, na Vila Belmiro, são muito reduzidas. Em jogos oficiais, o Grêmio ganhou do Santos, na Vila Belmiro, apenas duas vezes. O Inter nunca venceu lá. Amanhã, no entanto, o Grêmio terá uma chance quase irrepetível de obter uma vitória contra o Santos no estádio do adversário. O clube paulista passa por um momento de transição. Será seu segundo jogo sem Neymar. No primeiro, perdeu por 2 x 1 para o Botafogo, no estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda (RJ). Como se isso não bastasse, hoje, na véspera do jogo contra o Grêmio, a diretoria do Santos anunciou a demissão do técnico Muricy Ramalho. Fica difícil imaginar que, diante de tantas notícias negativas, o Santos seja capaz de uma grande atuação. O Grêmio, por outro lado, precisa provar que está mesmo numa nova fase. Sabe-se que não falta qualidade ao grupo gremista, e sim atitude e foco. Por várias vezes , desde que Vanderlei Luxemburgo assumiu como técnico, o Grêmio mostrou-se tímido em momentos cruciais. No jogo de amanhã, é indispensável ter ousadia. Um ditado popular expressa que "quem não arrisca, não petisca". Para quem tem ambições de obter o título do Campeonato Brasileiro, como é o caso do Grêmio, é essencial largar bem na competição. Para isso, é fundamental não desperdiçar oportunidades de conquistar pontos. Com todo o respeito que merece um clube com a grandeza do Santos, esse é um jogo para o Grêmio ganhar. Para consegui-lo, contudo, terá de mostrar um empenho e comprometimento que tem estado ausentes na era Luxemburgo. Eis aí um jogo ideal para o Grêmio mostrar que vive novos tempos, ou então, de que só a mudança de técnico poderá lhe trazer novos horizontes.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Classificação dramática

Por pouco o Atlético Mineiro não foi eliminado da Libertadores, como os demais clubes brasileiros. Empatou, em 1 x 1, com o Tijuana, do México, hoje à noite, no Independência, resultado que lhe era suficiente, em razão do 2 x 2 no primeiro jogo, pelo critério do maior número de gols marcados fora de casa. A classificação, no entanto, foi dramática. O Atlético teve contra si um pênalti aos 45 minutos do segundo tempo! Porém, o goleiro Victor defendeu a cobrança e levou o Atlético para as semifinais da Libertadores. A eliminação, nessas circunstâncias, seria muito cruel para o clube brasileiro, que foi o primeiro colocado entre todos os participantes da competição na fase de grupos. Por intermináveis minutos, antes que o pênalti fosse batido, os fantasmas de sempre se abateram sobre os atleticanos, ou seja, a fama do clube ser um "cavalo paraguaio", a sensação terrível de, mais uma vez, morrer na praia. Caso fosse eliminado, o Atlético, que já deixou o título do Campeonato Brasileiro escapar em 2012, depois de um início empolgante, certamente mergulharia numa crise. Seu time, provavelmente, seria desmanchado, e seu técnico, demitido. O drama teve um final feliz, contudo, e, agora, faltam quatro jogos para o Atlético alcançar o título da Libertadores. Tecnicamente, é o melhor time entre os semifinalistas e, depois do susto de hoje, dificilmente se deixará atemorizar por qualquer outra coisa. A impressão que se tem é que o Atlético Mineiro só não será campeão da Libertadores se perder para si mesmo.

Impunidade

O Brasil costuma ser caracterizado, por usa própria população, como o país da impunidade. Não é por acaso. A Justiça brasileira tem por hábito ser rigorosa com os "ladrões de galinhas" e extremamente leniente com criminosos que pertençam a extratos superiores, economicamente, da sociedade. Para quem pode pagar bons advogados, os recursos jurídicos disponíveis com o intuito de procrastinar ou mesmo evitar definitivamente a devida punição de um réu parecem infindáveis. O resultado disso é o sentimento, disseminado entre os brasileiros, da ineficácia da Justiça como meio de se alcançar a reparação de crimes e ilicitudes. Nem mesmo diante da maior tragédia já ocorrida no Rio Grande do Sul esse quadro se alterou. O incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, ocorrida no dia 27 de janeiro, que deixou um total de 242 mortos, causou comoção em todo o país e repercutiu, inclusive, no exterior. Foi resultado de um conjunto de irresponsabilidades e omissões. Os diversos implicados, em maior ou menor grau, na tragédia, foram sendo liberados de qualquer responsabilização, restando quatro pessoas que foram presas. Os quatro presos foram os proprietários da boate, Elissandro Spohr, o Kiko, e Mauro Hoffmann, e Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Augusto Bonilha Leão, vocalista e produtor, respectivamente, do grupo "Gurizada Fandangueira". Ontem, numa atitude criticada pelo Ministério Público e que gerou revolta entre os familiares das vítimas, os quatro réus foram postos em liberdade pela 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça. Com a medida tomada, é grande o risco de que eles fujam do país. O promotor criminal de Santa Maria, Maurício Trevisan, discordou da posição do Tribunal de Justiça. Afora temer a fuga dos réus, Maurício Trevisan disse que se os desembargadores decidiram pela sua liberação por entenderem que não há mais risco para a ordem pública e clamor social, precisam ir a Santa Maria. Mesmo sem ir até lá, os desembargadores puderam ter uma ideia da repercussão da sua decisão assim que a votação foi encerrada. Familiares das vítimas que estavam presentes à votação manifestaram a sua revolta. Ao deixar o local do julgamento, Jáder Marques, advogado de Elissandro Spohr, o Kiko, foi atingido por um tapa desferido pelo familiar de uma das vítimas. O presidente da Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria, Adherbal Ferreira, deixou o tribunal chorando e afirmou: "Eu pensei que aqui houvesse justiça, mas me enganei feio". A dor e a revolta diante de tão injusta decisão não é só dos familiares das vítimas, é de todos os brasileiros que se comoveram com a tragédia de Santa Maria. Como sempre, os desembargadores justificaram seus votos com tecnicalidades jurídicas, alegando estarem na estrita observância do que determina a lei. Pois se é assim, a lei é falha, por ser permissiva e promover a impunidade. Nada pode ser pior para um país do que a convicção firmada entre seus habitantes de que o Poder Judiciário é ineficiente e, pior do que isso, injusto em suas decisões. Os brasileiros já tem essa percepção há muito tempo. A liberação dos quatro réus do incêndio da boate Kiss veio reforçar essa imagem. Infelizmente, por fatos como o ocorrido ontem, o Brasil seguirá sendo conhecido, aqui e lá fora, como o país da impunidade.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Mais um brasileiro eliminado

Com a derrota do Fluminense para o Olímpia, por 2 x 1, de virada, hoje à noite, no Defensores del Chaco, mais um clube brasileiro foi eliminado da Libertadores. Agora, cinco dos seis clubes brasileiros que iniciaram a Libertadores já estão fora da competição. Amanhã, o Atlético Mineiro decidirá a classificação para as semifinais contra o Tijuana, no Independência. Como obteve um bom empate em 2 x 2, fora de casa, no primeiro jogo, é bem provável que o clube brasileiro siga adiante na competição. Seria algo bastante lógico, já que o Atlético foi o clube que terminou em primeiro lugar entre todos os participantes na fase de grupos. Na verdade, a única eliminação inesperada entre os brasileiros foi a do Corinthians. Grêmio e São Paulo vieram da pré-Libertadores e seus times jamais embalaram desde o início do ano. O Palmeiras foi rebaixado para a Segunda Divisão, o que o tornava um franco atirador na competição. O Fluminense, campeão brasileiro em 2010 e 2012, vinha mostrando um decréscimo de rendimento. O Atlético é, sem dúvida, o melhor time entre os brasileiros e, se obtiver sua classificação para as semifinais, como tudo indica, aparece como o grande favorito da competição. Os três semifinalistas já definidos, Independiente Santa Fé, Newells Old Boys e Olímpia, são times inferiores ao Atlético tecnicamente. O grande desafio do clube brasileiro, mais uma vez, será superar a sua fama de "cavalo paraguaio". Os resultados dos brasileiros, até aqui, no entanto, ligaram o sinal de alerta. Com um nível de investimento bem mais alto do que os clubes dos demais países da América do Sul, o rendimento dos brasileiros na Libertadores foi muito abaixo do que se poderia esperar. Foi muito pouco retorno para gastos tão altos.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Futebol empresarial

