domingo, 11 de outubro de 2015

Solução mágica

A Rede Sustentabilidade, o partido de nome estranho fundado pela ex-senadora Marina Silva, que, finalmente, obteve o seu registro, surge como uma solução mágica para muitos políticos brasileiros. Desejosos de se livrarem da condição de filiados a partidos envolvidos em denúncias de corrupção, muitos políticos pensam em abandonar suas atuais siglas para ingressarem na Rede. A imagem de pessoa impoluta da fundadora do partido se apresenta como extremamente conveniente para quem não quer ser associado aos malfeitos da cena política brasileira. Marina Silva já concorreu a presidente em duas eleições. Em 2014 planejava fazê-lo já por seu novo partido, o que não foi possível, pois, na ocasião, ele teve o seu registro negado. Marina, então, foi ser candidata a vice-presidente na chapa de Eduardo Campos, do PSB. Com a morte dele durante a campanha, assumiu a candidatura a presidente. Em 2018, deverá concorrer novamente ao cargo. Marina Silva tem uma história de vida bonita, e uma trajetória política que merece respeito. Sua condição de evangélica, no entanto, limita seus horizontes. Num país laico, como é o Brasil, um presidente que seja condicionado pela visão de mundo tacanha e preconceituosa  dos evangélicos é algo extremamente indesejável. Afora isso, conforme referido no início do texto, a Rede é um partido de nome estranho. A começar pelo fato de que sua denominação exclui a palavra "partido", que, segundo foi admitido pelo seu coordenador  de Organização, Pedro Ivo Batista, não é muito benquista entre os militantes da sigla. A Rede se propõe a oferecer uma resposta concreta à crise ambiental mundial, defendendo o uso de fontes renováveis em toda a economia. Essa é uma bandeira muito simpática, mas não é original, pois opera na mesma linha que o Partido Verde. A Coordenadora do Grupo de Pesquisa de Opinião Pública da Universidade Federal de Minas Gerais, professora Helcimara Telles, diz que é muito grave o fato de a Rede rejeitar qualquer menção a "partido" no próprio nome. Conforme Helcimara, na atual crise de representação, o que se precisa fazer é requalificar a importância dos partidos, e não negá-la. Como muito bem destaca a professora, uma democracia sem partidos não existe. Políticos e eleitores deveriam refletir sobre isso, antes de buscarem essa saída messiânica.