terça-feira, 9 de maio de 2017

Ódio incontrolável

Poucas vezes se viu tantas manifestações de ódio incontrolável como as feitas por direitistas em relação ao ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. Uma das mais recentes é a do vereador de Livramento (RS), Maurício Galo Del Fabro (PSDB). Em sessão realizada ontem na Câmara Municipal de Livramento, Del Fabro disse que se Lula não for condenado pela Operação Lava-Jato, voltará a se eleger presidente, e aí "só matando". O que justifica tanto ódio? Certamente, não é a pretensa corrupção disseminada no governo Lula. Afinal, a corrupção é uma praga em larga escala no Brasil desde o descobrimento. Aliás, poucos governos foram mais corruptos do o que o de Fernando Henrique Cardoso, o oráculo do PSDB, que chegou ao ponto de comprar parlamentares para obter a aprovação da reeleição, em proveito próprio. O que move o antilulismo é o ódio de classe, a demofobia impregnada nas elites brasileiras e nos setores reacionários da classe média. Para essas pessoas, é insuportável a ideia de que o maior líder popular do país em todos os tempos seja um nordestino com pouca instrução formal. Lula, obviamente, não é uma figura acima do bem e do mal, e cometeu erros em seu governo. Nada que justifique, no entanto, a campanha sistemática que lhe move a grande imprensa. Lula desperta tamanho ódio porque todo o líder popular é visto pela plutocracia como uma ameaça aos seus interesses. As reformas trabalhista e previdenciária, propostas pelo governo golpista de Michel Temer são exemplos do tipo de sociedade desejada pela direita, e para a qual Lula sempre será uma ameaça. O edil de Livramento, entretanto, se equívoca ao achar que matar Lula, se ele voltasse a se eleger presidente, seria uma solução para a direita. Se Lula fosse assassinado na condição de presidente, se tornaria um mito político ainda maior, já que se transformaria num mártir. Pois é, vereador, contra Lula não há solução, nem matando.