quarta-feira, 23 de julho de 2014

Ariano Suassuna

O Brasil perdeu, hoje, um dos seus intelectuais mais brilhantes e originais: Ariano Suassuna. Sua obra como escritor é carregada de brasilidade. Paraibano de nascimento, radicado há muitos anos em Recife, abordou com maestria o Nordeste e sua cultura tão singular. Muitas de suas criações foram adaptadas para a televisão, cinema e teatro. Era membro da Academia Brasileira de Letras. Em poucos dias, é o segundo escritor nordestino que se vai. Antes dele, falecera João Ubaldo Ribeiro. Com obras distintas no estilo, ambos tinham em comum a forte influência do Nordeste em suas obras. O baiano João Ubaldo e o paraibano Suassuna estavam impregnados pela força da sua região de origem, tão castigada por dramas como a seca e a pobreza, e tão rica em manifestações culturais. Suassuna era um apaixonado pela vida e pelo seu país. Suas obras não fazem concessões a influências exógenas. Revelam um Brasil que, para muitos, é desconhecido, e que fascina ao primeiro contato. Como é próprio de um grande autor, suas criações tem um apelo universal, a partir de uma realidade geograficamente circunscrita. Como bem disse o presidente da Academia Brasileira de Letras, Geraldo Holanda Cavalcanti, Ariano Suassuna não deixa seguidores. Seu estilo é tão singular que aqueles que tentassem lhe seguir se tornariam meros imitadores. Afora suas qualidades como escritor, Suassuna era uma pessoa particularmente afável e cativante. Num ano de tantas mortes de personalidades ilustres, é uma grande perda, para a literatura e para o gênero humano.