O futebol é um esporte que desperta a paixão popular. Desde seu surgimento foi ampliando sua aceitação e se tornou um fenômeno de massas. Com o passar do tempo, com não poderia deixar de ser, os farejadores de lucros passaram a gravitar em torno do futebol, transformando-o num negócio gigantesco. Esse processo vem se ampliando aceleradamente, e, como efeito perverso, está virando as costas para os torcedores. Por incrível que pareça, o torcedor mais humilde, com poucos recursos financeiros, que com sua paixão construiu a grandeza do futebol, vem sendo deixado de lado. Os novos estádios são cada vez mais confortáveis e bonitos, mas com capacidade bem menor do que os antigos monumentos de concreto. Com isso, os ingressos se tornaram bem mais caros, elitizando o público que os frequenta. Essa era uma realidade que ainda não estava de todo presente no Brasil, mas a necessidade de atender as exigências da Fifa em relação à Copa do Mundo de 2014 fez com que vários estádios fossem construídos e outros tantos reformados, levando o futebol no país a um outro patamar. Muitos vibram com esse novo cenário. O eterno complexo de vira-lata de grande parte dos brasileiros faz com que sempre nos coloquemos em desvantagem com o que se pratica no exterior. Nossos estádios novos e reformados adquiriram uma feição europeia, o que desperta entusiasmo em muitas pessoas. Porém, como costuma acontecer no capitalismo, o futebol está se tornando um meio de encher o bolso de poucos privilegiados. A grande "solução" para as mazelas do futebol brasileiro passou a ser a adoção, nos clubes, de uma estrutura "empresarial". Em entrevista para a revista "Época", o ex-vice-presidente do Barcelona e atual CEO do Manchester City, Ferran Soriano, reforça esse pensamento. Soriano diz que todo clube deve ser gerido como uma empresa. Embora reconheça que há a relação social com os torcedores, afirma que é preciso gerenciar isso com inteligência e pouca emoção. Ferran Soriano acha que tudo fica mais difícil quando se permite que os torcedores votem na presidência e no conselho. "Os clubes com governantes correm o risco de se politizar demais", afirma Soriano. "A estrutura política dos grandes clubes não deixa os profissionais trabalharem", acrescenta. O CEO entende que é precisos esquecer "essa história velha de que quem gerencia o futebol o faz por paixão"..No seu modo de ver, em clubes que tem um dono as coisas se resolvem mais facilmente. Ferran Soriano considera que mexer com muito dinheiro pode dar margem à corrupção, e que a  profissionalização é a solução para esse problema. Poucas vezes li uma entrevista com argumentos tão cínicos e interesseiros. Ao contrário do que sentencia Soriano a eleição de presidente e conselheiros de clubes por seus torcedores é uma medida democrática e saudável. O torcedor, com sua paixão e apoio, é a razão de ser de um clube. Nada mais justo que seja ele a decidir quem deve administrá-lo. Por outro lado, se a profissionalização é a saída contra a corrupção, como explicar o que acontece na Itália? Lá, os clubes tem donos e são altamente profissionalizados, mas o futebol vive envolvido em escândalos de corrupção que estão minando sua credibilidade. As ideias de Soriano, é claro, serão aclamadas pelos deslumbrados de sempre, mas não vão frutificar no Brasil. O atual processo de elitização em curso no futebol do país, com o tempo, se mostrará inviável. Depois da Copa do Mundo de 2014, os preços dos ingressos terão de ser rebaixados, ou os estádios se transformarão em espaços vazios. O Brasil, nesse caso felizmente, não é a Europa. Aqui, queira ou não o senhor Soriano, o futebol é movido a paixão. Todas as tentativas de dar aos clubes uma feição empresarial redundaram em fracasso. A razão para isso, bastante simples, é que clube de futebol não é banco, não tem de dar lucro. Seu "lucro" são os títulos, que alimentam o entusiasmo dos seus torcedores, ampliando o seu número. O resto é conversa de quem, em vez de contribuir com o futebol, quer usá-lo para obter ganhos fáceis e vultosos.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Mortes na imprensa conservadora

Nos últimos dias, dois dos maiores representantes da imprensa de direita no Brasil faleceram. Primeiro foi Ruy Mesquita, da família proprietária do jornal "O Estado de São Paulo", depois Roberto Civita diretor editorial do Grupo Abril, que foi fundado por seu pai. Dentre as várias publicações da Editora Abril, a menina dos olhos de Roberto Civita era a revista semanal "Veja". A revista despeja, a cada semana, a visão de mundo de Civita, americanófila, antiesquerdista, defensora do capitalismo selvagem, da lei do mercado, do Estado mínimo, da "meritocracia". "Veja" se torna cômica, por vezes, pois sua linha editorial é tão facciosa que chega a ser panfletária. O que se vê nas páginas da publicação não pode ser chamado de jornalismo. Não há a mínima isenção nos assuntos abordados, apenas uma pregação insistente e histérica dos preceitos mais caros ao direitismo. "O Estado de São Paulo", jornal da família Mesquita, não fica atrás. O chamado "Estadão" apoiou abertamente o espúrio golpe militar de 1964. O veículo teria se "arrependido" de tal apoio quando o regime militar suprimiu as eleições previstas para 1965. Mais tarde, com a censura a várias matérias, o jornal publicou poemas de Camões nos espaços a elas destinados, numa postura de aparente resistência e rebeldia, mas nunca deixou de ser, no seu ideário, um bastião do conservadorismo. Mesquita e Civita representam um tipo que, para o bem do país, deveria sair, definitivamente de cena. Refiro-me aos barões da imprensa, ricos herdeiros de impérios jornalísticos erguidos por seus ascendentes, que se dedicam a tentar doutrinar a opinião pública com suas ideias elitistas, sectárias, preconceituosas e neoliberais. Alardeiam a pretensão de servirem de farol para a sociedade, quando, na realidade, apenas defendem os seus interesses e os dos grupos a eles associados. O resultado prático das ideias que apregoam é um país cada vez mais injusto e desigual, onde poucos ficam com quase tudo, e milhões dividem as migalhas que sobram. Posam de "avançados", mas representam o que há de mais atrasado e retrógado no pensamento ocidental. Não deixam nenhum legado que possa ser festejado. Pelo contrário, ajudaram a construir impérios que disseminam a má informação e a manipulação ideológica mais rasteira. Foram homens poderosos. Porém, não foram grandes homens. Serviram a si e aos seus, em detrimento dos interesses maiores da população.

domingo, 26 de maio de 2013

Dever cumprido

O Grêmio venceu o Náutico por 2 x 0, hoje á tarde, no Alfredo Jaconi, na estreia dos dois clubes no Campeonato Brasileiro. Não se poderia aceitar outro resultado do Grêmio que não fosse a vitória. Depois dos sucessivos fracassos do clube, até aqui, em 2013, ganhar do Náutico era uma imposição. A vitória, no entanto, foi apenas o cumprimento de um dever. Nada mais do que isso. Para que o Grêmio recupere seu crédito junto ao torcedor, será preciso muito mais. No jogo de hoje, não houve maiores novidades. Os gols foram marcados por Zé Roberto e Elano, que, há muito tempo, são os dois melhores jogadores do time. Vargas e Barcos tiveram boa movimentação, mas continuaram sem marcar gols, o que é preocupante em se tratando de dois atacantes tão renomados e caros. O próximo jogo do Grêmio, sábado, contra o Santos, na Vila Belmiro, já apresentará uma exigência bem maior. Historicamente, o Grêmio não costuma se dar bem no estádio do clube paulista. Menos mal que, com a saída de Neymar para o Barcelona, o Santos está enfraquecido técnica e animicamente. Nos outros três jogos antes da Copa das Confederações, contra Atlético Mineiro, Vitória e São Paulo, só o clube baiano pode oferecer uma maior facilidade. A vitória de hoje garantiu um bom início no Brasileirão, mas o desempenho do Grêmio, daqui para a frente, segue sendo uma incógnita.

