quinta-feira, 9 de julho de 2015

Esquecimento

Não é à toa que se costuma dizer que o Brasil é um país sem memória. Passou batido pelos meios de comunicação, mas, na data de hoje, completam-se 35 anos da morte de Vinícius de Moraes. O esquecimento da imprensa atinge um dos maiores poetas brasileiros, e compositor de clássicos imortais da nossa música, em parceria com nomes da expressão de Tom Jobim, Carlinhos Lyra, Baden Powell e Toquinho. Foi também diplomata. Na vida pessoal, casou-se várias vezes, e teve muitos filhos. A vida de Vinícius foi intensa, em todos os sentidos. Para os padrões atuais, morreu relativamente cedo, aos 66 anos. As marcas de seu talento permanecem, indeléveis. Seus poemas seguem sendo recitados, suas composições são, constantemente, regravadas. Por tudo isso, é espantosa a quase total ausência de registro dos 35 anos de seu falecimento. Numa época em que a música brasileira caracteriza-se por uma pobreza estética assustadora, a lembrança de Vinícius é ainda mais obrigatória.

Comemorações bizarras

A data de hoje, 9 de julho, é intensamente comemorada no Estado de São Paulo. Ela marca a passagem de mais um aniversário da Revolução Constitucionalista de 1932, quando os paulistas tentaram derrubar o governo de Getúlio Vargas, iniciado com um golpe de Estado em 1932. Entre os acontecimentos que, anualmente, marcam a efeméride, está, até mesmo, a principal prova do ciclismo brasileiro, denominada "Nove de Julho". O curioso, no entanto, é que, assim como a chamada "Revolução Farroupilha", de 1835, também muito festejada no Rio Grande do Sul, o movimento paulista fracassou. Separadas no tempo, considerando-se o seu início, por 97 anos, ambas as insurreições contra o poder central foram derrotadas. Porém, o orgulho bairrista de gaúchos e paulistas faz com que eles, até hoje, reverenciem as ditas "revoluções". São, portanto, comemorações bizarras, que brindam com feriados e atividades as mais diversas movimentos que não atingiram os seus objetivos. Esse bairrismo exacerbado, que festeja até iniciativas derrotadas, talvez explique, ao menos em parte, porque o Brasil não consegue se constituir numa nação. Falta sentido de unidade, de pertencimento. Não pode existir, em nenhuma unidade da federação, o sentimento de "somos nós contra eles". O Brasil somos todos nós, de norte a sul do país.