sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Resposta

A realização, em São Paulo, de uma passeata contra a direita e pelos direitos, comandada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, é uma resposta. Mostra que os setores conservadores não vão impor sua agenda para o país. A manifestação reuniu 10 mil participantes, bem mais que os 2.500 que, também em São Paulo, saíram às ruas para pedir o impeachment de uma presidente legitimamente reeleita e clamar pela volta dos militares. O Brasil mudou, já não é o país da "Marcha com Deus e a Família pela Liberdade", que apoiou um espúrio golpe militar. A ofensiva da direita, violenta durante a campanha, continua intensa após as eleições. Há uma tentativa clara de inviabilizar o governo da presidente Dilma Rousseff. Os noticiários adotam um tom catastrofista, despejando projeções pessimistas sobre a opinião pública. Antes, essa postura era adotada com mais ênfase na proximidade das eleições. Agora, tornou-se permanente. Depois de usar o "mensalão" como forma de desacreditar o governo federal, surge em seu lugar o "petrolão", que também herda do primeiro a pecha de "o maior escândalo político da história do país". A incessante espetacularização de uma pretensa crise no governo afeta os mais sensíveis e desavisados, mas não engana o conjunto da sociedade. A democracia brasileira ainda é jovem, mas já é sólida. Muitos lutaram e morreram para que ela fosse alcançada. Não serão jornais e revistas tendenciosos, a serviço das elites predatórias, que irão ameaçá-la. O governo Dilma tem duros desafios pela frente, mas irá enfrentá-los respaldado pela legitimidade que lhe foi conferida pelas urnas. A democracia é o regime da maioria, e Dilma teve mais votos que seu oponente, Aécio Neves. Ainda que Aécio tenha tido uma grande votação, a de Dilma foi maior. Mesmo que o número de descontentes com o governo seja alto, o dos que o aprovam ainda é superior. Se ao final do próximo mandato de Dilma o eleitor entender que é a hora de mudar os ocupantes do poder, optando pela saída do PT, isso se dará normalmente, pelo processo democrático, que é a única maneira aceitável de fazê-lo.