quarta-feira, 17 de junho de 2015

Primeira derrota

Os que duvidavam da validade de 11 vitórias em igual número de amistosos obtida pela Seleção Brasileira na segunda passagem de Dunga como técnico da equipe tiveram sua posição reforçada. A Seleção Brasileira perdeu por 1 x 0 para a Colômbia, hoje à noite, em Santiago, pela Copa América. Foi a primeira derrota da Seleção desde que Dunga reassumiu seu cargo, e ocorreu já no segundo jogo oficial. Na primeira partida oficial, contra o Peru, no último domingo, a Seleção venceu, mas fazendo o gol da vitória aos 47 minutos do segundo tempo, e jogando um mau futebol. Hoje, a Seleção voltou a jogar mal, e, dessa vez, o adversário era de melhor qualidade, o que não lhe permitiu sequer empatar. Para agravar a situação, Neymar, de grande atuação contra o Peru, esteve irreconhecível contra a Colômbia. Afora não estar bem tecnicamente, Neymar mostrou-se descontrolado emocionalmente, o que resultou, durante o jogo, no segundo cartão amarelo na competição e, após a partida, numa expulsão. As duas punições somadas deverão retirar-lhe dos próximos dois jogos da Seleção, o último da primeira fase, e o das quartas de final, caso a equipe se classifique. A participação da Seleção Brasileira, até aqui, na Copa América, evidencia que o caminho da recuperação do futebol brasileiro é muito mais longo e árduo do que as ilusórias vitórias consecutivas em amistosos poderiam indicar. A Seleção carece de grandes jogadores. Só Neymar é jogador de exceção, mas, como expressa o ditado, uma andorinha só não faz verão. A opção pela volta de Dunga é inexplicável, quando todos apostavam em Tite. Dunga só teve dois trabalhos como técnico, até hoje, na primeira passagem pela Seleção e no Inter, e em ambos não obteve êxito. Tite, ao contrário possui uma longa trajetória como técnico, recheada de títulos. O estilo de Dunga caracteriza-se por uma visão rasa e superficial do futebol, cheia de lugares comuns, frases de auto-ajuda e delírios persecutórios em relação a imprensa e às arbitragens. Uma figura canhestra e pouco qualificada, incapaz de conduzir a Seleção a uma recuperação de sua imagem. Some-se a tudo isso, uma CBF desmoralizada e se tem um quadro desanimador para o futuro imediato da Seleção. Antes orgulho do país, a Seleção é, atualmente, motivo de constrangimento para os brasileiros.

Embate decisivo

O Brasil está vivendo um embate decisivo em sua história. Os avanços duramente conquistados nos últimos anos estão ameaçados pelas forças do atraso. As elites predatórias, que desde 1500 saqueiam o país em nome da satisfação dos seus vis interesses, uniram-se na tentativa de sabotar um governo legitimamente eleito e ameaçar a ordem democrática. A grande imprensa, de mãos dadas com pastores evangélicos e políticos de trajetória nebulosa, empreendem uma campanha raivosa que visa desestabilizar o governo e, até mesmo, propor o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Diariamente, somos soterrados por uma montanha de lixo travestida de "informação" dando conta de que o país está tomado pela corrupção. Até parece que a corrupção foi inventada no Brasil nos últimos 12 anos. Cada nova denúncia é acompanhada de manchetes grandiloquentes do tipo "o maior escândalo da história do país". Recursos demagógicos e totalmente anacrônicos como o anticomunismo são revividos. Barbaridades são perpetradas no Congresso Nacional. Uma das mais recentes é a de tentar interferir na transmissão de conteúdos por parte dos professores nas escolas, visando impedir que mentes em formação recebam uma "lavagem cerebral ideológica". Há, também, jornalistas de extrema direita protestando pela inclusão obrigatória das disciplinas de filosofia e sociologia no currículo escolar, por entenderem que será um meio de incutir o "esquerdismo" nos alunos. Na verdade, não é a corrupção que assusta toda essa escumalha, pois ela sempre a praticou, e em muito maior grau do que aqueles para quem dirige suas acusações. O que os arautos do atraso não perdoam é que o Brasil, ainda que haja muito por fazer, tornou-se, nos últimos 12 anos, um país menos injusto e desigual, que 50 milhões de pessoas ascenderam socialmente, ingressando na faixa de consumo. Para os propagadores do golpismo, é insuportável ver ao alcance de milhões o que antes eram privilégios restritos a poucos grupos. O momento que vivemos é muito grave. As forças progressistas parecem paralisadas diante da gritaria fascistóide. Não podem permanecer assim. A defesa da democracia e das conquistas populares impõem uma resposta. Se eles gritam, há que se fazer o mesmo, e até mais alto. O que está em jogo é o futuro do país, se será de esperança ou de capitulação definitiva à injustiça e à desigualdade. O governo tem de abandonar sua timidez, pois está respaldado pelas urnas, e mostrar sua força. O Brasil está numa queda de braço entre os que querem construir um país melhor e os defensores da exclusão social. O futuro do país está em jogo. Há 51 anos, as mesmas táticas golpistas depuseram João Goulart, um presidente que desejava fazer reformas fundamentais para acabar com o atraso histórico do país, e impuseram  uma ditadura militar sanguinária. Essa história não pode se repetir. Chegou a hora de dar um basta no golpismo. O Brasil não pode caminhar para trás.