segunda-feira, 10 de junho de 2013

Troca desvantajosa

O futebol brasileiro está se desfazendo, cada vez mais cedo, das suas jovens revelações, e contratando veteranos como nunca fizera antes. Foi-se o tempo em que os torcedores se entusiasmavam com os novos valores que assistiam nos jogos preliminares (que, por sinal, não existem mais). Hoje, quanto mais qualificado for o jogador, menos tempo ele permanecerá no clube que o revelou. Em pouco tempo, tomará o caminho do exterior, onde fará sua independência financeira. Sequer resta aos clubes o consolo de receber uma grande quantia quando da venda do jogador, pois só uma fatia dos seus direitos econômicos lhe pertence. Hoje em dia, antes mesmo de se profissionalizarem, os jogadores já estão ligados a empresários e outros sanguessugas do futebol que adquirem partes dos seus direitos. Assim, aqueles jogadores revelados por um clube e que nele permaneciam por longos anos, conquistando títulos e agregando novos torcedores que o tomavam como ídolo, são, apenas lembranças do passado. Incapazes de  reter suas revelações, os clubes se obrigam a vendê-las, e para ocupar o seu lugar, trazem veteranos de grande nome, os quais carregam consigo alguns inconvenientes. Em primeiro lugar, por serem jogadores de idade avançada, sua utilização não pode ser por um prazo muito longo. Outra desvantagem é que, também em função da idade, tem pouca ou nenhuma chance de serem negociados, mais adiante, com outro clube. Por último, seu currículo vitorioso faz com que venham ganhando altos salários. Dessa forma, enquanto as três maiores revelações dos últimos anos no Brasil, Neymar, Lucas e Oscar, já tomaram o caminho da Europa, veteranos que já não interessam ao futebol daquele continente aportam por aqui. São muitos os exemplos. Zé Roberto, 38 anos, e Cris, 35, do Grêmio. Seedorf, 37 anos, do Botafogo. Alex, 35 anos, do Coritiba. Juan, 35 anos, e Diego Forlán, 33, do Inter. Deco, 35 anos, do Fluminense. Ao contrário do que dizem alguns, o futebol brasileiro continua a produzir novos valores, incessantemente, mas de que adianta, se eles não permanecem no país?. Fernando, grande revelação do Grêmio, também já está indo jogar lá fora. Guilherme Biteco e Misael, outros jovens surgidos no Grêmio, nem tinham jogado pelos profissionais e já estavam negociados com o exterior. Agora, vindos do Torneio de Toulon, onde foram campeões pela Seleção Brasileira de Novos, surgem com destaque, Ygor Mamute e Mateus Biteco, que já tinham tido participações no time principal do Grêmio. Se confirmarem a expectativa em torno do seu futebol, quanto tempo permanecerão por aqui? Vale a mesma pergunta para Otavinho, grande revelação do Inter. São jogadores que, por sua qualidade e por serem formados no próprio clube, teriam tudo para se transformarem em grandes ídolos de suas torcidas, mas não se lhes dá tempo para isso, pois logo tomam o rumo do exterior. Um triste quadro, que se agravou desde a edição da malfadada "Lei Pelé", que favorece jogadores, empresários, e todo o tipo de aproveitadores ligados ao futebol, e sacrifica justamente o que há de mais importante nele, que são os clubes.