segunda-feira, 23 de maio de 2011

Noção falsa de cidadania

Num país sufocado por tantos períodos de ditadura ou de simulacros de democracia, como foi o caso do Brasil ao longo de sua história, é natural que se busquem alargar os espaços de afirmação da cidadania. A liberdade de expressão e de manifestação é um dos pilares de um estado democrático de direito. Assim sendo, toda e qualquer declaração ou manifestação, em princípio, é legítima, não devendo ser censurada nem reprimida. Porém, é preciso que se verifique se possuem algum conteúdo ou propósito ou, simplesmente, são visões distorcidas sobre a vida em sociedade. Dois episódios recentes no país, ensejam essa reflexão. Primeiro o lançamento, já bastante comentado nos meios de comunicação, do livro "Por uma Vida Melhor", de vários autores, que defende a idéia de que não existe certo ou errado na língua portuguesa, mas que a norma culta é só mais uma entre as várias maneiras de alguém se expressar. Dessa forma, erros de concordância consagrados pelo uso, por exemplo, passariam a ser admissíveis. Os que com isso não concordam estariam incorrendo em "preconceito linguístico" na visão dos autores do livro que, incrivelmente, foi adotado nas aulas de português de 500 mil estudantes do ensino fundamental sob a chancela do Ministério da Educação! Outro episódio que vem chamando a atenção são as marchas pela liberação da maconha, que estão sendo realizadas em várias capitais do país. Os manifestantes se reúnem em locais públicos apresentando sua intenção de que o consumo da maconha seja liberado de quaisquer sanções. Os argumentos vão desde a teórica baixa toxicidade da maconha até o seu propalado uso para o tratamento de algumas doenças. Numa sociedade livre e democrática, todos tem o direito de se expressar e de reivindicar seja lá o que for. As marchas pela maconha, portanto, podem e devem ser realizadas sem nenhum constrangimento aos seus participantes. Um ou mais autores de um livro podem defender a idéia de que se tenha uma postura menos rígida em relação à expressão oral e escrita. Porém, o que fica evidente, nos dois casos, é o seu conteúdo equivocado, que não pode ser admitido pela sociedade. Não há nenhum benefício prático, para quem quer que seja, em se descriminalizar o consumo de maconha. As teses em contrário são construídas a partir de uma visão pueril e falsamente libertária do que seja a cidadania. Na mesma linha, contestar a norma culta do idioma  não é combater uma educação elitista ou a ocorrência de "preconceitos linguísticos", mas, sim, fazer a apologia da ignorância que, longe de libertar os menos favorecidos da rigidez das normas da gramática, os condenará a um permanente distanciamento do saber. Por essas e por outras, o Brasil até hoje, em que pese seu potencial imenso, não se afirmou como país. Por aqui, em vez de um país desenvolvido, continuamos optando por sermos folclóricos, como nas marchas da maconha, ou, simplesmente, patéticos, como no caso do livro que ensina errado e é distribuído pelo Ministério da Educação.

Primeira rodada

Depois de uma longa espera, em que a chatice dos campeonatos estaduais era quebrada, de vez em quando, por jogos da Libertadores e da Copa do Brasil, finalmente começou o Campeonato Brasileiro, a melhor competição do calendário do futebol nacional e a única disputada pelo sistema mais justo de aferição de um campeão, o de pontos corridos. Já na primeira rodada, algumas surpresas. Várias derrotas de clubes mandantes, como foi o caso de Grêmio, Fluminense, Coritiba e Ceará. Um empate com gosto de derrota para o Inter, que não saiu do 1 x 1 com um time inteiramente reserva do Santos e, assim, continua com o tabu de jamais ter vencido na Vila Belmiro. Outra surpresa negativa foi o Cruzeiro. Considerado um dos favoritos para a conquista do título, foi derrotado pelo Figueirense, em Florianópolis. A derrota mais vexatória foi a do Atlético-PR, goleado pelo Atlético-MG, em Sete Lagoas (MG), por 3 x 0. Os resultados apenas comprovam o que já se sabia, isto é, de que há um grande nivelamento entre os participantes do campeonato. Tal fato, independentemente das limitações técnicas dos times, é garantia de uma competição parelha e emocionante até o seu final.