segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Reajustes

A Petrobrás está pressionando o governo para que o preço dos combustíveis seja reajustado. A alegação é de que é necessário alinhar os preços internos dos derivados de petróleo com os praticados no comércio internacional. Trata-se de uma velha reivindicação da revista "Veja", sempre em nome das "leis de mercado" e do "interesse dos acionistas". Porém, antes de ceder a esses argumentos tecnicistas, é preciso levar outros fatores em consideração. A Petrobrás é uma empresa estatal, portanto, não pode se orientar apenas pelas regras do mercado, pois tem compromissos sociais a cumprir. Afora isso, o preço dos combustíveis, no Brasil, já é significativamente alto. O funcionamento da economia do país está diretamente atrelado ao transporte rodoviário, e, por isso, aumentos no preço dos combustíveis tem consequências desastrosas. A inflação, como se sabe, subiu mais do que o projetado, e uma medida como essa só alimentaria ainda mais esse quadro preocupante. Num país que, praticamente, desmontou seu sistema de ferrovias, e não explora o transporte hidroviário, mesmo contando com uma excepcional bacia hidrográfica, as rodovias é que garantem a distribuição da produção agrícola e das mercadorias. A cada novo aumento dos combustíveis, uma indexação em cadeia é praticada, elevando a inflação e o custo de vida da população. Tendo em vista, também, que o transporte público é de má qualidade, ao contrário do que acontece nos países do chamado Primeiro Mundo, com seus muitos quilômetros de metrôs, por exemplo, o reajuste de combustíveis penaliza, especialmente, a classe média, que não pode abrir mão do uso do carro para o seu transporte. O interesse específico da Petrobrás e de seus acionistas não pode se sobrepor às questões maiores do país. Controlar a inflação é uma delas, e o aumento do preço dos combustíveis em nada colaboraria para isso. Até hoje, o governo tem resistido a todas as pressões pelo reajuste no preço dos combustíveis. Pelo bem do país, é seu dever continuar a fazê-lo.