sábado, 29 de dezembro de 2012

Conselhos e lições de vida

As pessoas que frequentam as redes sociais se deparam com uma enorme quantidade de postagens com conselhos de toda a ordem, lições de vida dos mais diferentes tipos, e mensagens de auto-ajuda de conteúdo raso. Isso ocorre todos os dias, durante o ano inteiro. Nos finais de ano essa tendência se acentua ainda mais, e o pior é que não fica restrita às redes sociais, se espalhando pela imprensa. O término de um ano e a proximidade do começo de outro levam a uma profusão de matérias e colunas dando dicas sobre os erros a não serem repetidos e aos objetivos que devemos perseguir no novo período que está por se iniciar. Chama a atenção a convicção com que tais fórmulas do sucesso e da felicidade são distribuídas aos leitores. Há um ditado que expressa, com certa dose de cinismo, que "se conselho fosse bom, não era dado, seria vendido". Em princípio, todos nós sabemos os caminhos mais adequados para atingirmos nossos propósitos. Se não os seguimos, ou deles nos desviamos, não há de ser por falta de caráter. O homem, já dizia Ortega y Gasset, é ele e suas circunstâncias. Entre os planos que fazemos, os caminhos que traçamos para torná-los realidade, e a sua concretização, há, muitas vezes, um abismo. A vida seria muito fácil se pudesse ser resumida às recomendações de uma cartilha. Viver é algo imprevisível, sempre, perigoso, por vezes, injusto, em muitas ocasiões. Não fracassamos porque queremos ou porque nos sabotamos. Essa última hipótese até acontece, mas generaliza-la é ceder à psicologia de almanaque. Ao contrário do que diz uma frase que foi muito repetida em determinada época, querer não é poder. Portanto, não afunde no desânimo ao se sentir distante das situações descritas nos conselhos de bem viver. Isso apenas prova que você é um ser humano, com todas os seus limites e imperfeições. As tais dicas para uma vida feliz, por sua vez, são tão descartáveis quanto um lenço de papel.