segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Cheque em branco para o caos

O assassinato da menina Ágatha Vitória Sales Félix, de apenas oito anos, no Rio de Janeiro, por tiros de fuzil disparados por PM's, expõe o nível de barbárie institucionalizada a que chegou o Brasil. A boçalidade de uma grande parte do eleitorado brasileiro levou ao poder, no governo federal e em alguns estados, apologistas da violência, que zombam dos direitos humanos e querem a liberação da compra de armas pela população. Eleitores inconsequentes e irresponsáveis, que votam movidos por ódios irracionais, insuflados por uma imprensa mancomunada com os setores economicamente privilegiados do país, permitiram que o Brasil chegasse ao atual estágio de horrores desde as posses dos novos governantes, em janeiro. Foi um cheque em branco para o caos, cujo preço já está sendo duramente pago por todos. O pior é que o pesadelo está apenas começando, pois os mandatos do presidente e dos governadores que são alinhados com sua visão ideológica só tiveram decorridos oito meses de um total de quatro anos. O pior dos desatinos eleitorais é que seus efeitos não se fazem sentir só sobre os imbecis que os cometem, eles vitimam a todos. Historicamente alienada e retrógrada, a classe média brasileira não se cansa de causar males ao país, apoiando golpes, como fez em 1964, ou elegendo truculentos, a exemplo do que ocorreu nas mais recentes eleições. O preço a pagar, mais uma vez, já está sendo muito alto. Tomara que não sejam necessários vinte um anos para pôr fim ao atual quadro de horrores, como ocorreu quando do golpe militar, pois nada restaria do país.