quinta-feira, 16 de junho de 2011

A crise do Inter

O Inter está em crise, não há mais como negar. As entrevistas do técnico Falcão e do vice-presidente de futebol Roberto Siegmann, dadas essa semana, escancararam o processo de combustão interna que vive o clube. Falcão já vinha apresentando, em suas entrevistas, a falta de um conteúdo mais consistente. Agora, acrescentou, ainda, a agressividade contra os seus supostos críticos. O técnico do Inter chegou a dizer, em dado momento, que a imprensa não apresentava novidades, usava posturas e recursos surrados para criticar seu trabalho. No entanto, Falcão, ao partir para o ataque contra a imprensa, utilizando-se de argumentos como o de que boa parte dos cronistas não entende de futebol e de que pratica o comentário de resultados, está, também, recorrendo a um discurso gasto, comumente utilizado por técnicos que se sentem acuados. Revelando-se decepcionado com ex-colegas de imprensa, declarou que "falar de futebol todos falam, poucos entendem" e que "ver futebol muita gente vê, enxergar poucos enxergam". Típico "carteiraço" de quem percebe que seu emprego está por um fio. O que faltou Falcão entender é que, em  relação ao Inter sob seu comando, nada há para ser visto, pois, apesar das várias semanas completas de treinos, com jogos apenas nos domingos, não se nota, a cada partida, nenhuma contribuição efetiva do técnico para o time. Há quem diga que, mesmo que o Inter perca para o Coritiba no domingo, Falcão não cairá. O técnico, pelo visto, não está acreditando nisso, pois é nítida a sua insegurança. Por outro lado, há quem aposte que Falcão sairia e, junto com ele, iria Roberto Siegmann. Nesse caso, não estaríamos diante de uma crise, mas de uma hecatombe, pois numa administração que ainda tem 19 meses de mandato pela frente, a queda do homem forte do futebol sinalizaria uma política de terra arrasada. Por sinal, a saída do gerente de futebol Newton Drummond, após nove anos e meio no cargo, supostamente por ter se desententido com Falcão, mostra o estágio em que se encontra o ambiente do clube. Ambiente que ficou ainda mais conturbado quando, após a fala de Falcão, Siegmann, mesmo oficialmente suspenso pelo TJD, o que lhe impediria de se pronunciar, deu declarações em que acusou a prática do "fogo amigo", por parte de integrantes da oposição. Por essas e por outras, o vice-presidente de futebol do Grêmio, Antônio Vicente Martins, em encontro com a imprensa, reconheceu que os comentários mais contundentes deveriam estar sendo dirigidos ao seu clube, que perdeu o Gauchão e não faz boa campanha no Campeonato Brasileiro. Porém, como observou o dirigente gremista, o Inter insiste em roubar para si o foco das críticas. A verdade é que, no quadro atual, o Inter não dá indícios de poder reverter a má fase de forma natural. Será preciso um fato novo que, mesmo que por enquanto os dirigentes desmintam, deverá ser a saída de Falcão.