sábado, 25 de maio de 2013

Empate

O Inter empatou em 2 x 2 com o Vitória, hoje, na Arena Fonte Nova, na estreia dos dois clubes no Campeonato Brasileiro. Com pouco mais de dez minutos de jogo, o Inter já perdia por 2 x 0. A reação obtida, portanto, pode levar a que se tenha esse empate como um bom resultado para o Inter, até pelo fato de a partida ter sido fora de casa, mas essa é uma impressão equivocada. O Inter ainda não enfrentou, até aqui, em 2013, nenhum adversário do seu tamanho. Nos Grenais do Campeonato Gaúcho, em que isso poderia acontecer, o Grêmio jogou com os reservas. Nos demais jogos, o Inter enfrentou clubes pequenos ou médios, e, mesmo assim, deixou a desejar. Contra o Santa Cruz, pela Copa do Brasil, não passou de um  0 x 0, no Arruda, e venceu por 2 x 0, no Francisco Stédile, jogando um futebol modesto. Hoje, contra o Vitória, mais uma vez, mostrou pouco. Diante de um adversário limitado, tomou dois gols muito cedo, e não teve forças para buscar mais do que o empate. A defesa, que vinha sendo elogiada por sua solidez, tomou dois gols logo no início do jogo. Diego Forlán, ainda que tenha feito um gol, voltou a ter uma atuação acanhada. D'Alessandro, novamente, tentou fazer a diferença, mas os adversários do Brasileirão não são tão frágeis quanto os do Campeonato Gaúcho. Sem Leandro Damião, o Inter fica carente de um centroavante eficiente. A melhor notícia do Inter na partida foi a volta de Fred ao futebol de alto nível, já que ele vinha decaindo de produção. Seja como for, a impressão que fica é a de que o Inter vai precisar se reforçar se quiser algo maior na competição. Com o que tem até o momento não pode ambicionar muito..

sexta-feira, 24 de maio de 2013

A saída de Neymar

Agora, parece não haver mais dúvida de que Neymar está deixando o Santos e o futebol brasileiro. O Santos aceitou as duas propostas que recebeu pelo jogador, e deixou a decisão de para qual clube ir nas mãos de Neymar. Uma das propostas é do Barcelona. A outra, especula-se, seria do Real Madrid. Na verdade, o Santos manteve Neymar pelo máximo de tempo que foi possível. Desde o surgimento da malfadada Lei Pelé, os clubes brasileiros não conseguem segurar seus grandes craques por muito tempo. Tudo porque, com a extinção do passe, correm o risco de ver o jogador sair sem receberem nem um centavo por ele. Assim, em determinado momento, são obrigados a negociar o jogador para poder obter algum ganho. O pior é que esse valor nunca representa a totalidade dos direitos sobre o jogador. A mesma perversa legislação faz com que, hoje em dia, os direitos econômicos de um jogador sejam fatiados entre diversos proprietários, com o clube recebendo apenas uma fração do valor total da negociação. Um jogador como Neymar deveria render ao Santos um valor astronômico, mas isso não vai acontecer porque o clube não possui a totalidade dos seus direitos. Há alguns anos, o São Paulo teve de vender Kaká para o Milan por irrisórios 8 milhões de dólares, para não ver o jogador sair sem nada receber por ele. A saída de Neymar representará, por certo, a sua independência financeira, e um enorme ganho para seus empresários. Para o Santos, significará um aporte de recursos muito menor do que seria justo, caso pudesse ficar com o valor integral da negociação. Para o futebol brasileiro, uma perda que o tornará, tecnicamente, ainda mais pobre. Tudo por causa de uma lei estúpida, que fere de morte a peça mais importante na estrutura do futebol, que é o clube. Uma lei que, infelizmente, leva o nome do maior jogador de todos os tempos. Dentro de campo, Pelé foi de uma qualidade inigualável. Fora dele, criou uma lei que favorece o bolso de jogadores e de seus empresários, mas prejudica os interesses dos clubes e de seus torcedores.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Na galeria dos Tesouros

Hunter Davies, autor, em 1968, da única biografia dos Beatles autorizada pelo grupo, doou cartas e canções manuscritas por John Lennon para a Biblioteca Britânica, que irá expor os escritos na galeria dos Tesouros, junto com obras de Beethoven e Shakespeare. Entre os documentos cedidos estão letras de músicas como "Strawberry Fields Forever", "She Said, She Said" e "In My Life". Trata-se de mais de uma demonstração do valor extraordinário da obra do quarteto de Liverpool . A propósito, o diretor da Biblioteca Britânica, Roby Keating, se mostrou muito satisfeito com o material doado e afirmou que "a vitrine dedicada aos Beatles é uma das mais populares na galeria dos Tesouros". Keating acrescentou que "os visitantes de todo o mundo se emocionam ao ver estas letras tão lendárias em suas minutas originais". A coleção dos Beatles é exposta na mesma seção que o texto da Carta Magna britânica e, como foi referido acima, de obras de Beethoven e Shakespeare. Hunter Davies, de 77 anos, já havia emprestado os documentos à Biblioteca, e, agora, os doou de forma definitiva. Ele disse que deseja que sua coleção dos Beatles permaneça junta em um mesmo lugar e exposta ao público e que a Biblioteca Britânica é o lugar perfeito para isso. A doação foi feita por meio de um programa governamental que oferece vantagens fiscais para quem presenteie o Estado com patrimônio artístico. O acervo, sem dúvida, está em boas mãos, e o local onde está exposto não poderia ter um nome mais adequado. Efetivamente, é um tesouro.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Covardia inaceitável

O Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, deu uma declaração que é uma ducha de água fria naqueles que pretendem ver passado a limpo o período da ditadura militar no Brasil, e de uma covardia inaceitável. Cardozo disse que o governo não vai propor uma revisão da Lei de Anistia, conforme sugerido por Rosa Cardoso, uma das integrantes da comissão, pois respeita a posição sobre o assunto emanada do Supremo Tribunal Federal, que já rejeitou uma ação da OAB nesse sentido. O entendimento do STF é o de que a referida lei anistia os dois lados da luta armada, impedindo a punição dos agentes da ditadura. O ministro acrescentou que a Comissão da Verdade não tem caráter punitivo, sua função é fazer um levantamento dos abusos cometidos pelo regime militar. Bem, se é assim, sugiro que a comissão, cujo trabalho deverá se estender até dezembro de 2014, encerre suas atividades imediatamente. Ela não serve para nada, é um organismo inútil a consumir recursos e a paciência dos brasileiros. Não há nenhuma serventia em se fazer um levantamento dos crimes praticados pela ditadura. Para quê, se tais crimes continuarão impunes, e seus autores permanecerão livres e soltos pelas ruas? A comissão deveria ter qualquer outro nome que não fosse "da verdade". Poderia ser "da enganação", "da inutilidade", "da inocuidade", da "perda de tempo", ou outros termos semelhantes. Sem finalidade punitiva, a existência dessa comissão é um escárnio contra o povo brasileiro. Ela deve ser extinta o quanto antes. Se é para realizar uma ação cosmética contra a ditadura, melhor não fazer nada e deixar claro, de vez, que o governo se acovardou antes às forças conservadoras, permitindo que o fantasma das atrocidades do regime militar continue pairando para todo o sempre na vida do país.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Uma luz no fim do túnel

A Comissão da Verdade, que apura os crimes cometidos pela ditadura militar, adotou uma resolução que poderá livrá-la da condição de orgão irrelevante e inócuo. Conforme uma de suas integrantes, Rosa Cardoso, a comissão irá recomendar que agentes da ditadura respondam judicialmente por seus atos. Rosa afirmou que "crimes de lesa-humanidade são imprescritíveis". Ela tem toda a razão. Crimes bárbaros como os praticados pelos agentes do regime militar não podem ficar impunes. Embora a interpretação atual do Supremo Tribunal Federal seja a de que os agentes da ditadura não podem ser julgados por seus crimes, em função da Lei de Anistia, isso não pode e não deve ser aceito como algo definitivo. A OAB, por exemplo, já entrou com recurso contra a interpretação da Lei de Anistia, o qual ainda não foi analisado. Rosa Cardoso espera, inclusive, que no futuro, com uma outra composição do Supremo Tribunal Federal, uma nova interpretação da Lei de Anistia seja adotada. A Comissão Da Verdade irá, também, nominar os autores dos crimes de violação dos Direitos Humanos praticados durante a ditadura. O coordenador da comissão, Paulo Sérgio Pinheiro, declarou que a tortura no regime militar era a base da repressão durante a ditadura, e não um acontecimento eventual. A tortura começou desde o início do golpe militar, em 1964, e não apenas quando do episódio da luta armada. Manifestações como as de Rosa e Paulo Sérgio, deixam a esperança de que a comissão possa levar a que, finalmente, se faça justiça, punindo, com rigor, os criminosos e violadores dos direitos humanos durante o espúrio regime militar. Seria uma justiça tardia. Porém, antes tarde do que nunca. Basta de tanta impunidade!

