domingo, 15 de novembro de 2020

Voto insensato

O eleitorado brasileiro confirmou, mais uma vez, sua triste tendência para o conservadorismo. A lição sobre o desatino que foi a eleição do insano Jair Bolsonaro para presidente, pelo visto, não foi aprendida pelos eleitores nos pleitos municipais realizados hoje. Se é verdade que os candidatos apoiados por Bolsonaro, em geral, fracassaram, evidenciando a perda de popularidade do ex-capitão, a preferência dos eleitores, na maioria dos casos, foi por nomes de uma direita mais "suave" ou, até mesmo, de centro. A esquerda, no entanto, foi pouco votada. Foi o que se pode definir como um voto insensato. Num país de enorme crise econômica, vivendo a omissão do governo federal no enfrentamento à pandemia de coronavírus, com direitos trabalhistas sendo surrupiados, a Previdência Social sendo desmontada, o povo escolhe eleger seus algozes, e recusa a mudança que só os candidatos de esquerda poderiam promover. Como bem conceituou o célebre escritor Lima Barreto, o Brasil não tem povo, apenas público. Sem dúvida, pois um povo luta por seus direitos, enquanto o público assiste passivamente à destruição dos mesmos.