terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Os descaminhos de Jardel

Um dos grandes ídolos da história do Grêmio, Jardel teve uma passagem breve mas exitosa pelo clube. Exímio goleador, foi um dos maiores nomes do time que conquistou o título da Libertadores de 1995, sendo, inclusive, o artilheiro da competição. Valorizado, saiu do Grêmio e foi para a  Europa, onde brilhou no Porto (POR). Porém, tão rápido quanto subiu, Jardel desceu. Teve um final de carreira decadente, e sua vida depois de parar de jogar se mostrou sem rumo. Jardel tornou-se, em dado momento, um viciado em drogas, o que não só abalou a sua carreira como destruiu o seu primeiro casamento. Os descaminhos de Jardel também fizeram com que ele, mesmo tendo feito grandes contratos, viesse a ter graves problemas financeiros. Sua vida prosseguia como um barco à deriva até que, estimulado pelo deputado federal Danrlei de Deus Hinterholz (PSD-RS), ex-goleiro e seu companheiro de time no Grêmio, concorreu nas eleições de 2014. Com a força da idolatria que desperta nos gremistas, Jardel se elegeu deputado estadual no Rio Grande do Sul, obtendo mais de 40 mil votos. Empossado em janeiro desse ano, em abril Jardel rompeu com Danrlei. Na época, Jardel exonerou todo o seu gabinete e os funcionários da bancada do PSD, e se afastou da Assembleia mediante um atestado médico de que estaria com depressão. Agora, Jardel foi afastado do cargo por 180 dias, pelo Ministério Público. Recaem sobre Jardel as suspeitas de crimes como concussão, peculato, falsidade documental, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Também é investigada a possibilidade de financiamento ao tráfico de drogas com dinheiro desviado da Assembleia. O que ocorre com Jardel, do ponto de vista humano, é muito triste. Vitorioso no futebol, não soube redirecionar sua vida depois que parou de jogar. Precisa ser ajudado. Porém, sua eleição para deputado estadual mostra, de forma exemplar, a maneira equivocada como a política é conduzida no país, por partidos e eleitores. Os que lhe deram legenda para concorrer sabiam de todos os seus graves problemas, mas privilegiaram sua condição de "puxador de votos". Seus eleitores levaram em conta apenas a sua condição de ídolo, e lhe conferiram um mandato pelo que fez como jogador, não por apostarem na sua capacidade como parlamentar. Se provadas todas as acusações que lhe são imputadas, Jardel terá de responder por seus atos. Tomara que isso não signifique a sua derrocada definitiva, mas, sim, o despertar para um novo rumo na vida.