domingo, 10 de fevereiro de 2013

Encantamento

Os promotores do desfile de Carnaval da Avenida Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, costumam defini-lo como "o maior espetáculo da Terra". Há, talvez, um exagero em tão grandiloquente afirmação, mas trata-se, sem dúvida, de um espetáculo envolvente e encantador. Como ocorre todos os anos, nas duas próximas noites, 12 escolas de samba irão para a avenida mostrar a exuberância do Carnaval do Rio de Janeiro. Não são poucos os que tecem críticas ao desfile do sambódromo da Marquês de Sapucaí. Argumentam que o evento é sustentado por contraventores, que as comunidades em torno das escolas e os seus integrantes mais autênticos são postos em segundo plano, que a espontaneidade do Carnaval é sufocada pelas regras de um espetáculo televisivo e midiático. São críticas ponderáveis. Neste ano, especificamente, há quem critique a realização do Carnaval, em qualquer parte do país, tendo em vista a tragédia de Santa Maria. Seja como for, para quem, como eu, já teve a oportunidade de assisti-lo ao vivo, o desfile da Marques de Sapucaí configura-se numa experiência fascinante e inesquecível. Um espetáculo de imenso brilho e notável precisão em cada um dos seus itens, que demonstra o talento e a capacidade do povo brasileiro, ao contrário do que expressa o nosso "complexo de vira-latas". Sei que há muitas pessoas que não suportam o Carnaval. Mesmo sem ser um típico folião, estou entre os que apreciam esta festa vibrante e colorida, e irei assistir, pela televisão, a mais uma edição do magnífico Carnaval da Marquês de Sapucaí. Para os permanentemente tristonhos e acabrunhados, que se inquietam com a explosão de euforia típica do Carnaval, e para os que entendem que o ocorrido em Santa Maria justificaria uma suspensão da folia, lembro que esta festa é uma exaltação à vida. Afinal, a vida tem de ser celebrada em todo o seu esplendor, sobrepondo-se a dor e ao luto.