segunda-feira, 20 de maio de 2013

A pior das decisões

O Grêmio optou por continuar com o técnico Vanderlei Luxemburgo. Não se sabe o que levou o Grêmio a tomar essa atitude, se foi o alto custo de sua rescisão de contrato ou o fato de Luxemburgo ser um especialista no Campeonato Brasileiro, competição que o clube começara á disputar a partir de domingo, e da qual o técnico é o maior vencedor. Seja como for, o Grêmio tomou a pior decisão dentre as que poderia adotar. O trabalho de Luxemburgo, em um ano e três meses de clube, é um total fracasso. Nem mesmo a campanha no Brasileirão de 2012 foi tão exitosa quanto apregoam alguns profissionais da imprensa. Para um clube do porte do Grêmio, o terceiro lugar não poder ser considerado tão bom assim. O clube tem de aspirar o título. Convém lembrar que, com jogadores de qualidade inferior aos de Luxemburgo, Mano Menezes obteve o mesmo terceiro lugar em 2006, e Celso Roth foi vice-campeão em 2008. Em 2013, o Grêmio tem sido ainda mais decepcionante do que em 2012. Nada autoriza a que se imagine que, mantido tudo como está, possa haver alguma reação. Ao decidir manter Luxemburgo, o Grêmio condena o seu torcedor ao desânimo e à desesperança.

domingo, 19 de maio de 2013

Um retorno há muito esperado

O São Paulo, de Rio Grande, venceu o Brasil, de Pelotas, por 1 x 0, no tempo normal, e por 3 x 2 nos tiros livres da marca do pênalti, hoje, no seu estádio, o Aldo Dapuzzo, e garantiu seu retorno à Primeira Divisão do Rio Grande do Sul. No primeiro jogo do confronto, que decidia o campeão do primeiro turno da Segunda Divisão do Rio Grande do Sul, o Brasil venceu por 1 x 0, em seu estádio, o Bento Freitas. Com a vitória de hoje, devolvendo o placar do primeiro jogo, o São Paulo levou a disputa para os tiros livres, e, finalmente, conseguiu a tão almejada subida para a Primeira Divisão, onde esteve, pela última vez, em 2002. Como riograndino, ainda que seja torcedor do Sport Club Rio Grande, estou profundamente gratificado. Rio Grande, por tudo que significa na história do futebol gaúcho, não pode ficar de fora da Primeira Divisão. A volta da cidade à elite do futebol estadual coincide com um momento de grande crescimento econômico do município, em função de investimentos na área da construção de plataformas petrolíferas. Com o Rio Grande na Terceira Divisão, e o Riograndense com o seu departamento de futebol desativado, coube ao São Paulo proporcionar esse retorno tão esperado. Para dar ainda mais brilho à conquista, ela foi obtida contra o seu maior rival da região, o Brasil, de Pelotas. Os dois clubes são os mais populares de suas cidades e a rivalidade entre eles é histórica. Foram dois jogos com estádios lotados e  emoção até o último minuto. Tudo como manda o figurino. Parabéns, São Paulo! Parabéns, Rio Grande!

sábado, 18 de maio de 2013

Um exemplo a ser seguido

A morte do general e ex-ditador da Argentina Jorge Rafael Videla, que cumpria pena de prisão perpétua num presídio no subúrbio de Buenos Aires, é mais uma evidência do descalabro que caracteriza a forma como o Brasil trata os artífices do espúrio golpe militar que impôs ao país uma ditadura que se prolongou por 21 anos. Enquanto seus vizinhos, Argentina e Uruguai, que também experimentaram o amargor de regimes ditatoriais, puniram os golpistas por seus crimes, que incluíam torturas e assassinatos, no Brasil os monstros do regime fardado estão livres e soltos, sustentando sua tese de que agiram corretamente e de que salvaram o país da ameaça comunista. Há poucos dias, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, uma das figuras mais execráveis do golpe militar brasileiro, responsável por torturas e mortes nos porões do Doi-Codi, em depoimento à Comissão da Verdade, negou que tais fatos tenham ocorrido e envolveu-se num bate-boca com um médico e vereador de São Paulo, recusando uma acareação com ele, a quem caracterizou de terrorista. O detalhe é que, conforme o vereador, Ustra o torturou na época da ditadura. Enquanto coisas como essas acontecem por aqui, na Argentina, Videla, cujo período no poder foi o mais sangrento da ditadura naquele país, terminou seus dias na prisão, como deveria ser. O Brasil precisa seguir em frente, é claro, mas isso não se faz varrendo o lixo para debaixo do tapete. Pelo contrário. O Brasil precisa passar o limpo o período da ditadura, não por vingança, mas por justiça. O argumento de que a anistia de 1979 serve pára os dois lados é pífio e cínico. A anistia foi um artifício dos ditadores para evitar punições futuras, pois sabiam que o regime vivia seus estertores. Os verdadeiros democratas não reconhecem a legitimidade dessa anistia. Se é verdade que ela permitiu a volta dos exilados, isso, em si, não é nenhum mérito, pois foi o retorno de quem nunca deveria ter saído. Em nome de tantos brasileiros que tombaram na luta contra a ditadura, não basta fazer um levantamento dos assassinatos cometidos, localizar corpos e indenizar a família das vítimas, é preciso mais. Os perpetradores e executores da ditadura que ainda se encontram vivos não podem mais continuar soltos, escarnecendo, com sua infecta presença, da dor dos familiares das vítimas e dos brasileiros de caráter. Seu lugar é na prisão. Os bons exemplos devem ser seguidos. Façamos como a Argentina e o Uruguai, e punamos os militares golpistas. Enquanto isso não for feito, a ditadura permanecerá como um fantasma a perturbar os brasileiros.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Não podia ser diferente

O Grêmio perdeu por 1 x 0 para o Independiente Santa Fe, no estádio El Campin, em Bogotá (COL), em jogo que terminou na madrugada de hoje, pelo horário brasileiro, e está eliminado da Libertadores. Nada mais previsível. Só mesmo a paixão mais extremada poderia fazer com que um torcedor esperasse melhor sorte para o Grêmio na competição. O Grêmio, em 2013, jogou apenas duas boas partidas, contra o Fluminense, no Engenhão, e o Caracas, na Arena, goleando seus adversários em ambas. Antes e depois desses jogos, suas atuações foram pífias. Alguém poderá lembrar de uma outra goleada, sobre o São José, no primeiro turno do Campeonato Gaúcho, mas isso é o que se espera de um clube grande diante de um pequeno. Em 2013, o Grêmio tem sido um amontoado de problemas e erros fora do campo, e um desfile de fracassos dentro do gramado. Mesmo para o os mais distraídos, era perceptível que o tão falado "projeto" de trabalho estava fadado ao insucesso. A cada novo desempenho insatisfatório, o técnico Vanderlei Luxemburgo, em suas entrevistas após os jogos, apresentava uma cascata de desculpas esfarrapadas, sempre no intuito de esconder as falhas de seu trabalho e reafirmar sua confiança de que "o Grêmio está no rumo certo". Seus argumentos eram risíveis, para dizer o mínimo, e não convenciam nem uma criança. Desde que chegou ao clube, há um ano e três meses, Luxemburgo perdeu tudo o que disputou. Até mesmo a sua melhor campanha, a do Campeonato Brasileiro de 2012, tem de ser relativizada. O Grêmio acabou em terceiro lugar, mas chegou na última rodada com a chance de obter o vice-campeonato, o que lhe daria a classificação direta para a Libertadores. Não conseguiu e teve de disputar a pré-Libertadores, o que comprometeu a sua preparação para o ano que se avizinhava. Por mais que se reconheça o currículo vitorioso de Luxemburgo, seu trabalho, no Grêmio, não deu certo, e  não há nada que indique que ele possa reverter a situação. Nem mesmo o alto custo de sua rescisão de contrato, para um clube que vive dificuldades financeiras, pode servir de justificativa para que se prorrogue a sua permanência no cargo. Há momentos na vida de um clube em que se impõe a necessidade de criar-se um fato novo. Para o bem do Grêmio, o ciclo de Vanderlei Luxemburgo tem de ser encerrado. Só assim o clube poderá ter chances de corresponder às expectativas de seus torcedores ainda durante este ano.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Vitória inconvincente

