terça-feira, 17 de abril de 2012

Na contramão do neoliberalismo

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, continua ousando enfrentar os conceitos neoliberais defendidos pela grande imprensa sul-americana. Mostrando que coragem é o que não lhe falta, Cristina tomou a decisão de nacionalizar a YPF, companhia petrolífera argentina cujo controle estava nas mãos da empresa espanhola Repsol. A imprensa neoliberal dá ao fato um tom de absurdo, mas a presidente argentina nada mais fez do que restituir a condição original da YPF, que era uma petrolífera estatal, tal como a Petrobrás no Brasil. A onda direitista que varreu o mundo após o fim da Guerra Fria fez com que a privatização de empresas públicas fosse  tida como algo "moderno e saudável" para a economia dos países. Assim, no Brasil, empresas como a Vale do Rio Doce, Companhia Siderúrgica Nacional e Embratel foram privatizadas. A Petrobrás por pouco não seguiu o mesmo caminho. Na Argentina, a YPF teve o seu controle passado para a Repsol. Na sua justificativa para a retomada do controle da empresa pelo governo argentino, Cristina Kirchner alegou falta de investimentos da companhia, o que obrigou o país a importar combustíveis. O texto do projeto de lei enviado ao Congresso da Argentina declara de "interesse público toda a produção, refino, transporte e comercialização de petróleo e gás". Não é fácil enfrentar a sanha da grande imprensa, dentro e fora do país, mas Cristina não tem se intimidado. Enfrentou o principal grupo editorial da Argentina, que publica o jornal "Clarin", que mantinha o monopólio sobre o papel de imprensa no país. As acusações, recorrentes por parte da imprensa comprometida com o neoliberalismo, de opção por um modelo econômico atrasado e populista, são ignoradas pela presidente da Argentina. Corajosamente, ela segue em frente, indiferente às pressões. A América do Sul, como bem comprova a linha ideológica dos presidentes de países como a própria Argentina, Brasil, Uruguai , Venezuela e Equador, não mais se sujeita a ser um quintal dos interesses do chamado Primeiro Mundo. Esses governantes não aceitam mais que a soberania nacional seja vilipendiada. Defendem os interesses econômicos de seus países, mesmo diante da avassaladora propagação de ideias privatizantes. São achincalhados pela imprensa submissa aos interesses do capitalismo internacional, mas terão, por certo, o reconhecimento da população por sua postura.