terça-feira, 9 de agosto de 2011

Os 80 anos de Zagallo

O dia de hoje marca o aniversário de 80 anos de Zagallo, o único profissional do futebol a ganhar quatro Copas do Mundo. Pela Seleção Brasileira, Zagallo foi campeão da Copas de 1958 e 1962 como jogador, da de 1970 como técnico, e de 1994 como coordenador técnico da equipe então treinada por Carlos Alberto Parreira. Zagallo ainda treinou a Seleção em outras duas Copas, a de 1974, quando ficou em quarto lugar, e 1998, ocasião em que foi vice-campeão. A trajetória de Zagallo é curiosa, pois apesar do currículo expressivo, não foi uma unanimidade como jogador, nem  tampouco como técnico. Na equipe bicampeã das Copas de 1958 e 1962 era, possivelmente, o jogador mais discreto tecnicamente. Jogador essencialmente tático, conseguiu a titularidade suplantando dois craques da época, Pepe e Canhoteiro, que eram ponteiros esquerdos agudos, enquanto ele fazia um trabalho de vai e vem entre o meio de campo e o ataque. Também não foi um frequentador precoce da Seleção. Na sua primeira Copa, em 1958, já tinha 27 anos. Como técnico, seu sucesso foi relativo. Ganhou a Copa de 1970 com uma seleção fantástica, que tinha Pelé, Tostão, Gérson, Rivelino, Jairzinho e Carlos Alberto, entre outros, mas em outras duas ocasiões, sem tantas estrelas, não alcançou o título. Como técnico de clubes teve um desempenho modesto. Circunscreveu sua carreira a clubes do Rio de Janeiro, com exceção de uma breve passagem por São Paulo, onde treinou a Portuguesa. Conquistou apenas títulos estaduais, todos no Rio de Janeiro. Afora isso, foi um dos que abriram o mercado do Oriente Médio para os técnicos brasileiros. No Rio Grande do Sul, tornou-se desafeto da torcida do Grêmio, pois, em 1997, convocou o jogador mais importante do time, Paulo Nunes, para a Seleção Brasileira, retirando-o da Taça Libertadores da América. Zagallo manteve Paulo Nunes o tempo todo na reserva, e o Grêmio, sem seu principal destaque, foi eliminado da competição. Como escrevi acima, Zagallo nunca foi uma unanimidade. O humorista Hubert, da turma do Casseta e Planeta, num artigo escrito para a revista "Placar", chegou a comparar Zagallo com o personagem cinematográfico Forrest Gump, como sendo alguém que sempre estava presente aos grandes acontecimentos, sem, no entanto, contribuir decisivamente para eles. Porém, goste-se dele ou não, Zagallo tem uma trajetória única no futebol. Por isso mesmo, num momento de desabafo, disse: "Vocês vão ter que me engolir". Não sou um admirador de Zagallo, mas, no dia em que ele completa 80 anos, é forçoso reconhecer que poucos demonstraram, até hoje, um amor tão sincero pela Seleção Brasileira. Numa época em que a Seleção parece não mobilizar as pessoas tão intensamente quanto em outros tempos, sua defesa intransigente da "amarelinha", como costuma dizer, merece ser destacada. Com ou sem restrições ao seu trabalho como jogador e técnico, hoje é dia de parabenizar Zagallo. São 80 anos de um campeão de quatro Copas do Mundo, algo que, até hoje, só Zagallo conseguiu.