O Inter ganhou por 2 x 0 do Santa Cruz, hoje à noite, no Francisco Stédile, e se classificou para a terceira fase da Copa do Brasil. O futebol que o time jogou, no entanto, dá motivo para muitas preocupações. Mais uma vez, a exemplo do que vinha acontecendo nos jogos do Campeonato Gaúcho, e, também, na primeira partida contra o Santa Cruz, o Inter não esteve bem. O primeiro tempo terminou em 0 x 0, com o time pernambucano mostrando-se mais insinuante que o Inter, que ficou com um homem a menos, devido a expulsão de Fabrício. O jogo seguia, mais ou menos, o mesmo diapasão no segundo tempo, quando D'Alessandro fez um belo gol, aliviando o sofrimento do Inter e encaminhando a classificação. Novamente, a capacidade técnica de D"Alessandro fez a diferença, e é preciso lembrar que ele só entrou em campo por que sua pena original de dois jogos de suspensão foi diminuída pelo STJD. No Santa Cruz, a ausência de seu principal destaque, Dênis Marques, que está lesionado, lhe retirou muito poder ofensivo. O Inter venceu, como se esperava, mas terá de melhorar muito para alcançar objetivos maiores. As razões para preocupação são muitos. Fred não repete suas boas atuações de 2012, Diego Forlán, depois de um bom início de 2013, volta a viver uma má fase. Rafael Moura continua sem dizer a que veio. Por outro lado, Caio sempre que entra, corresponde, mas o técnico Dunga insiste em mantê-lo na reserva. Ainda que com dificuldades, o Inter eliminou o Santa Cruz. O mesmo deverá ocorrer com América Mineiro ou Avaí, pois um dos dois será o seu próximo adversário na competição. Porém, a partir do momento em que os clubes egressos da Libertadores entrarem na Copa do Brasil, as chances do Inter tendem a ser muito diminutas. Se não se reforçar, o Inter não terá êxito em nenhuma das competições que ainda disputará ao longo do ano.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Mais acertos do que erros

A convocação da Seleção Brasileira para a Copa das Confederações, divulgada, hoje, pelo técnico Luiz Felipe Scolari, o Felipão, foi bastante criteriosa, tendo mais acertos do que erros. Não ocorreu nenhum esquecimento gravíssimo, embora alguns nomes merecessem ser lembrados. Analisando cada posição, verificaremos que Felipão acertou na maior parte das escolhas. Os três goleiros convocados, Júlio César, Diego Cavalieri e Jefférson, são, mesmo, os melhores da posição. Júlio César é qualificado e experiente, e vive, novamente, uma boa fase, não tendo responsabilidade direta pelo rebaixamento de seu clube, o Queen's Park Rangers, no Campeonato Inglês. Diego Cavalieri é, desde 2012, o melhor goleiro em atividade no Brasil, e Jefférson, já convocado outras vezes, exibe grande regularidade há muitos anos. Nomes como Cássio, do Corinthians, e Rafael, do Santos, também tem se destacado muito, mas são jovens e podem esperar a vez. Na lateral-direita está o calcanhar de aquiles da Seleção. Daniel Alves já não é tão jovem, tem 30 anos, e nunca foi uma unanimidade, mas não há outra opção melhor. Para a sua reserva, no entanto, Felipão poderia ter convocado outro jogador que não fosse Jean. Trata-se de uma improvisação, pois o jogador é volante de origem. Afora isso, Jean é um jogador apenas mediano, não tem o padrão técnico de uma Seleção Brasileira. Jamais simpatizei com improvisações, sequer em clubes, quanto mais na Seleção. Melhor seria se Felipão tivesse convocado Marcos Rocha, do Atlético Mineiro, que não é brilhante mas é da posição e vive boa fase. Entre os zagueiros convocados, nenhuma injustiça. David Luiz e Thiago Silva são nomes certos em qualquer convocação, Réver vive uma grande fase, e Dante, embora já tenha 29 anos e, até pouco tempo, fosse desconhecido pela maioria dos brasileiros, é titular do Bayern de Munique, onde vem tendo grandes atuações. Na lateral esquerda, Marcelo é um nome indiscutível, e Felipe Luís, convocado para a sua reserva, também é muito bom jogador. No meio de campo, houve o esquecimento mais grave, o de Ramires. A razão, ao que se diz, teria sido por uma conduta considerada inadequada do jogador, mas tendo em vista sua qualidade, esse problema tinha de ser contornado. Foi no meio de campo, também, que ocorreu o maior número de equívocos de Felipão. Afora a não convocação de Ramires, Felipão errou ao chamar Luiz Gustavo, um jogador comum, Jádson, um bom jogador de clube, mas insuficiente para a Seleção Brasileira, e deixar de fora Kaká, de muito boas atuações no final do período de Mano Menezes como técnico da equipe, quando teve grande entendimento com Oscar. As convocações do próprio Oscar, de Fernando, Paulinho, Hernanes e Bernard, não merecem reparos. Em compensação, nesse setor, esteve o maior acerto de Felipão, ao não chamar Ronaldinho, que há muito tempo deveria ter se tornado uma página virada na Seleção. No ataque, as convocações de Fred e Neymar eram óbvias e obrigatórias, e a de Leandro Damião mais do que justa, pelo seu desempenho e pela inconfiabilidade de Alexandre Pato, quase sempre atrapalhado por lesões. Nesse setor, o único erro foi a convocação de Hulk, um equívoco da época de Mano Menezes que Felipão insiste em perpetuar. De um modo geral, no entanto, foi uma boa convocação, que espelha o atual momento do futebol brasileiro. Uma Seleção que está longe de ser espetacular, mas que pode se constituir numa boa equipe, desde que Felipão consiga reeditar seus melhores momentos como técnico. Resta saber se ele ainda é capaz disso.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Privilégio

Antes relegada a um segundo plano no roteiro de shows dos grandes nomes da música, Porto Alegre, nos últimos anos, entrou para o mapa dos astros internacionais que vem se apresentar no Brasil. A lista dos ícones musicais que estiveram na capital do Rio Grande do Sul inclui, por exemplo, Paul McCartney, Ringo Starr, Eric Clapton, Bob Dylan, Elton John e Madonna. No próximo dia 22, Porto Alegre receberá o show de um outro grande mito da música: Charles Aznavour. O célebre cantor e compositor francês, intérprete de clássicos como "La Bohéme" e " Que C'Est Triste Venice", estará se apresentando no dia em que completará 89 anos. Sim, a exemplo do que ocorreu em 19 de abril último, quando o maior astro da música brasileira, Roberto Carlos, realizou um show no dia em que fazia 72 anos, Aznavour concederá esse privilégio para a cidade. Aznavour, que aos 80 anos realizou shows no Brasil como parte do que deveria ser uma turnê de despedida, felizmente mudou de ideia e continuou na estrada. Sua aparência em nada indica se tratar de um homem de quase 90 anos. Parece ter 20 anos menos. Será, sem dúvida, uma oportunidade imperdível de testemunhar a apresentação de um dos maiores nomes da música mundial em todos os tempos. Charles Aznavour pertence à estirpe dos grandes cantores, como Frank Sinatra e Tony Bennet. Sua expressão internacional, entre os nomes da música francesa, só encontra paralelo em Edith Piaff. Preparemo-nos para reverenciá-lo, e para saudá-lo no seu aniversário.

domingo, 12 de maio de 2013

O retorno ao devido lugar

O futebol da zona sul do Estado é indissociável da história desse esporte no Rio Grande do Sul. Ali está o clube de futebol mais antigo do Brasil, o Sport Club Rio Grande, de Rio Grande, cuja data de fundação foi oficializada como o Dia Nacional do Futebol. A exemplo do próprio Rio Grande, os outros dois clubes do município, São Paulo e Riograndense, já foram campeões gaúchos. O mesmo aconteceu com os três clubes de Pelotas, Brasil, Pelotas e Farroupilha. Mesmo com um passado tão rico, o futebol da zona sul foi sendo vencido pela crise econômica que se abateu sobre a região nas últimas décadas. Hoje, dos seis clubes citados, só o Pelotas pertence á primeira divisão estadual. Por isso mesmo, uma decisão que será jogada nessa semana se reveste da maior importância. Trata-se da disputa do título do primeiro turno da Segunda Divisão do Rio Grande do Sul. Em dois jogos, na quinta-feira e no domingo, São Paulo, de Rio Grande, e Brasil, de Pelotas, decidirão quem será o campeão do primeiro turno da competição. O detalhe mais significativo é que, quem vencer a disputa já estará, automaticamente, promovido à Primeira Divisão. Como sou natural de Rio Grande, não poderia ficar indiferente diante desse fato. São Paulo e Brasil são os clubes mais populares dos seus municípios, e há anos estão afastados da principal divisão do futebol gaúcho. Enquanto isso, a Primeira Divisão tem recebido clubes sem apelo popular e de retrospecto histórico pouco significativo. Isso torna a decisão dessa semana um acontecimento relevante para o futebol do Rio Grande do Sul. Um dos dois clubes, daqui a uma semana, já estará de volta á elite do futebol estadual. Será, qualquer que seja o vencedor, o retorno de um clube ao lugar que lhe é devido. São Paulo e Brasil possuem torcidas numerosas e apaixonadas e uma história de feitos e conquistas. Merecem voltar à Primeira Divisão. Na condição de riograndino, embora minha identificação seja com o Rio Grande, torcerei pelo São Paulo. Seu retorno à Primeira Divisão seria mais uma excelente notícia para uma cidade que, depois de décadas de marasmo econômico, cresce num ritmo galopante, estimulada pelos investimentos na área da construção naval. Nessa hora, fala mais alto o amor pela minha terra, e abandono qualquer ideia de isenção para me transformar num inflamado torcedor. Força, São Paulo!

