sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

A ilha da fantasia

Antes um esporte essencialmente popular, o futebol sofre um processo de acentuada elitização. Os estádios gigantescos foram encolhidos, como, por exemplo o Maracanã, ex-maior do mundo que, agora, tem um terço da sua capacidade original. Os novos estádios já são construídos com capacidade reduzida. Em ambos os casos, os espaços são demarcados, só há cadeiras. O torcedor mais pobre foi excluído dos estádios, só lhe resta assistir os jogos pela tevê e comemorar os títulos no espaço das ruas. Só nessa hora, a das grandes comemorações, é que os jogadores saem de suas bolhas e reverenciam o povão torcedor. No restante do tempo, deslumbrados com seus altos salários e os privilégios que desfrutam, ignoram o sentimento dos torcedores, como foi o caso de Douglas Costa, do Grêmio, que queria fazer uma festa luxuosa de casamento no Copacabana Palace na antevéspera do jogo que decidiria a permanência, ou não, do clube na Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro, o que, é óbvio, não foi autorizado. Censurado pela torcuia por sua postura, Douglas Costa respondeu com palavrões nas redes sociais. Vindos, na maioria, dos extratos menos favorecidos da sociedade, os jogadores obtém uma ascensão econômica extraordinária, e perdem o contato com a realidade das pessoas comuns. A ilha da fantasia em que se transformou o futebol fez dos jogadores meninos mimados e insensíveis ao sentimento dos torcedores. Desconectado da paixão popular, o futebol deixa de ser um esporte, e se torna, tão somente, num negócio.