quarta-feira, 4 de junho de 2014

Ingressos sem padrão Fifa

A expressão "padrão Fifa" já está na boca do povo. Na origem, ela designa o alto padrão de exigência da instituição que comanda o futebol no mundo. Estádios confortáveis, com cadeiras em todas as localidades, gramados quase perfeitos, visibilidade total de qualquer setor, entre outros itens, caracterizam o referido padrão. Várias manifestações de protesto se espalharam pelo país com faixas pedindo "saúde padrão Fifa", "educação padrão Fifa" e outras no mesmo tom. No entanto o tal nível de excelência definido pela expressão não se faz notar no que diz respeito a comercialização dos ingressos para os jogos da Copa do Mundo. O sistema elaborado pela Fifa é confuso e ineficiente, afora dar margens a suspeitas quanto à sua lisura. Para adquirir ingressos para os jogos da Copa, o interessado tem de acessar a internet e disputá-los com outras pessoas no mundo inteiro. Com isso, é estabelecido um "sorteio", cuja correção no procedimento não tem como ser atestada. Dessa forma, as entradas para os jogos de maior interesse, como os de abertura e decisão da Copa, e todas as partidas da Seleção Brasileira, logo se esgotaram, sem que o interessado pudesse disputá-los por ordem de chegada num ambiente físico, mas apenas participando do tal sorteio no meio virtual. Na madrugada de hoje, a Fifa procedeu a disponibilização de mais 180 mil ingressos para todas as partidas, pelo mesmo sistema. Devido a alta demanda, muitos ficaram numa "sala virtual", esperando serem remetidos para a página de compra de ingressos. Ocorre que os ingressos para a abertura e a decisão da Copa se esgotaram em apenas uma hora, e muitas pessoas só tiveram acesso à pagina muito tempo depois. Esse fato gerou frustração e revolta em muitas pessoas que ficaram sem os ingressos que desejavam. Obviamente, alguns jogos tem interessados em muito maior número que a disponibilidade de ingressos. Porém, o modo que a Fifa estabeleceu para comercializar as entradas é pouco transparente, e parece muito mais um artifício para tentar evitar que as partidas menos interessantes sejam jogadas em estádios com pouco público. Na Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, muitas partidas tiveram um público abaixo do projetado pela Fifa. Preocupada em evitar que isso se repetisse na Copa do Mundo de 2014, no Brasil, a Fifa criou um sistema de comercialização de ingressos que retirou dos interessados a condição de, simplesmente, dirigirem-se a um determinado local para tentar comprá-los. Um sistema que gerou decepção e desconfiança. Em relação aos ingressos, a Copa do Mundo de 2014 ficou sem o propalado "padrão Fifa".