sábado, 11 de maio de 2013

Ativismo gaúcho

Os protestos, passeatas e manifestações públicas de diversos conteúdos são um sinal de saúde política de um país. Nada pior que uma população inteiramente passiva, que a nada reage, aceitando qualquer tipo de imposição. No Rio Grande do Sul, todavia, o ativismo está se tornando um hábito, num permanente estado de contrariedade com quase tudo. Ainda está na memória coletiva a ocasião em que o boneco do mascote da Copa do Mundo de 2014, o tatu-bola, foi destruído por uma turba enfurecida no centro de Porto Alegre. Uma ação estúpida e injustificada, motivada, supostamente, por um repúdio à Fifa e às multinacionais que com ela colaboram. Em 2000, o relógio comemorativo aos 500 anos da descoberta do Brasil, concebido pelo designer Hans Donner, também foi destruído, numa forma de protestar contra a Rede Globo, responsável pela iniciativa. Mais recentemente, o corte de árvores na região da Usina do Gasômetro, com o intuito de realizar obras viárias, foi alvo de protestos furiosos. Longe de ser uma cidade bonita e não possuindo atrativos turísticos, Porto Alegre tem contra si, ainda, a extrema dificuldade de fazer andar qualquer projeto mais ousado para transformar sua desolada paisagem. A revitalização do cais do porto, iniciativa que tramita há mais de uma década, esbarra em toda a sorte de entraves. Enquanto isso, a área do porto, que pelo projeto ganharia bares, restaurantes e uma nova configuração que a tornaria um local de lazer e turismo, continua a exibir sua imagem de decadência e abandono. A orla do Guaíba é outra fonte de protestos irados. No caso, a grita é contra a possibilidade de que ela venha a ser tomada por empreendimentos imobiliários que a descaracterizariam e privatizariam o que deve ser de usufruto público. Argumentos, sem dúvida, muito ponderáveis. Porém, como está é que não pode ficar. Se a ideia é fazer com que a orla possa ser desfrutada por todos, para que apreciem o famoso pôr do sol e a paisagem do Lago Guaíba, é preciso embelezar a área, dar-lhe condições de ser frequentada. Simplesmente relegá-la ao descaso não é bom para ninguém. Esse mau humor crônico contra qualquer proposta arquitetônica ou viária para a cidade não é resultado de um alto grau de politização, como podem pensar alguns. Sim, é preciso resistir ao massacrante ímpeto destruidor do capitalismo, com sua devastação ambiental, sua sôfrega especulação imobiliária e todos os danos que proporciona à qualidade de vida nas cidades em nome de sua sede de lucro. Uma cidade, no entanto, é um organismo em constante mutação, não pode parar no tempo. Deixar de construir ou ampliar uma avenida para não ter de cortar algumas árvores, impedir o andamento de um projeto de revitalização de uma zona portuária sucateada, condenar a orla lacustre a ser, tão somente, um matagal que acumula lixo e entulho, não é nada politizado, nem sequer inteligente. As manifestações arroladas ao longo desse texto são, apenas, insensatas e patéticas. O ativismo gaúcho tem como únicos efeitos concretos deixar o Rio Grande do Sul, cada vez mais, entregue à exaltação de um passado pretensamente glorioso, e ficar para trás na marcha do presente.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

A cara da ditadura

A Comissão da Verdade colheu, hoje, o depoimento do coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra. Ele obteve na Justiça autorização para ficar calado durante o depoimento, para o qual foi convocado pela comissão, mas resolveu se manifestar. Pediu para fazer uma declaração inicial, e depois respondeu a algumas perguntas. Foi melhor assim. Ao falar, Ustra permitiu que o país visse a cara da ditadura. O coronel, de 29/09/1970 a 23/01/1974 foi chefe do Destacamento de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), do II Exército, orgão de repressão política durante o regime militar. Ustra, como costumam fazer outros artífices do golpe militar, afirmou que a presidente Dilma Rousseff participou de "organizações terroristas" com intenção de implantar o comunismo no Brasil. Declarou, ainda, que se os militares não tivessem lutado, o Brasil estaria sob uma "ditadura do proletariado". Os melhores momentos do depoimento de Ustra, no entanto, ocorreram depois da intervenção do conselheiro Claudio Fonteles. Primeiramente, Fonteles apresentou documentos que apontam 50 mortes no Doi-Codi durante o período em que o orgão foi chefiado por Ustra. O coronel disse que não houve mortes na sede do Doi-Codi, mas "em combate". Já havia declarado, um pouco antes, que agiu com consciência, com tranquilidade, não ocultou cadáver, nem cometeu assassinatos, sempre agiu dentro "da lei e da ordem". Fonteles também perguntou se Ustra aceitaria uma acareação com o médico e vereador de São Paulo, Gilberto Natalini (PV), que foi torturado nos porões do Doi-Codi. Ustra, exaltado, disse que não faria acareação com um  terrorista. Natalini reagiu no mesmo tom, dizendo ser um homem de bem e que Ustra é que era terrorista. Estabeleceu-se, então, um bate-boca que levou ao encerramento da sessão. Natalini afirmou, depois, que foi agredido pelo próprio Ustra nas dependências do Doi-Codi. O depoimento do ex-sargento Marival Chaves, foi, igualmente, esclarecedor. Chaves declarou que Ustra, capitão à época, era "o senhor da vida e da morte", colocando por terra o discurso do coronel reformado. O que  é doloroso é constatar que um criminoso tão desprezível quanto Ustra continue livre e impune, enquanto os familiares de suas vítimas sofrem a dor da ausência. Não basta esclarecer os crimes hediondos da ditadura, é preciso punir seus autores.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

O escândalo do leite

Num país acostumado aos escândalos, o mais novo é o do leite adulterado, ocorrido no Rio Grande do Sul. A operação que desbaratou o esquema criminoso foi denominada de "Leite Compen$ado". Nada mais pertinente que o cifrão substituindo o "s" na palavra "compensado". Afinal, neste, como em tantos outros escândalos, a grande motivação foi financeira. A fraude, praticada pelos "leiteiros", como são chamados os responsáveis pelo transporte e coleta do leite para as indústrias, buscava elevar o volume do produto com acréscimo de água e manter suas proteínas com a adição de ureia. A ureia, quando diluída em água, dá origem ao formol, produto químico considerado cancerígeno. Afora isso, a água utilizada na adulteração, possivelmente, era contaminada. Um verdadeiro festival de horrores que levou à retirada das gôndolas dos supermercados de caixas de leite das marcas Bom Gosto/Líder, Italac, Mu-Mu e Latvida, e que, é claro, vai gerar enorme insegurança nos consumidores, daqui para a frente. Com o aumento do volume transportado, os "leiteiros" lucravam 10% a mais que os 7% já pagos sobre o preço do leite cru. A investigação da Operação "Leite Compen$ado" começou em março, depois de o Ministério da Agricultura ter confirmado, no segundo semestre de 2012, a presença de formol em amostras de leite. Conforme o promotor de Justiça Mauro Rockenbach, os envolvidos no caso conheciam o risco para o consumidor."Em escuta telefônica, um empresário pedia ao seu motorista que, antes da mistura de água e ureia, separasse o leite bom para ser consumido por sua família", informou Rockenbach. Também foi apurado que um grupo sabia com antecedência a data da visita de fiscais do Ministério da Agricultura aos postos de recebimento do leite para coleta de amostras. Avisados antecipadamente, os empresários não enviavam o leite fraudado nestes dias. A operação resultou na prisão de oito pessoas, sete em Ibirubá e uma Guaporé. A sede desmedida de lucro, mais uma vez, se volta contra os interesses dos cidadãos. No caso em questão, pondo em risco a sua saúde. No capitalismo, o dinheiro sempre fala mais alto.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Nenhuma surpresa

Não houve nenhuma surpresa nos resultados dos jogos que envolviam clubes brasileiros, hoje à noite, pelas oitavas de final da Libertadores. Mesmo que se saiba que, nos confrontos do tipo "mata-mata", nem sempre vença o melhor, dessa vez a lógica prevaleceu. No Independência, o Atlético Mineiro goleou o São Paulo por 4 x 1, e poderia ter feito muito mais, pois teve chances para isso. O primeiro gol do Atlético Mineiro saiu aos 17 minutos do primeiro tempo, o que tornou a classificação do São Paulo, que já havia perdido o primeiro jogo, em casa, por 2 x 1, praticamente inviável. A partir daí, o Atlético se impôs no jogo e, no segundo tempo, deslanchou, chegando a fazer 4 x 0, cedendo um gol, mas, depois, perdendo a oportunidade de ampliar ainda mais a goleada. Jô, que marcou três gols, Diego Tardelli, que fez o outro, Bernard e Ronaldinho, foram os grandes nomes do Atlético Mineiro. O São Paulo não conseguiu deter o adversário, para quem perdeu três dos quatro jogos disputados entre os dois clubes na competição. A desclassificação da Libertadores com um balaio de gols e um banho de bola, somada à eliminação no Campeonato Paulista para o Corinthians, ocorrida no domingo, provavelmente levarão o São Paulo a fazer sensíveis mudanças no futebol visando o restante do ano. Outro jogo que confirmou a tendência de antes da partida foi Fluminense 2 x 0 Emelec, em São Januário. O Fluminense havia perdido o primeiro jogo, por 2 x 1, devido a um pênalti inexistente marcado em favor do Emelec. Bastava-lhe, no entanto, uma vitória por 1 x 0 para obter a sua classificação. Com um gol marcado no primeiro tempo, o Fluminense ficou  mais tranquilo. No segundo tempo, com o adversário abusando das faltas e tendo dois jogadores expulsos, o Fluminense fez mais um gol, confirmando a sua classificação para as quartas de final. Agora, resta a expectativa de que, na próxima semana, Grêmio, Corinthians e Palmeiras também obtenham suas classificações, o que faria com que o São Paulo fosse o único clube brasileiro a não prosseguir na competição.

terça-feira, 7 de maio de 2013

A praga do bom mocismo

Poucas coisas são mais irritantes do que o bom mocismo, com sua visão tacanha e pseudo-moralista do que seja correto. Na atualidade, infelizmente, é algo que está se disseminando como uma praga. Na ânsia de se mostrarem zelosos com a segurança pública, ou obedecendo a imperativos de natureza religiosa, com toda a sua carga de preconceitos, alguns legisladores brasileiros cismaram de impor proibições a usos e costumes arraigados na população, como se hábitos pudessem ser eliminados com a edição de uma lei. Tempos atrás, alguns estados brasileiros, entre eles o Rio Grande do Sul, proibiram o consumo de bebidas alcoólicas nos estádios. A medida foi saudada por muitos como sendo um meio de inibir a violência nas praças esportivas. Esquecem os que assim pensam que nas cercanias dos estádios continua-se a vender bebidas, o que torna a referida proibição inócua em relação ao efeito desejado. A única consequência prática de tal lei é fazer com que o público postergue sua entrada no estádio, deixando-a para momentos antes do início dos jogos, o que, evidentemente, gera tumultos, pois os portões de acesso não conseguem dar vazão, rapidamente, a tantas pessoas num mesmo espaço de tempo. Porém, os arautos do bom mocismo não aprendem, e continuam a fazer das suas. Agora, por exemplo, a vereadora Lurdes Spengler (PMDB) quer, simplesmente, proibir a comercialização, a utilização e o manuseio de fogos de artifício em Porto Alegre. Como justificativa para o seu projeto, já em tramitação na Câmara Municipal, Lurdes Spengler lembrou da tragédia de Santa Maria, quando um artefato pirotécnico desencadeou a morte de 241 pessoas, e o falecimento de um adolescente atingido por um sinalizador num jogo de futebol na Bolívia. A vereadora argumentou, ainda, que a queima de fogos perturba pacientes de hospitais e até mesmo animais, principalmente os dotados de maior sensibilidade auditiva. Parece tudo muito justo, mas não é. Os fogos de artifício são potencialmente perigosos, e devem ser manuseados com grande cuidado. Sua entrada em estádios de futebol, portados por torcedores, é claro, não deve ser permitida. No entanto, sua total proibição é um despropósito. A queima de fogos em ocasiões como o Ano Novo e em comemorações de títulos no futebol é tradicional, uma forma de marcar a euforia presente em tais momentos. Desde que sejam manejados com o devido cuidado, não há porque proibi-los. A vida já é carregada de maus momentos e de situações difíceis que todos tem de suportar. Não lhe acrescentemos um peso adicional, penalizando os que exteriorizam o seu contentamento em momentos especiais. Como já escrevi anteriormente, a vida é, por definição, buliçosa. Ela exige o movimento, o ruído próprio da existência, e não combina com o silêncio. Na verdade, sob a capa de boas e nobres intenções de tais legisladores está a intenção de submeter as pessoas à amargura dos frustrados que, por sua crônica incapacidade de serem felizes, querem impedir que os outros o sejam.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Uma total inversão de valores

Constantemente tenho, nesse espaço, abordado a elitização do futebol e a sua transformação num negócio milionário que, cada vez mais, se sobrepõe à paixão despertada por esse esporte. Isso não aconteceu por acaso. Gradativamente, os dois mais importantes elementos do futebol, os clubes e os torcedores, foram sendo deixados de lado em favor de federações, confederações, "empresários" e outras figuras que só enxergam no futebol um meio de satisfazer sua sede de ganhos financeiros e de obtenção de vantagens de toda a ordem. Uma notícia de que tomei conhecimento hoje, mostra que esse processo atingiu o auge. Chelsea e Benfica, que decidirão a Liga Europa na próxima semana, receberam, cada um, apenas 9,8 mil ingressos para vender aos seus torcedores. O restante das entradas será destinado a patrocinadores, organizadores e parceiros da Uefa. A verdade, lastimável, é que, com as quantias milionárias pagas pelas redes de tv para a transmissão das competições, e com o aporte de recursos de grandes patrocinadores, a bilheteria deixou de ser um fator relevante no futebol. Dessa forma, os estádios encolheram, os ingressos encareceram, e os favores aos parceiros das instituições que comandam o futebol aumentaram. O público da decisão da Liga Europa será formado por uma maioria de convidados, em detrimento dos apaixonados torcedores dos dois clubes. O mais espantoso é que o presidente da Uefa é Michel Platini, um dos maiores jogadores da história, e que, como tal, deveria zelar pelos valores mais basilares do futebol. A ganância, ao longo do tempo, sempre levou o ser humano, em todos os seus campos de ação, à ruína. O futebol, infelizmente, parece estar indo por esse mesmo caminho.

domingo, 5 de maio de 2013

O roteiro de sempre

Poucas coisas são mais enfadonhas do que um Campeonato Gaúcho. Não bastasse o baixíssimo patamar técnico, o nível da arbitragem, historicamente, é calamitoso. Num mundo dinâmico, onde tudo muda de forma estonteante, o Gauchão obedece, sempre, ao mesmo roteiro: na dúvida, beneficie-se o Inter. Perde-se na poeira do tempo a última vez que a Federação Gaúcha de Futebol não foi presidida por um colorado. Por conseguinte, no campeonato estadual, as arbitragens são sempre generosas com o clube. Hoje, não foi diferente. O Inter empatou em 0 x 0 com o Juventude, no Francisco Stédile, e venceu por 4 x 3 nos tiros livres da marca do pênalti. Com isso, o Inter ganhou o título da Taça Farroupilha, o segundo turno da competição, e como já havia ganho a Taça Piratini, foi tricampeão gaúcho por antecipação. O detalhe é que, no primeiro tempo, o Juventude teve um gol injustamente anulado pelo árbitro Márcio Chagas da Silva. Nas semifinais, no fim de semana anterior, o Grêmio teve dois gols legítimos anulados contra o Juventude, e foi eliminado nos tiros livres da marca do pênalti. No outro jogo das semifinais, o árbitro Jean Pierre Gonçalves Lima expulsou dois jogadores do Veranópolis, e deu apenas cartão amarelo para D'Alessandro, o principal nome do Inter, que havia agredido um adversário com um soco na nuca. Nada que quem vive no Rio Grande do Sul já não tenha assistido exaustivamente. Com tantos "erros" de arbitragem, sempre favorecendo, como em anos anteriores, o mesmo clube, o resultado do campeonato não poderia ser outro. Os colorados costumam gabar-se do fato de o Inter ter o maior número de títulos gaúchos conquistados. Agora já são seis a mais do que o Grêmio. Com tanta ajuda externa, ao longo do tempo, não é difícil explicar tal vantagem.

sábado, 4 de maio de 2013

A excomunhão do padre

Vivemos tempos muito interessantes na área do comportamento. Ao mesmo tempo que percebe-se a insurgência de um execrável neo-conservadorismo, com toda a sua carga de preconceito, falso moralismo, hipocrisia e medievalismo, as forças transformadoras da sociedade não agem mais com passividade diante das tentativas de opressão. Esta é uma guerra que está perdida para os defensores do atraso. O mais novo round dessa luta apresenta a excomunhão de Roberto Francisco Daniel, o padre Beto, de 48 anos, da diocese de Bauru (SP). A decisão de excomungá-lo se deu pela sua defesa da homossexualidade e de sua discordância em relação a dogmas da Igreja. Ousado em suas ideias, padre Beto admite, até mesmo a bissexualidade e relações paralelas ao casamento desde que com o consentimento das partes. São ideias arrojadas mesmo para quem não tenha abraçado o sacerdócio. No entanto, a excomunhão de padre Beto, que em outros tempos teria sido vista com naturalidade, talvez até com tentativas de linchamento do sacerdote por parte dos conservadores mais radicais, gerou uma corrente de solidariedade, por parte, principalmente, dos movimentos de apoio aos homossexuais, que incluiu a realização de uma passeata. Os setores historicamente oprimidos da sociedade perderam o medo. Antes agindo nas sombras, saem ás ruas, marcam posição. O inimigo é insidioso e persistente, mas empreende uma luta vã. A história não anda para trás. Não conheço a fundo a figura de padre Beto, portanto, não incorrerei no erro de superdimensioná-lo. Interessa-me menos sua pessoa em si, e, sim, a repercussão de sua excomunhão. Seja por que motivo for, uma excomunhão é algo extremamente drástico, e a sociedade já não aceita uma punição tão draconiana a quem apenas expôs suas ideias. Os tempos de trevas não voltarão jamais, para desconsolo dos que querem submeter os outros aos seus valores.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Lucidez

Poucas coisas são mais difíceis do que manter a lucidez diante de um crime bárbaro. A tendência é que, quando se toma conhecimento de um crime covarde e brutal, a pessoa se veja assolada por sentimentos de punição extremada a quem os cometeu, propondo, inclusive, a pena de morte. No Brasil, dado o crescimento acelerado da violência, a proposição do momento é a da redução da maioridade penal. Há uma grande campanha nesse sentido, e quem se opõe a ela é "brindado" com toda sorte de xingamentos. Pois, se quem não está diretamente envolvido com um fato criminoso revela tamanha revolta, o que se poderia esperar de um pai que teve sua filha estupidamente assassinada por ter apenas 30 reais na conta bancária? Sim, estou me referindo ao bárbaro assassinato da dentista Cinthia Magaly Moutinho de Souza, ocorrido em São Bernardo do Campo (SP), na semana passada. Entre os seus algozes, estava um menor de  idade. Ainda assim, o pai de Cinthya, Viriato Gomes de Souza, diz não estar convencido de que a redução da maioridade penal possa ajudar a resolver o problema da criminalidade no Brasil. Viriato acha que, mais importante que isso, seria aumentar a taxa de resolutividade dos crimes. Eis aí uma rara e comovente demonstração de lucidez. Mesmo abatido pela dor terrível de um pai que tem sua filha assassinada por motivo vil, Viriato não abdica da racionalidade, e não se deixa engolfar pela onda histérica que tomou conta do país em defesa da redução da maioridade penal. Antes de se pensar em tal medida, seria muito mais eficiente, como bem disse Viriato, ter um maior número de crimes solucionados, possibilitando a devida punição de seus autores. No Brasil, o índice de resolução de crimes é baixíssimo, o que colabora com a impunidade. Ao manter o equilíbrio na análise da questão, mesmo tendo sido atingido diretamente por um ato criminoso, Viriato mostra que é possível olhá-la com menos emocionalismo e açodamento.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Outra goleada

O Bayern de Munique não deixou por menos e, depois de golear o Barcelona por 4 x 0, jogando em casa, fez 3 x 0 no campo do adversário. Uma classificação categórica para a decisão da Champions League, humilhando o até então considerado como melhor time do mundo. O Bayern, que já fora finalista da edição anterior da Champions League, perdendo a decisão para o Chelsea, reafirma o seu grande momento, fruto de uma base qualificada que vem sendo conservada e melhorada nos últimos anos. Diante de seu rival local, o Borússia Dortmund, é, sem dúvida, favorito para conquistar o título da maior competição de clubes da Europa. O Barcelona, por sua vez, precisará passar por um período de transição. Alguns jogadores já parecem desgastados pela longa permanência no mesmo clube, e a dependência em relação a Messi é outro problema a ser resolvido, pois, quando se viu privado de seu melhor jogador, o time não encontrou soluções. Ao menos por enquanto, o encanto do Barcelona se desfez.

Bola murcha

O Inter empatou em 0 x 0 com o Santa Cruz, hoje á noite, no Arrudão, pela Copa do Brasil. O futebol mostrado pelos dois times foi fraquíssimo. Porém, o que preocupa é a bola murcha mostrada pelo Inter. Afinal, embora o Santa Cruz tenha tradição e seja o atual bicampeão pernambucano, é um clube que está na 3ª Divisão brasileira. Embora deva se tornar tricampeão gaúcho, o Inter é um time que ainda não foi devidamente testado. Nos dois Grenais do Campeonato Gaúcho, o Grêmio jogou com reservas, e os demais times do Gauchão são muio fracos. Nas duas únicas vezes em que disputou jogos oficiais contra clubes de fora do Rio Grande do Sul, em 2013, o Inter deixou muito a desejar. Contra o modestíssimo Rio Branco, do Acre, ganhou por 2 x 0, com o segundo gol, fruto de um pênalti inexistente, sendo marcado aos 46 minutos do segundo tempo. Hoje, contra o Santa Cruz, teve mais uma atuação pífia. Vítor Júnior comprovou, mais uma vez, que não tem futebol para vestir a camisa do Inter, Diego Forlán, fora das facilidades do campeonato estadual, voltou a jogar mal, e Rodrigo Moledo mostrou que sua convocação para a Seleção Brasileira foi, apenas, mais um desatino de Felipão. As desculpas do técnico Dunga de que o time estava cansado pela viagem e com a cabeça na decisão da Taça Farroupilha, contra o Juventude, são para lá de esfarrapadas. A verdade é que, pelo que se tem visto, o Inter não parece apto a enfrentar desafios maiores, contra times de melhor qualidade.

Atitude

O Grêmio ganhou do Independiente Santa Fé por 2 x 1, hoje à noite, na Arena, pela Libertadores. A vitória foi por um placar escasso, e o Grêmio sofreu um gol jogando em casa, o que não é bom para quem irá decidir a classificação fora de seus domínios, mas, ainda assim, dever ser saudada. Afinal, o time fez uma boa atuação, mesmo que longe de ser brilhante, e teve atitude em campo, algo que há muito tempo não se via no Grêmio. Afora isso, algumas atuações individuais foram muito boas, como as de Vargas, que parece estar, finalmente, desencantando, de Fernando, que não só marcou o golaço que deu a vitória ao Grêmio como é o jogador mais regular do time, e de Alex Telles, um garoto que não sentiu a pressão do jogo. Por outro lado, Barcos, mais uma vez, jogou mal, e Souza vem apresentando uma queda de rendimento há várias partidas. Porém, nada é mais lamentável no Grêmio do que o zagueiro Cris. Depois de outra expulsão estúpida na Libertadores, demonstrando mais uma vez a sua total falta de condição técnica e física para jogar no Grêmio, é imperioso que tenha o seu contrato rescindido imediatamente. Se isso não for feito será uma afronta ao torcedor. Embora tenha levado um gol, o Grêmio vai para o segundo jogo com o Independiente Santa Fé com  boas chances de obter a classificação, já que qualquer empate lhe serve. Até mesmo uma derrota, desde que marque pelo menos dois gols, poderá lhe dar a classificação. Serão, agora, 15 dias até o novo jogo entre os dois, período em que o Grêmio poderá saborear a vitória na primeira partida e descansar das turbulências que tem vivido. Ainda há muito o que melhorar, mas o Grêmio já conseguiu dar algum alento ao seu torcedor.